imagem: Jia Lu, Illuminated

"EM CADA CORAÇÃO HÁ UMA JANELA PARA OUTROS CORAÇÕES.ELES NÃO ESTÃO SEPARADOS,COMO DOIS CORPOS;MAS,ASSIM COMO DUAS LÂMPADAS QUE NÃO ESTÃO JUNTAS,SUA LUZ SE UNE NUM SÓ FEIXE."

(Jalaluddin Rumi)

A MULHER DESPERTADA PARA SUA DEUSA INTERIOR,CAMINHA SERENAMENTE ENTRE A DOR E AS VERDADES DA ALMA,CONSCIENTE DA META ESTABELECIDA E DA PLENITUDE A SER ALCANÇADA.

BLOG COM MEUS POEMAS:

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quinta-feira, 30 de abril de 2009

NO COLO DA MÃE DIVINA

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(No Colo da Mãe Divina - Matriz dos Sóis e dos Seres)

No meio da madrugada, Ela aparece dançando na minha frente.
Essa Menina-Mulher de pele morena, risonha e leve, como a brisa noturna.
Ela olha-me nos olhos, e eu sinto que Ela sabe tudo de mim, de todas as vidas.
Eu estou nu diante d'Ela, sem barreiras psíquicas, em espírito e verdade.
Como uma Mãe, Ela apenas me olha, sem julgar nada; há somente compreensão...
E eu lembro-me de Paramahamsa Ramakrishna falando da Mãe Divina e cantando.
Lembro-me dele pulando, igual criança, logo após voltar de um samadhi.
Ele ria tanto... E batia palmas, e me dizia: "Cante aí, garoto. Celebre o Toque da Mãe!"
E agora, Ela está aqui, e eu não sei cantar mais... Só sei senti-la em meu coração.
Só sei sentir um vento de amor soprando do Eterno e varrendo a poeira do meu ego.
E eu, novamente, lembro-me dele, e penso: "Cara, como é que você aguentava tanto amor?"
Ah, Ramakrishna, ninguém sabia o que se passava dentro do seu coração, só Ela.
Somente alguém simples, igual criança, é que poderia compreender o Infinito...
Alguém igual a você, de coração limpo, que me dizia: "A Mãe Divina é o seu escudo!"
Sim, eu me lembro, e hoje o compreendo melhor. E sei os motivos d'Ela estar aqui hoje.
Ela veio falar-me do amor que move o espírito, mesmo entranhado na carne transitória.
Veio dizer-me das almas perdidas, que estão embaladas em seu ventre, berço de sóis.
Que o choro delas será transformado em vida, pela ação d'Ela, no meio das estrelas.
E tudo isso sem dizer palavra alguma, somente no olhar silencioso, que diz tudo ao coração.
Então, eu compreendo que Ela me interligou à passagem de muitas almas perdidas.
Que elas estão passando por mim, como um portal interplanos, pela ação d'Ela.
Ah, Ramakrishna, você sabia disso, quando ria e me dizia: "A Mãe gosta de você!"
E agora, quando essas almas sofridas entram no ventre d'Ela, eu vejo miríades de sóis ali.
O regaço d'Ela é um berço de estrelas, e elas estão indo para lá... Onde nasce a Luz.
Elas estão voltando para casa! Estão seguindo para a forja estelar, enquanto Ela dança...
E eu gostaria de cantar algo para elas, mas não tenho mais aquela voz de outrora.
Quieto, eu percebo que isso não é necessário, pois elas estão passando pelo meu coração...
E sentem um Grande Amor guiando-as ali, o d'Ela, em mim. Admirado, eu só olho...
Ah, Ramakrishna, agora eu compreendo o seu olhar e o que você ensinava, dizendo-me:
"Os avatares são como locomotivas carregando os vagões cheios de almas para o Divino."
E você era um deles, um desses caras geniais, que vem do Céu e ninguém entende.
Mas eu não sou nem vagão, quanto mais locomotiva; e a Mãe está aqui, no meu coração.
E as almas estão viajando por aqui, porque Ela quer assim; porque você me ensinou o que sei.
No meio da noite, eu viro "rio das almas", na assistência extrafísica, silenciosa e magnânima.
Ela me olha, elas passam, e eu me admiro. Ela ri, elas melhoram, e eu me sinto tão pequeno...
Ela acolhe-as, sem julgá-las; elas entram na luz; e eu fico igual criança diante do infinito...
Ela dança, Elas sobem para a Luz, e eu me pego chorando pela redenção delas.
Choro a dor de um parto espiritual, por elas e por mim. E as lágrimas são de luz serena.
Ah, Ramakrishna, agora eu sei por que você chorava quietinho, e eu, ignorante, não entendia.
Só você e a Mãe é que sabiam do abraço silencioso que regenera as almas perdidas.
Eu queria ficar em samadhi, e você não deixava. Ah, você me deu muitas broncas por isso.
E, agora, o meu coração se derrete no rio das almas e tudo vira luz, no ventre d'Ela.
Tudo fica branco brilhante, e eu mergulho na forja estelar, cheia de vida, pela ação d'Ela.
Dissolvo-me na luz, sentindo a imensidão em mim... Cada estrela é minha irmã.
Cada sol é um pensamento d'Ela; e todos os seres são modos dos Seus pensamentos...
E o meu pequeno eu se dilui no grande Eu d'Ela... Onde tudo é UM!
E, no centro da vida, novamente eu vejo o olhar silencioso d'Ela, que me diz:
"Meu filho, ande entre os homens, de igual para igual, sendo amigo de todos. Continue levando espiritualidade e música para eles. Dance com a vida, sempre na luz. Viva com simplicidade e contentamento. Compreenda e ame. Aprenda e cresça. Mexa-se!"
Então, abro os olhos e estou no aqui e agora de sempre, como se nunca tivesse saído.
Choro novamente, pois não tenho como aguentar tanto amor descendo aqui.
Ah, Ramakrishna, você sabia disso, não é mesmo? Eu me lembro do que você me disse:
"Samadhi, não. Deixe de ser egoísta! É hora de trabalhar. É hora de chorar com as almas."
Meu amigo, agora eu sei; e agradeço a você pela paciência de tantos anos.
E, nessa noite tão especial para mim, eu continuo lembrando-me de suas risadas de criança.
E os meus olhos brilham como dois sóis, acesos no fogo do Eterno, no ventre da Mãe Divina.
Eu ajudei no parto das almas, mas, quem renasceu na luz fui eu mesmo!

P.S.:
O meu samadhi é ser igual a todo mundo, e continuar levando espiritualidade por aí...
E quem sabe de minha jornada e de meus motivos, é só a Mãe Divina.
E Ramakrishna me ensinou bem: Ela é o meu escudo!
Por obra e graça d'Ela, minha noite virou sol.

http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/c.asp?id=08619


A INICIAÇÃO DO FEMININO

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As mulheres não estão motivadas nem interessadas nelas próprias…são sempre os filhos e o marido ou o amante, a casa o emprego e o dinheiro ou a política, o que as motiva a fazer coisas…foram assim condicionadas mas elas não sabem, não se conhecem, não querem sequer ver-se ao espelho…quando muito perante o sofrimento querem curar-se ou tratar-se mas mais em função da família do que delas mesmas…
As mulheres negam-se a si mesmas e não querem encarar aquilo que lhes foi negado, nem questionar o que lhes ensinaram os padres e os professores, não querem enxergar a sua sombra, o seu medo, o seu outro lado, a mulher das profundidades, aquela que foi denegrida e apagada da história dos homens. Elas aceitam tacitamente a sua divisão interna, aceitam a sua submissão e a prostituição da outra mulher, não se questionam sequer quem são e porquê essa divisão…
Elas dedicam-se ao trabalho, à empresa, à política e ao voluntariado ou mesmo a terapias alternativas, sem alma nem coração, mas por carência e como forma de compensação para o seu vazio.

