imagem: Jia Lu, Illuminated
"EM CADA CORAÇÃO HÁ UMA JANELA PARA OUTROS CORAÇÕES.ELES NÃO ESTÃO SEPARADOS,COMO DOIS CORPOS;MAS,ASSIM COMO DUAS LÂMPADAS QUE NÃO ESTÃO JUNTAS,SUA LUZ SE UNE NUM SÓ FEIXE."
(Jalaluddin Rumi)
A MULHER DESPERTADA PARA SUA DEUSA INTERIOR,CAMINHA SERENAMENTE ENTRE A DOR E AS VERDADES DA ALMA,CONSCIENTE DA META ESTABELECIDA E DA PLENITUDE A SER ALCANÇADA.
BLOG COM MEUS POEMAS:
http://desombrasedeluzanna-paim.blogspot.com/
"EM CADA CORAÇÃO HÁ UMA JANELA PARA OUTROS CORAÇÕES.ELES NÃO ESTÃO SEPARADOS,COMO DOIS CORPOS;MAS,ASSIM COMO DUAS LÂMPADAS QUE NÃO ESTÃO JUNTAS,SUA LUZ SE UNE NUM SÓ FEIXE."
(Jalaluddin Rumi)
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terça-feira, 9 de dezembro de 2008
A ESSÊNCIA MAIS PROFUNDA
Ninguém pode morrer sem medo e em completa segurança sem ter atingido a realização da natureza da mente. Porque só essa realização, aprofundada em anos de prática continuada, pode manter a mente estável no confuso caos do processo da morte. De todas as maneiras que conheço de ajudar a realizar a natureza da mente, a prática de Dzogchen, a mais antiga e direta corrente de sabedoria dentro dos ensinamentos do buddhismo [nyingmapa] e a própria fonte dos ensinamentos do bardo, é a mais clara, mais eficaz e relevante para as circunstâncias atuais.
As origens do Dzogchen remontam ao Buddha Primordial, Samantabhadra, que o transmitiu a uma linha ininterrupta de grandes mestres que chega até o presente. Centenas de milhares de indivíduos na Índia, no Himalaia e no Tibet atingiram a realização e a iluminação através dessa prática. Há uma maravilhosa profecia segundo a qual "nesta era de trevas, a essência do coração de Samantabhadra brilhará como fogo". [...]
O Dzogchen não foi amplamente difundido e ensinado no Tibet, e por algum tempo muitos dos maiores mestres não o ensinaram no mundo moderno. Por que, então, eu o estou ensinando agora? Alguns dos meus mestres me disseram que este é o momento de se difundir o Dzogchen, a época a que se refere a profecia. Sinto também que seria falta de compaixão não partilhar com as pessoas a existência de sabedoria tão extraordinária. Os seres humanos chegaram a um ponto crítico da sua evolução e esta época de extrema confusão pede um ensinamento com o mesmo grau de poder e claridade. Descobri também que as pessoas de hoje querem um caminho que elimine o dogma, fundamentalismo, exclusivismo, metafísica, complexa e parafernália cultural exótica, um caminho ao mesmo tempo simples e profundo, que não precise ser praticado em ashrams ou mosteiros, mas possa integrar-se à vida do dia-a-dia e ser praticado em qualquer lugar.
O que é, então, o Dzogchen? O Dzogchen não é apenas um ensinamento, nem mais uma filosofia, nem mais um elaborado sistema, nem mesmo uma sedutora série de técnicas. Dzogchen é um estado, o estado primordial, aquele estado totalmente desperto que é o coração e a essência de todos os buddhas e de todos os caminhos espirituais, e o ápice da evolução espiritual de um indivíduo. Dzogchen é freqüentemente traduzido como "Grande Perfeição". Prefiro deixar a palavra sem traduzir, porque Grande Perfeição traz esse sentido do perfeito que temos de lutar para conseguir, meta que fica no final de uma longa e árdua jornada. Nada podia estar mais distante do significado de Dzogchen: o estado já perfeito em si mesmo da nossa natureza primordial, que não precisa de "aperfeiçoamento", uma vez que, como o céu, sempre foi perfeito desde o começo.
Todos os ensinamentos buddhistas [do Dzogchen] são explicados em termos de "Base, Caminho e Fruição". A Base do Dzogchen é esse estado fundamental e primevo, nossa natureza absoluta que já é perfeita e está sempre presente. Patrul Rinpoche diz: "Nem é para ser buscada externamente, nem é algo que você não tinha antes ou que precise nascer agora de um modo novo em sua mente". Do ponto de vista da Base — o absoluto — nossa natureza é a mesma que a dos buddhas, e nesse nível não há que ouvir ensinamentos ou fazer prática — nem um pingo, dizem os mestres.
Não obstante, temos de entender, os buddhas tomaram um caminho e nós tomamos outro. Os buddhas reconhecem sua natureza original e tornam-se iluminados; nós não a reconhecemos e por isso nos tornamos confusos. Nos ensinamentos, esse estado de coisas é chamado "Uma Base, Dois Caminhos". Nossa condição relativa é que nossa natureza intrínseca está obscurecida e precisamos seguir os ensinamentos e a prática para voltarmos à verdade: esse é o Caminho do Dzogchen. Finalmente, atingir a realização da nossa natureza original é atingir a completa liberação e tornar-se um buddha. Essa é a Fruição do Dzogchen, que de fato é possível ao praticante em uma só vida, quando ele ou ela a isso dedica seu coração e mente.
Os mestres Dzogchen são agudamente conscientes dos perigos de confundir o absoluto com o relativo. Quem não consegue compreender essa relação pode subestimar ou até desprezar os aspectos relativos da prática espiritual e a lei kármica de causa e efeito. No entanto, àqueles que apreendem verdadeiramente o significado do Dzogchen terão um respeito ainda mais profundo pelo karma, bem como uma apreciação mais intensa e premente da necessidade de purificação e de prática espiritual. Isso se dará porque eles poderão perceber a vastidão daquilo que há neles e que foi obscurecido, o que os fará empenhar-se de maneira mais fervorosa, e com disciplina sempre fresca e natural, em remover o que quer que se interponha entre eles e sua verdadeira natureza.
Os ensinamentos Dzogchen são como um espelho que reflete a Base da nossa natureza original com pureza tão elevada e liberadora, e claridade tão imaculada, que constituem uma proteção ao perigo de ficar presos em qualquer forma de entendimento conceitualmente fabricado, mesmo que sutil, convincente ou sedutor.
Qual é então, para mim, a maravilha do Dzogchen? Todos os ensinamentos levam à iluminação, mas a singularidade do Dzogchen é que, mesmo na dimensão relativa dos ensinamentos, a sua linguagem nunca macula o absoluto com conceitos; deixa-o intacto em sua simplicidade desnuda, dinâmica e majestosa, e mesmo assim fala dela a qualquer um de mente aberta em termos tão vívidos e expressivos que, mesmo antes de nos iluminarmos, somos agraciados com o vislumbre mais forte que podemos ter do esplendor do estado desperto.
Mais em http://www.dharmanet.com.br/vajrayana/sogyal3.htm
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