(...)Sim, mesmo no campo do dito “feminino sagrado” as mulheres que supostamente se lhe dedicam não percebem bem do que estão a falar…para começar não se amam nem amam as mulheres e nota-se-lhes o espírito cristão ou antes católico e sempre o medo do pecado e da exclusão. São sempre politicamente correctas…Elas podem evocar as tradições antigas, falar de mitos, de wiccas e deusas, mas elas querem ainda ser admitidas na sociedade patriarcal e ser bem vistas pelo homem, aceitas pelo Pai…

Para encontrarmos o Sagrado Feminino em nós temos de voltar à nossa origem, ao útero, á mãe, ao amor da mãe e da filha, à Grande Deusa, devotarmo-nos a Gaia. Temos de ir ao fundo das cavernas e ao alto das montanhas...temos de descortinar o segredo mais antigo do nosso poder interior, o amor da Deusa..
Essa é a única iniciação que leva a mulher a amar-se e a amar a outra mulher e a Terra…é uma iniciação às profundezas do seu ser que une as duas mulheres dentro de si - um casamento secreto - e sem ele não há conhecimento de si nem experiência do Sagrado Feminino!

http://rosaleonor.blogspot.com/2009/04/nem-como-nem-onde.html

domingo, 12 de abril de 2009

O ELO PERDIDO DA MEDICINA

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Você que é homem não sabe o que é extirpar um útero e aproveitar e arrancar os ovários considerados, neste caso, sem mais função alguma. Você talvez nem sinta na pele o que é extirpar os próprios testículos, porque não acredita que a sua próstata irá adquirir um tumor maligno. Mas você que é mulher sente o corpo arrepiar só de ouvir isso – embora talvez nunca se tenha perguntado – o porquê de a ginecologia, por exemplo, ser uma especialidade dominada pelos homens. Da mesma forma, você é orientada a submeter os seus seios, além do desconforto e dor, ao bombardeio de raios X, periodicamente, sem questionar se há outro método de vigiar a saúde de suas mamas. Ou, ainda, basta uma consulta médica, com ou sem sintoma algum aparente, e crianças, jovens, adultos e idosos de ambos os sexos são encaminhados cada vez mais para laboratórios e clínicas de exames radiológicos e eletroeletrônicos que demandam contrastes de substâncias químicas, algumas tóxicas, circulando no nosso organismo. Sem falar do custo em dinheiro.

Porque o médico, como mediador entre a natureza e o organismo, perdeu o lugar para a medicina como ordem médica. A medicina perdeu para os equipamentos e laboratórios, estes, para a tecnologia, e esta, para a indústria e o capital. Quão distantes da natureza nos tornamos.

Não há dúvida, algo está errado neste cenário. Mas onde isso tudo começou, onde foi que erramos? Quando perdemos esse elo com a natureza? Perguntas sugestivas numa época (século XXI) em que constatamos quão adoecido está o ambiente total, o planeta.

Na base da medicina chinesa estão as categorias de percepção do tempo, do ambiente, das influências externas sobre o organismo humano. Um sistema de pensamento que concebe o cosmo, a totalidade e as diferentes expressões dessa totalidade. O Tão que se expressa em todas as coisas.
No pensamento indiano tem-se a consciência superior, ou consciência cósmica, que estaria na origem de todas as coisas.

Na tradição mais próxima de nós, a grega, sobretudo na tradição da medicina hipocrática, que é dita matriz da medicina ocidental, a noção de natureza é aprendida através do conceito de physis. Uma noção grega em que se concebiam as coisas pelo movimento, pela sua dinâmica, pela dinamis. Os gregos diziam que a “qualidade” das coisas seria mais bem percebida no processo, na dinamis, no movimento. Não prestavam atenção à matéria, mas sim aos movimentos dela e em torno dela. O médico hipocrático, na sua arte, deveria ser um especialista em identificar o que no adoecimento era dinâmico da physis, dinâmica que levaria ao estado de equilíbrio, o movimento próprio do organismo no sentido da cura. Ou o que era a dinamis contra natural, ou dinamis pathos, dinâmica da influência antinatural.

O médico buscava inibir os processos do movimento antinatural e estimular os movimentos da physis curativa (natureza medicatrix). Esse conceito ganha força na época da medicina galênica, do mundo romano, em que se vai centrar quase todo o foco de entendimento médico em torno da natureza medicatrix, ou seja, a noção de dinamis, o movimento de cura, ou de regulação própria do organismo.

Esse deveria ser o grande foco de atuação do médico, fortalecer, respeitar, entender, monitorar a dinamis da natureza medicatrix, também conhecida como vis medicatrix naturae.

E essa noção de medicina foi tão forte que determinou a nomenclatura do praticante da arte médica. Em inglês o médico é o physician, seguidor da physis. De outra maneira, em latim, médico vem de mediar, medicare (trazer para o meio, para o equilíbrio). Em ambas o médico era o artista, o portador da arte de intermediação entre a natureza e o indivíduo, o ser vivo adoecido.

Sempre uma noção de um agente de intermediação, de interlocução, de mediação. Essa noção domina por cerca de 20 séculos a chamada medicina ocidental, que nasce com Hipócrates e segue com os 17 séculos de galenismo.

(...)É claro que esse caminho nunca foi retilíneo. Ele oscilava de acordo com as influências sociais, da cultura e os avanços no conhecimento. O que é bem nítido é uma oscilação entre a vertente racionalista e uma tendência empírica, que valorizava a observação e experiências médicas.

Mas era claramente hegemônica a noção vinculada à tradição hipocrática e galênica. A exploração médica do campo da physis ou da natureza era fortemente marcada pelo saber de base empírica, pela experiência, pelos sentidos, pela percepção. Isso dava à medicina um caráter de arte, ars médica. Fruto do acúmulo de conhecimento, da observação, do uso da sensibilidade, de definição de indícios, do processo do adoecimento.

Por outro lado, o pensamento racionalista tendia a minimizar a observação individual, seguia a máxima de Galileu, individuum est inefabile, sobre o indivíduo não se pode falar, isto é, a ciência se baseia na repetição para estabelecer as suas leis. Isso realçou a falha do observador, as falhas das avaliações de caráter empírico. Crescia a preferência pelas teses apriorísticas e quase sempre reducionistas.

Façamos o mesmo jogo, isto é, observemos as falhas desta nova medicina sem elos com a natureza que começou a surgir: não é um incrível e perigoso atalho a ingestão de uma droga sintética de supressão de um pseudo-sintoma de adoecimento, de uma dor, de um mal-estar? A submissão a exames por máquinas não é, no mínimo, uma ação tempestiva que fazemos em nosso organismo?

(...)Na Renascença, houve o grande movimento de resgate da tradição hipocrática, a volta à natureza. Era um movimento de valorização da vertente observacional. Da vertente focada na experiência, na observação da dinamis do organismo.

Hoje em dia, destaca-se Paracelso, um médico criativo que rompeu radicalmente com as teorias médicas de então. Ele pode ser considerado o principal precursor da medicina energética, das forças sutis do organismo, na concepção da tendência vitalista, cujo principal expoente foi Hahnemann. Mas devido à sua forte crítica contra o establishment médico foi perseguido, odiado, e tido como irresponsável e sofreu toda forma de depreciação do seu trabalho visionário. A partir do século XX, vem sendo recuperado através de diversas obras. Vários médicos de hoje são admiradores e seguidores de Paracelso. Várias clínicas da Europa, de medicina natural, integral e biológica recebem o nome de Paracelsus Clinic, na Alemanha, Áustria, Suíça, de tal forma que Paracelso hoje está completamente reabilitado.


(...) O “semelhante cura o semelhante” (similia similibus curantur). A utilização de medicamentos que produzem sintomas da doença em pessoas saudáveis é a base da filosofia da homeopatia. Trata-se da “lei dos semelhantes” que foi introduzida pelo médico alemão Samuel Hahnemann (1755-1843) em 1796. Homeopatia vem do grego “homoios” que significa semelhante e “pathos” que significa doença. Há referência a essa lei em escritos de Hipócrates e Paracelso e o conceito foi utilizado por várias culturas: chineses, gregos, índios norte-americanos, maias e indianos.

A propósito, com relação à Renascença e à lembrança histórico-cultural, a medicina não era considerada uma área das ciências, e muitas das suas maiores descobertas não foram feitas por médicos, mas por artistas, tais como Leonardo da Vinci e Michelangelo.

Cabe aos médicos desatarem o nó gordiano em que estamos amarrados, desastrosamente longe da natureza em todos os sentidos. Mas é preciso ter coragem e amor à arte.

Dr. Eduardo Almeida & Luís Peazê

http://pistasdocaminho.blogspot.com/2009/04/o-elo-perdido-da-ciencia-e-quase-deuses.html

A RESSURREIÇÃO CRÍSTICA E A NATUREZA

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A maioria dos povos antigos do Hemisfério Norte - os nórdicos, os celtas, os egípcios, os gregos, só para citar alguns - seguiam uma religião extremamente ligada à Natureza e a seus ciclos.

A Primavera era a época de celebrações do renascimento de vários Deuses e Deusas (Dioníso e Perséfone na Grécia, Osíris no Egito, Tammuz e Inanna na Suméria, entre outros). A Igreja Católica manteve a mesma tradição - como fez com outras festas pagãs transformadas em festejos cristãos - celebrando a ressurreição de Jesus na mesma época da celebração dos Deuses sacrificados. Essa época refere-se precisamente ao domingo seguinte à primeira Lua Cheia após o Equinócio da Primavera. " Mas estamos no Outono!" dirá você. Pois é! No Hemisfério Norte as celebrações cristãs ficam em sintonia com os ciclos da Natureza, mas infelizmente no Hemisfério Sul isto não ocorre. Todo mundo sabe que as estações são invertidas no Hemisfério Norte e no Hemisfério Sul. A América do Sul foi colonizada por europeus cristãos, sem nenhum vínculo com a Natureza, seus ciclos e ritos pagãos. Bom, isto explica tudo. Trouxeram seus costumes e tradições e pronto! A Ressureição Crística, e aí entra não só Jesus, como todos os Deuses Crísticos, é momento de esperança, de recomeço, alegria e amor, exatamente o que marca a Primavera. Os Antigos sabiam disto e celebravam seus Deuses de acordo com as energias cósmicas e telúricas, que variam em função do ciclo da Natureza de cada região específica, sendo opostas nos dois hemisférios.

Para a maioria das pessoas isto tudo parece não ter importância nenhuma mas para quem segue o Paganismo, o Xamanismo, o caminho da Deusa, a Arte, a Wicca, ou qualquer caminho espiritual que tem como base a Natureza e seus ciclos, os símbolos ficam meio que fora do lugar, para não dizer totalmente. Um bom exemplo é o dia de finados que é comemorado aqui em plena Primavera, sendo comemorado corretamente no HN no meio do Outono, na mesma época em que muitas religiões pagãs, como a Wicca e a Trdição Celta, comemoram Samhain, o Dia dos Ancestrais.

Bom, é claro que as coisas vão continuar da mesma forma até porque o Vaticano não é nem um pouco flexível. Ele não segue os ciclos da Natureza, ele não segue a Deusa, muito pelo contrário, a Igreja Católica transformou-A no Espírito Santo; por isso em vez de dizer-se " em nome do Pai, da Mãe e do Filho", diz-se... Ah, você já sabe! Mas isto é outra história... Felizmente as religiões intimamente ligadas à Natureza, embora minoria, têm a liberdade de adaptarem seus ritos a Seus ciclos, não perdendo a conexão com Ela.

Mirella Faur em seu livro O Anuário da Grande Mãe defende que as celebrações pagãs aqui no HS sejam juntas com o HN, alegando que já há toda uma egrégora formada há milênios pelos povos do HN em torno dessas celebrações, tanto pagãs, quanto cristãs. Concordo que hajam essas egrégoras e isto é importante. Mas Mirella, embora viva no Brasil, é romena e acredito que isto possa interferir na sua decisão. Eu, pessoalmente, por mais que admire o trabalho de Mirella não posso concordar com isso, pois acho totalmente contraditório que religiões que têm como base a Mãe Natureza e seus ciclos não sincronizem seus ritos com Ela. Ao meu ver as egrégoras existem também nos ciclos da Natureza e de acordo com eles. Neste caso concordo totalmente com Starhawk em A Dança Cósmica das Feiticeiras. Ela propõe uma observação e daí uma adaptabilidade dos rituais ao meio ambiente da região do praticante. Pois num país como o Brasil, por exemplo, a estação do inverno na região norte é completamente diferente da região sul.

Bom, as celebrações cristãs não vão trocar de datas, não vamos mudar isto, mas podemos tomar consciência das coisas e tirarmos nossas próprias conclusões. Ou você é daqueles que acha que a ignorância é uma bênção? Você pode não ver valor nenhum nas questões que levanto aqui, principalmente na importância que dou à Natureza e seus ciclos. Mas comece a prestar mais atenção em você e nos acontecimentos na sua vida. Comece a perceber como você fica em cada estação e até mesmo nas fases da Lua (principalmente se você for mulher). Tente ser fiel a você mesmo. Não tente se sentir assim ou assado só porque acha que deve, só porque o externo diz que você tem que estar sempre da mesma maneira. Se respeite! E a melhor forma de fazer isto é se observar e se conhecer. Comece a se questionar. Por exemplo, por que você tem mais tesão na Primavera do que no Inverno? Por que você tem mais sono no Inverno? Por que você está mais extrovertido no Verão? Bom, você pode continuar daí e se aprofundar, não é? Perceba-se junto aos ciclos da Mãe Natureza! Quem sabe você não anda bem porque não está sintonizado com esses ciclos? E você sabe realmente o que é estar bem? As vezes não é o que você pensa, ou o que te fazem pensar! Você só vai saber se for fiel a você mesmo, o tempo todo. E não é fácil, mas é preciso tentar!

http://www.annaleao.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=28

Veja também http://www.templodeavalon.com/modules/articles/article.php?id=38

quinta-feira, 9 de abril de 2009

DESERTO VERDE

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Criei este blog para publicar minhas poesias,mas acabei fazendo outro para elas e deixei este só para guardar temas que me interessam e que vou achando em minhas pesquisas pela internet.
Hoje não resisti e resolvi fazer um comentário...triste.
Triste para mim,pois há 19 anos não voltava ao estado natal de minha mãe,o Espírito Santo,onde estão todos meus parentes maternos,e de onde tenho as melhores recordações de minha infância e adolescência.
Triste porque encontrei os mais belos locais de paisagem nativa totalmente destruidos e ocupados pelos eucaliptos.
Deixo registrado aqui o meu protesto,a minha raiva,a minha pena,sei lá...
Acho que as pessoas(o povão) não são más,são apenas burras,ou emburrecidas pelos que têem interesse nisto.Talvez isto tudo seja parte de um plano dos Senhores do Mundo,da Terra ou de fora dela.Enquanto isto,graças a essa burrice,vamos destruindo a Natureza,...e viva a Aracruz Celulose!!!!!!!!!!!!! e todas as empresas e empresários poderosos,matando aos poucos,em larga escala,no país e no mundo.
Não sou boa em comentários,meu chão é a poesia,por isto copiei estes textos abaixo.


Deserto verde

A expressão "deserto verde" ganhou ampla destaque na mídia nacional e internacional, especialmente na rede mundial de computadores, na denominada "mídia alternativa".

O que é afinal o "deserto verde" e como podemos conceituá-lo para vincular e compreender os assuntos a ele pertinentes?

Temos no Brasil como em nenhuma parte do resto do mundo, imensas propriedades especializadas no cultivo de um só produto, com alta tecnologia, mecanização - às vezes irrigação - pouca mão-de-obra, e por isso, falam com orgulho que conseguem alta produtividade do trabalho. Tudo baseado em baixos salários, uso intensivo de agrotóxicos e de sementes transgênicas.

Voltado para exportação, principalmente para indústria de papel e celulose, o deserto verde vem crescendo a partir da produção principalmente de eucaliptos e de soja e tem se expandido por diversas regiões do Brasil.

Com relação ao eucalipto, atualmente 100% da produção de papel e celulose no Brasil emprega matéria-prima de áreas de reflorestamento, sendo de eucalipto (65%) e pinus (31%).

Entretanto, longe estamos de poder chegar à conclusão de que podemos ficar tranqüilos e que há preservação ambiental.

Segundo a consultora de meio ambiente do Idec, Lisa Gunn, utilizar madeira de área reflorestada é sempre melhor do que derrubar matas nativas, mas isso não quer dizer que o meio ambiente está protegido. "Quando o reflorestamento é feito nos moldes de uma monocultura em grande extensão de terras, não é sustentável porque causa impactos sociais e ambientais, como pouca oferta de empregos e perda de biodiversidade".

Sob o argumento de reflorestamento, criam-se verdadeiros desertos verdes de produção de madeira para fábricas de celulose. O eucalipto é a principal espécie dessa estratégia e danifica o solo de forma irreparável: uma vez plantado, não é possível retomar a fertilidade da terra e seus minerais. Além disso, as raízes do eucalipto penetram nos lençóis freáticos, prejudicando o abastecimento de água das regiões. Cada pé de eucalipto é capaz de consumir 30 litros de água por dia.

De acordo com algumas pesquisas científicas, a monocultura do eucalipto, por exemplo, consome tanta água que pode afetar significativamente os recursos hídricos. Segundo Daniela Meirelles Dias de Carvalho, geógrafa e técnica da Fase, organização não-governamental que atua na área sócio-ambiental, só no norte do Espírito Santo já secaram mais de 130 córregos depois que o eucalipto foi introduzido no estado.

Outro indício da devastação e do desequilíbrio ambiental causados pelo plantio de eucalipto é o assoreamento dos rios, hoje praticamente secos, uma vez que a espécie consome muita água. A falta d'água não aflige só os animais, como também impede a produção de qualquer tipo de alimento. O amendoim cresce raquítico, o feijão não se desenvolve, o milho não nasce, deixando claro que a improdutividade da terra generalizou-se para além das áreas onde estão as plantações de eucalipto.

O plantio de eucalipto em locais de baixa umidade chegou a secar poços artesianos com até 30 metros de profundidade, deixando a população local sem água. O eucalipto tem alto consumo de água, pois tem uma grande evapotranspiração, podendo ressecar o solo, secar olhos d’água, baixar o lençol freático, secar banhados, diminuir a água dos pequenos córregos e riachos, etc.

As fábricas de celulose são também grandes consumidoras de água, com uso de muitos produtos químicos para o branqueamento da celulose, tendo sempre presente o risco de acidentes ambientais.

Outro impacto ambiental causado pelo monocultivo do eucalipto é a redução da biodiversidade da flora e da fauna. O eucalipto causa também a degradação da fertilidade dos solos, exigindo grandes investimentos de recuperação posterior à colheita e compactação pelo uso de máquinas pesadas.

A mentira da geração de emprego

Pelos dados do IBGE, nas fazendas acima de 2 mil hectares há apenas 350 mil trabalhadores assalariados. Bem menos do que os 900 mil assalariados que a pequena propriedade emprega. Ou seja, o modo de produzir da fazenda do agronegócio, que se moderniza permanentemente, expulsa mão-de-obra do campo, ao invés de gerar emprego aos trabalhadores.

Um recente estudo sobre empregos realizado nas regiões de atuação de uma destas empresas no Estado do Espírito Santo aponta que a Aracruz, na época que buscava financiamento, afirmava que cada hectare de plantação de eucalipto geraria em média quatro empregos diretos, portanto, com seus 247 mil hectares plantados deveria gerar 988 mil empregos. No entanto, gerou apenas 2.031, segundo dados de 2004.

As pesquisas indicam que desde 1989 até os dias de hoje esta empresa gigantesca gerou 8.807 postos de trabalho, dos quais 2.031 diretos e 6.776 indiretos. Chama a atenção que em 1989 os empregos diretos eram 6.058, duas vezes mais que hoje e que desde que se iniciou a contar os indiretos em 1997, o número passou de 3.706 para quase a metade.

Insegurança para o meio ambiente


Ao negligenciar medidas de segurança, as indústrias de papel também ficam vulneráveis a acidentes ambientais graves, como ocorreu há pouco mais de um ano na Fábrica Cataguazes de Papel, em Cataguazes (MG). O rompimento de uma lagoa de tratamento de efluentes provocou o derramamento de cerca de 1,2 bilhão de litros de resíduos tóxicos no Córrego Cágados, que logo chegaram aos rios Pomba e Paraíba do Sul. A contaminação atingiu oito municípios e deixou cerca de 600 mil habitantes sem água. Com a morte dos peixes, pescadores e populações ribeirinhas ficaram sem seu principal meio de subsistência.

Na Ciência vale tudo?

Um dos fatores que fez a grande imprensa ficar raivosa foi a ação das camponesas ter “destruído anos de pesquisa”. E aqui cabe a pergunta: toda pesquisa é para o bem da humanidade? Toda pesquisa é isenta? Seria então errado lutar contra as “pesquisas” levadas a cabo pelo nazismo durante a II Guerra Mundial? Ou então as pesquisas, feitas sem questionamentos por parte dos cientistas, que inventaram a bomba atômica?

No dia-a-dia e bem mais próximo de nós estão as pesquisas, muito modernas, patrocinadas pelas grandes empresas de agrotóxicos e produtos geneticamente modificados. São pesquisas que realmente oferecerão vida melhor para a humanidade ou somente aumentarão os lucros de quem as patrocina? Pesquisas que não levam em consideração o meio ambiente e a soberania alimentar dos povos não são úteis para a humanidade.

Segundo editorial da ONG FASE - Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional, “o silêncio sobre os direitos e sobre as alternativas produtivas e científicas constitui uma base de apoio sólido para a intenção permanente de criminalizar os sujeitos da emancipação social que, ao defenderem a realização dos direitos constitucionais, são atingidos pelos mecanismos de repressão do Estado”.

Vergonha internacional

O debate sobre deserto verde, no Brasil, não surgiu do nada. É um assunto que cresce assim como aumentam as áreas de eucaliptos, plantadas em terras que em geral são arrancadas a ferro e fogo de seus donos originais pela empresa Aracruz Celulose.

A Aracruz Celulose é líder mundial na produção de celulose branqueada de eucalipto, fabricando aproximadamente 2,4 milhões de toneladas por ano. Responde por cerca de 30% da oferta global do produto. Seu controle acionário é exercido pelos grupos Lorentzen, Safra e Votorantim (28% do capital votante cada) e pelo BNDES (12,5%). Dedicando-se precipuamente à produção e pesquisa de eucaliptos, a empresa possui plantações nos estados do Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, que somam aproximadamente 261 mil hectares de plantios de eucalipto.

Aqui no Brasil a grande imprensa preferiu defender a empresa. Na Europa, a família real sueca se sensibilizou com as denúncias sobre as ações da Aracruz Celulose no Espírito Santo. A denúncia foi veiculada na imprensa mundial logo após violenta ação da Polícia Federal contra os índios, em cumprimento a uma liminar da Justiça em favor da empresa. A decisão da Justiça não considerou inúmeras denúncias que lhe foram apresentadas de que a Aracruz Celulose tomou as terras dos índios durante a ditadura militar, e as explora até hoje. Pressionado pela opinião público e vigorosos protestos contra a empresa, a família real colocou à venda suas ações da Aracruz.

Principais críticas aos grandes projetos de celulose:

Problemas ambientais já citados acima;
Concentração da terra, com expulsão imediata dos agricultores que as venderam. Mostra que as empresas não querem ficar dependentes de parcerias;
É mais um obstáculo para o avanço da Reforma Agrária nesta região;
Modelo de concentração de terra, de capital e da renda;
Modelo exportador, cujos impostos já estão todos desonerados pela lei Kandir, contribuindo muito pouco para os cofres públicos dos municípios e do Estado;
Não gera emprego, como demonstrado acima, pelo contrario diminui postos de trabalho;
Vai gerar vazios populacionais, como no Espírito Santo;
O plantio de culturas anuais em consórcio, com o eucalipto, apregoado pelas empresas, só é possível nos dois primeiros anos, pois nos anos subseqüentes a competição por luz, água e nutrientes, inviabiliza as culturas anuais.
Os investimentos nas grandes fábricas de celulose estão desvinculados da matriz produtiva já existente, instalada na região.

http://www.ecolnews.com.br/desertoverde/index.html


MANIFESTO CONTRA O DESERTO VERDE E A FAVOR DA VIDA
A Rede Alerta Contra o Deserto Verde, uma articulação que envolve mais de 100 entidades dos movimentos sociais dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Rio de Janeiro, vem através deste, se manifestar sobre:
a) o desastre sócio-ambiental causado nos últimos 35 anos pela monocultura de eucalipto e pinus, integrado aos complexos siderúrgico e de celulose, atingindo diversos ecossistemas e populações de nosso território, empobrecendo nossa diversidade biológica, social e cultural, causando expropriação, desemprego, êxodo e fome;b) a necessidade de outro modelo de geração e divisão de riquezas e de ocupação de nosso território, que respeite e coloque como protagonista as populações rurais e o interesse da sociedade brasileira e não do capital global.
Desde 1500, o Brasil tem colocado seus recursos naturais e o trabalho de seu povo a serviço da exportação de riquezas para os países chamados desenvolvidos. Com a modernização no campo, desde os anos 1960 e 1970, foram dramaticamente ampliados o estímulo e a implantação das monoculturas. Dentre elas, as monoculturas de árvores, em especial de eucalipto e pinus (que não são florestas), talvez tenham sido as de maior impacto socioambiental nas regiões Vale do Jequitinhonha, Vale do Aço, Norte e Central de Minas, Sul da Bahia e Norte do Espírito Santo, com a implantação predatória de complexos dos setores siderúrgicos e de celulose. Esse impacto, criou uma identidade comum entre populações indígenas, quilombolas e camponesas diretamente impactadas – os atingidos pela monocultura do eucalipto –, gente que sempre perdeu nos 500 anos de Brasil, em detrimento de grupos capitalistas que engordam seus lucros à custa do sangue e da expropriação das populações tradicionais e dos trabalhadores brasileiros e da degradação de nossos ecossistemas, antes ricos em biodiversidade e água, hoje secos e empobrecidos, transformando-se em desertos verdes.
No último período de governo neoliberal da era FHC, esse desastre foi legitimado e intensificado, seguindo os interesses do capital envolvido nesses poderosos complexos, embora alguns avanços na legislação, em termos de direitos dos povos tradicionais e da importância da agricultura camponesa, tenham feito um contraponto a esse processo devastador.
Causa-nos espanto, entretanto, a postura do atual Governo Lula, que carregava a esperança desse povo oprimido nesses 500 anos, de resgatar a cidadania sempre negada e de começar a construir um modelo de desenvolvimento democrático, que permitisse reorientar a apropriação e o uso de nosso território, no rumo da inclusão, da justiça e da sustentabilidade.
Esse governo (assim como alguns governos estaduais) vem se submetendo aos interesses oligárquicos desses complexos, destinando enormes quantidades de recursos via BNDES e Ministério do Meio Ambiente (PNF - Plano Nacional de Florestas), sendo complacente com a falácia dos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo, incentivados pelo Banco Mundial (PCF – Fundo Piloto de Carbono), que legitima a poluição dos países desenvolvidos através da criação de cotas de carbono, que transformam a fotossíntese (dádiva da natureza) em mercadoria privada do comércio global. Usa-se um pretexto ambiental para disseminar as monoculturas de árvores, geradoras do desastre socioambiental acima relatado.
Para as populações tradicionais e entidades componentes da Rede Deserto Verde, não cabe apenas negociar limites e condicionantes aos excessos do setor de monocultura de árvores. Os licenciamentos ambientais e os selos verdes só têm aprofundado as desigualdades socioambientais. O modelo por inteiro está comprometido com a lógica excludente do latifúndio de exportação, se apropriando de órgãos públicos e se legitimando através de certificações não participativas, nem independentes. Ao contrário do atual ordenamento monocultor do território, propomos um outro modelo agrícola e agrário, onde as prioridades estejam reorientadas para a Reforma Agrária, a Agroecologia, a Segurança Alimentar e a defesa das Florestas, Cerrados e de seus povos tradicionais. Somente um novo modelo de desenvolvimento pode garantir a diminuição das desigualdades socioambientais no campo e de seus efeitos colaterais nos centros urbanos.
Neste sentido, a Rede afirma: MONOCULTURAS NÃO SÃO FLORESTAS!!
As populações atingidas reivindicam deste governo a criação de políticas públicas que recuperem esse passivo socioambiental desastroso e incentivem ações que fortaleçam nossas diversidades biológicas, culturais e agroecológicas.
Belo Horizonte, 07 de maio de 2004Rede Alerta contra o Deserto Verde

http://www.wrm.org.uy/paises/Brasil/manifesto.html

Na madrugada do dia 8 de março de 2006, mais de mil e quinhentas mulheres camponesas entram no horto florestal da empresa Aracruz Celulose em Barra do Ribeiro, próximo a Porto Alegre. A notícia espalhou-se pelo mundo, as mulheres, jovens, mães e avós foram apontadas como arruaceiras, destruidoras, vândalas... Muita gente criminalizou o ato de coragem e não se perguntou: “Mas, afinal, o que levaria as mulheres a saírem de suas casas na madrugada do Dia Internacional da Mulher e fazer um ato de coragem destes? As mulheres camponesas com a ação do 8 de março na Aracruz Celulose acertaram o coração do capitalismo que explora trabalhadoras e trabalhadores, e transforma o campo em um espaço de produção intensiva, exterminando a cultura das comunidades. As mesmas mulheres, que ao longo da humanidade preservaram as sementes e a biodiversidade, não aceitaram a opressão e agiram contra quem está acabando com o nosso planeta, reafirmando a luta das/os trabalhadoras/res contra o capitalismo, representado por grandes empresas como a Aracruz. Estas mulheres também reafirmam um Projeto de Agricultura e de sociedade diferente do atual. Se estas mulheres chegaram a este ato de coragem é porque alguma coisa está errada. O ato foi de denúncia, foi um grito para que a sociedade pudesse enxergar algo que não está vendo, mas que está destruindo com os nossos rios e nossos animais, com a diversidade da natureza e mesmo com as nossas vidas. Assim, no dia 8 de março, quando mais de mil e quinhentas mulheres entraram no Horto Florestal, em Barra do Ribeiro, elas pensavam no futuro do planeta e denunciavam, para que fossem punidos, os verdadeiros criminosos da monocultura, do agronegócio do reflorestamento. Foi um apelo em defesa da vida. Muita terra para pouco emprego No Brasil, a Aracruz gerou 1 emprego direto para cada 185 hectares de terra. Só no corte do eucalipto uma máquina cortadora faz o trabalho de 14 motos cerras. Isto significa que a indústria de celulose requer tecnologia mecanizada e não mão-de-obra trabalhadora, gerando poucos empregos. A Aracruz Celulose e outras empresas do deserto verde... A Aracruz Celulose S/A é uma multinacional controlada por quatro acionistas majoritários que detém direito a voto: Grupo Lorentzen da Noruega (28%), Banco Safra Internacional (28%), Votorantim (28%) e BNDES (12,5%). Junto da Stora Enso, uma empresa sueco-finlandesa, produtora de papel e celulose, são donas da Veracel Celulose, uma grande empresa do sul da Bahia. A Aracruz possui: 252 mil hectares de plantação de eucaliptos nos Estados de Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul e Espirito Santo, além de 71 mil hectares de árvores de eucaliptos plantadas e manejadas por agricultores. No Rio Grande do Sul, pelos dados de 30/12/2004, é proprietária de 56,2 mil hectares de terra, dos quais 42 mil hectares estão plantados com eucalipto e, em parceria com os agricultores, outros 400 hectares. As grandes empresas do Deserto Verde no Rio grande do Sul são: Votorantim Celulose e Papel e Stora Enso (que na verdade são uma só).

http://www.sof.org.br/_sistema/noticia.php?idNoticia=170


Já faz muitos anos que as mulheres camponesas
vêm trabalhando e alertando a sociedade sobre
o desrespeito com a natureza em nome do lucro,
do dinheiro. Já faz muito tempo que as mulheres
estão trabalhando em defesa da vida, da natureza
e da sobrevivência do planeta.
Mas, a televisão, o rádio e o jornal nunca divulgaram
as denúncias feitas por estas mulheres,
dos verdadeiros massacres ambientais, sociais e
econômicos, praticados pelas grandes empresas
como a Aracruz; dos bilhões que saem dos cofres
públicos direto para estas grandes empresas, enquanto
a agricultura camponesa nada recebe; da
existência de trabalho escravo, de invasão de terras
indígenas, quilombolas ou de pequenas/os produtoras/
es a custa de muita violência e mortes.
Isto não é notícia porque a empresa Aracruz,
como outras, responsável por todas estas violências,
financia os Meios de Comunicação, garantindo
a defesa de seus interesses e das elites.
Na madrugada do dia 8 de março de
2006, mais de mil e quinhentas mulheres
camponesas entram no horto florestal da
empresa Aracruz Celulose em Barra do Ribeiro,
próximo a Porto Alegre.
A notícia espalhou-se pelo mundo, as
mulheres, jovens, mães e avós foram apontadas
como arruaceiras, destruidoras,
vândalas... muita gente criminalizou o ato
de coragem e não se perguntou: “Mas afinal,
o que levaria as mulheres a saírem de
suas casas na madrugada do Dia Internacional
da Mulher e fazer um ato de coragem
destes?
8 de março de 2006

“No Dia Internacional da Mulher, as mulheres camponesas se investiram deste
mesmo espírito profético e usaram a força simbólica contra a violência estrutural
de uma empresa que pensa poder, impunemente, comprar a vida das pessoas
e transformar a terra em mercadoria”.
Marcelo Barros, monge beneditino.

A cadeia produtiva da celulose é, talvez, a
que mais traz destruição ambiental, da
produção do eucalipto até a produção do
papel é visível o extermínio da natureza.
São fatos que não aparecem na imprensa,
mas que são alarmantes.
A água
No vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, estima-
se que mais de 270 riachos secaram nas últimas décadas,
depois da instalação da fábrica da Aracruz e do
plantio de eucalipto.
Afirma-se que o plantio de eucalipto causa seca de
poços artesianos de até 30 metros de profundidade. Para
se produzir um quilo de madeira são necessários 350
litros de água, isto é uma grande plantação de eucalipto
necessita de uma quantidade de água superior à existente
no solo, e a precipitação de chuva de um ano é
20% menor que o consumo de água de uma plantação
em maior escala.
Quando sua produção era de 450 mil toneladas, a
Aracruz lançava 6 toneladas diárias de um aditivo químico
altamente poluente na maior bacia pesqueira do Oceano
Atlântico, no sul da Bahia, hoje sua produção chega a
quase 3 milhões de toneladas, quase 6 vezes mais.
Além disso, essa empresa está comprando as terras
nas quais se encontra o Aqüífero Guarani, no sul do
Brasil, a maior reserva de água doce do mundo. Futuramente,
quando o problema da água for maior, ela também
dominará este bem natural, que é do povo.
Nas suas grandes extensões de produção de
eucalipto, perfuram poços artesianos para a irrigação,
usufruindo e acabando com a água também do subsolo,
tornando mais dramática a situação da seca e
desertificação.
Solo, plantas e animais
O eucalipto causa degradação do solo, além disso,
as plantas não conseguem crescer nas áreas de eucalipto,
assim há o extermínio de variedades. Muitos animais
também não tem mais o que comer ou onde viver e acabam
morrendo sem conseguir se reproduzir.

No Brasil, a Aracruz gerou 1 emprego direto para
cada 185 hectares de terra. Só no corte do eucalipto uma
máquina cortadora faz o trabalho de 14 motos cerras.
Isto significa que a indústria de celulose requer
tecnologia mecanizada e não mão-de-obra trabalhadora,
gerando poucos empregos.

O relato de como a Aracruz agiu para ocupar uma
área indígena de 18 mil hectares no Espírito Santo, é
chocante. O caso foi parar no Tribunal Permanente dos
Povos, em Viena, mas não na imprensa brasileira. Com
a ajuda da Polícia Federal, eles invadiram violentamente
as terras indígenas dos tupis-guaranis, queimando
casas e espalhando terror na aldeia.
Em 1994 um grupo técnico
da FUNAI identificou
como sendo terra indígena
13,579 hecteres de terra
que a ARCEL, mesma
Aracruz, comprou de
grileiros e escriturou. No
município de Conceição
da Barra 68% da área do município
é da ARCEL.
A Aracruz Celulose ocupa a maior parte do território
quilombola de Linharinho, em Conceição da Barra.
41 famílias de remanescente de quilombo, continuam
resistindo à ocupação das terras pela Aracruz e outros

“Foi uma resposta a o que a empresa fez em janeiro no Espírito Santo. Que para
aumentar suas plantações invadiu terras indígenas, prendeu as pessoas e passou
com tratores por cima das casas”
Leonardo Boff - teólogo

“Soberania sim, deserto verde não”

http://www.sof.org.br/marcha/arquivos/pdf/panfleto_dest_verde.pdf
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segunda-feira, 6 de abril de 2009

QUEM SÃO OS DALITS?

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Poucas pessoas no mundo tem experimentado um nível de abuso e pobreza como os 300 milhões de Dalits ou “intocáveis” da Índia.

Por 3.000 anos eles tem vivido num ciclo de discrimação e desespero sem esperança de escape. Para os Dalits, dor e sofrimento são parte da vida. Eles estão presos a um sistema de castas que nega a eles adequada educação, água potável, empregos com decente pagamento e o direito à terra ou à casa própria. A cada duas horas Dalits são assaltados e duas casas de Dalits são queimadas. A cada dia, dois Dalits são assassinados. Discriminados e oprimidos, Dalits são freqüentemente vítimas de violentos crimes. Em 15 de Outubro no Estado de Haryana, cinco jovens Dalits foram linchados por uma multidão por tirarem a pele de uma vaca morta, da qual eles tinham legal direito para fazer. A Polícia, segundo consta, ficou parada sem nada fazer e permitiu que a violência continuasse. Em 1999, vinte e três trabalhadores agrícolas Dalits (incluindo mulheres e crianças) foram assassinados por seguranças particulares de um fazendeiro de alta-casta. O crime deles? Ouvir a um partido político local com considerações que ameaçavam o domínio do fazendeiro sobre Dalits locais como mão de obra barata.

Embora leis contra a descriminação de castas tenham sido aprovadas, a discriminação continua e pouco é feito para processar os acusados. Em anos recentes, porém, tem havido um crescente desejo por liberdade entre os Dalits e castas baixas hindus. Líderes como Ram Raj tem vindo a frente exigindo justiça e liberdade da escravidão das castas e da perseguição. Um detalhada “Carta dos Direitos Humanos dos Dalits” foi redigida com apelos para a Comunidade Internacional e para a ONU, na esperança que isto colocaria um pressão possitiva sobre o Governo Indiano. Mas pouco tem mudado – até recentemente.

(...)Fatos sobre os Dalits:

• A cada dia, três mulheres Dalits são estrupadas

• Crianças Dalits são freqüentemente forçadas a sentarem de costas nas suas salas de aula, ou mesmo fora da sala;

• A cada hora, duas casas de Dalits são queimadas;

• A maioria das pessoas das castas altas evitarão terem Dalits preparando a sua comida, por medo de se tornarem imundos;

• A cada hora, dois Dalits são assaltados.

• Em muitas partes da Índia, Dalits não são permitidos entrar nos templos e outros lugares religiosos;• 66% são analfabetos;

• A taxa de mortalidade infantil é perto de 10%;

• A 70% são negado o direito de adorarem em templos locais;

.57% das crianças Dalits abaixo da idade de quarto anos estão muito abaixo do peso;

• 300 milhões de Dalits vivem em Índia;

• 60 milhões de Dalits são explorados através do trabalho forçado;

• A maioria dos Dalits são proibidos de beber da mesma água que os de castas mais altas.

300 milhões de Dalits estão escravizados e sem esperança debaixo do julgo do hinduísmo.

http://www.monicacamacho.com/blog/blog.php?bid=284


O MITO DE OSIRIS

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Quando Osíris é assassinado por seu irmão Seth, seu corpo é desmembrado em 14 partes, segundo a versão mais aceita do mito. Ísis, esposa de Osíris, sai em busca das partes do esposo na intenção mágica de fazer com que Osíris ressuscite, só que apenas 13 partes são recuperadas, menos o falo, que fica perdido.

O falo de Osíris não recuperado por Ísis é um símbolo do que estava por vir: uma profecia.

O falo de Osíris é o símbolo do princípio masculino perdido. Assim não é só o resgate do feminino que precisa ser feito hoje em dia, o masculino, o homem verdadeiro precisa ser recuperado, pois está castrado, destituído de poder em si.

No mito egípcio, Ísis é capaz de conceber mesmo sem o falo de Osíris mostrando que o princípio feminino é capaz de gerar por si mesmo. A partenogênese prova isso.

Osíris foi desmembrado (Olha o duplo sentido! Que Freud me desculpe, mas não parece que a inveja do pênis é uma coisa entre homens?) por Seth e reconstituído por Ísis e Néftis. O mito indica que o princípio feminino não só gera a vida, mas também é capaz de restabelecê-la e reorganizá-la.

Assim o mito revela seu caráter profético ao indicar a queda do masculino e ao mostrar como restabelecer o poder do masculino em nossa época: através do feminino.

No mito Ísis pede ajuda de sua irmã, Néftis. E Néftis é a esposa de Seth, portanto a sua contraparte feminina. Se foi Seth que matou e fragmentou Osíris, é Néftis que auxilia Ísis a recuperar o poder do marido morto.

Assim não podemos ver Seth como o mal, porque a sua contra-parte não o é.

Tenho visto análises do mito como se os deuses fossem expressões da mente humana e não forças impessoais da Natureza, assim nessas análises os deuses são cumulados com qualidades típicas de humanos (inveja, ira, luxúria, violência, etc) que incapazes de verem algo além de si mesmos tomam as forças impessoais da Natureza como se extensões suas fossem. Humanos...

Cada Deus ou Néter, como uma força impessoal da Natureza, cumpre uma função no mito.

Seth cumpre a função do destruidor, da morte.

Ísis cumpre a função da vida, da restauradora.

E Néftis media entre um e outro ficando no limite entre a vida e a morte, pois ela é esposa de Seth e irmã de Ísis.

Ver Seth como o mal é separar e fragmentar o entendimento do mito, pois não há o mal absoluto, se assim fosse Seth não teria nascido da mesma fonte dos outros Néteres.

Ver Seth como o mal é alijar a força da morte do processo da vida. E tal não pode ser feito porque a vida é o caminho onde a morte nos desafia, permitindo-nos a renovação.

O processo de demonização de diferentes mitos tem como objetivo o controle mágico, ideológico e religioso, pois o mal torna-se sempre o outro, o outro culto, o outro deus, o adversário.

Isso ocorre com Seth, com Exu e com Pã ao serem identificados com o diabo cristão. Não é deus uma invenção do homem dito civilizado e sim o diabo, pois expressão de seu próprio ego auto-importante e fragmentado. Não há conceito de diabo ou mal personificado nas tradições em harmonia com a Terra. O diabo nasce da desarmonia do homem com a própria Terra da qual é fonte.

Seth, Pã e Exu personificam forças que lidam diretamente com esse mundo, com essa realidade. Uma elite mística, religiosa e mágica identificou esses mitos com o mal apenas para que as massas ficassem alijadas do uso de tal poder enquanto eles mesmos executavam e executam ritos de magia com tais poderes. Um ponto cantado tradicional de Umbanda diz que na batina do padre tem dendê, indicando como os antigos xamãs africanos percebiam as manobras ocultas dos curas católicos. Vemos os padres vestidos de preto e vermelho, em especial os cardeais. Dizem que a própria Igreja Universal que persegue os cultos afro-brasileiros celebra em segredo os mesmos, basta para isso ver que adotam formas e práticas algo disfarçadas muito semelhantes em várias ocasiões. Eles usam essa vibração e conquistam posições no mundo material e alijam a massa de tal força.

Osíris e Seth são dois aspectos da mesma força. “Osíris é um deus negro”.

Há um ponto na Umbanda que revela a seu modo, sob a linguagem sincrética e misturada, o fato de Osíris ser um deus negro.

Exu que tem duas cabeças

Mas ele olha a sua banda com fé

Se uma é Satanás no inferno

A outra é de Jesus Nazaré.

É claro que tal ponto arrepia até a alma aqueles que não tem a compreensão da Unidade.

Alguns ouvirão no fundo da mente o coro inquisidor gritar: - Blasfêmia, heresia!

Mas a maior blasfêmia é a heresia da separatividade.

Quando separamos essas forças uma fragmentação ocorre e perdemos a conexão com o princípio masculino que fica em desequilíbrio.

Esse desequilíbrio tem dois pólos:

Osíris morto representa a espiritualidade morta e Seth assassino é a sexualidade exacerbada e descontrolada porque destituída de espírito. Sim, podemos ver Osíris como o espírito em nós e Seth como a sexualidade em nós, dois aspectos de uma mesma força. O mito mostra isso pois o falo é a única parte não recuperada do corpo de Osíris, pois ele pertence na verdade a Seth, que como Exu, é uma entidade fálica.

Assim recuperar a sexualidade sagrada é reconciliar Osíris e Seth, permitindo a ressurreição de um homem verdadeiro, capaz de honrar o feminino, a Deusa e a mulher porque integra em si o desejo sexual e espiritual. A sexualidade sagrada é uma relação entre o masculino e o feminino, que não pode ocorrer se o homem mantém-se fragmentado. Um homem fragmentado torna-se um padre ou um monge que odeia o feminino porque vê na mulher a imagem do pecado e da tentação ou um machista que tenta se impor pela agressividade, pela violência, pelo dinheiro, pelo poder que ostenta de diferentes formas, que vão de um carrão até a construção de monumentos como obeliscos gigantescos imitando um poder que não possui em si e que vê na mulher um objeto de consumo.

Há no machista e no monge que nega a si mesmo uma espécie de raiva da mulher, porque há uma inveja de seu enorme poder sexual e capacidade multi-orgástica. Essa inveja fez com que nossa cultura limitasse o poder do feminino em dois estereótipos: a virgem mãe e a prostituta arrependida. São tentativas desesperadas do macho fragmentado de tentar controlar a fêmea porque incapaz de fazer frente, pelo auto-domínio, ao poder sexual da mulher, ainda mais da mulher plena.

As 13 partes de Osíris recuperadas nos indicam o arcano 13, a morte do Tarot. A 14ª parte indica, se recuperada, a possibilidade de uma transição para uma era de regeneração, 14 é o número do Tarot para a Temperança, que tem óbvias semelhanças com Aquário, signo da nova era, regido por Urano, regente no corpo humano das glândulas sexuais, onde está a força do espírito, a força feminina e regeneradora, a Energia Criadora, Shakti, Kundalini, Néftis, a Ísis velada e oculta em nosso corpo. No arcano 14 do Tarot vemos um anjo hermafrodita, símbolo da harmonia e da reconciliação do feminino e do masculino.

Assim cada homem é um Osíris assassinado que pode recuperar-se ao juntar em si o poder de Seth, sexualidade e o poder de Osíris, o espírito, por intermédio do feminino: Néftis como o poder oculto de Kundalini e Ísis como esse mesmo poder revelado e restaurado em nosso corpo, a serpente expressa pelo terceiro-olho dos iniciados egípicios.

Para tal Osíris – o homem - e Ísis – a mulher - devem celebrar o casamento mágico e alquímico.

http://pistasdocaminho.blogspot.com/2009/04/o-falo-de-osiris-analise-de-um-mito.html




domingo, 5 de abril de 2009

DANÇANDO NA CHUVA

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Chove nas ruas de minha cidade.
Chuva forte, que lava mais do que o chão.
E eu danço na noite...
E é dança forte, como a chuva.
Danço pensando na luz.
Olho a chuva e penso no amor.
E meus pés ganham asas...
Já não sou mais um menino.
Mas, o meu coração é criança.
Olho além da noite, e vejo a luz.
E minha dança me leva além das ruas...
E eu vejo outros, também dançando na chuva.
Eles deslizam, por entre os planos da vida.
E me pedem para falar da dança deles.
E eu esfrego os meus olhos, enquanto a chuva cai...
Eles riem e atravessam os carros e a chuva.
E me dizem que sua dança exonera das dores.
Eu danço com eles, mas ninguém vê.
Varo a noite rodopiando com os espíritos.
Só a chuva é nossa testemunha.
E como eles dançam! E que alegria!
Rindo, eles me falam das estrelas.
E que a morte não mata ninguém.
Ah, eles estão mais vivos do que nunca.
Vieram com a chuva, para lavar meu espírito.
Rindo, junto com eles, eu agradeço a chuva.
Então, eles seguem dançando no meio da noite...
Para partir as correntes de outros espíritos.
E eu danço de volta para o meu corpo.
A chuva que cai é nossa testemunha.
E a dança da vida continua, aqui e além...

P.S.:
Enquanto a chuva cai lá fora, os espíritos dançam.
E eu fico aqui, pensando no amor e na luz.
Pois eu sei que tem muita gente dançando nas pistas do infinito...
Enquanto correntes se quebram invisivelmente nas ruas da Terra.
Sim, e a chuva lava e leva antigos males, na dança da natureza.
Chove, chuva... Segue lavando a noite dos homens tristes e sem fé!
Eu sei que, acima das nuvens escuras, brilham as estrelas.
E, além, os espíritos dançam, vivem, riem, amam, e seguem...

Paz e Luz.

- Wagner Borges - sujeito sem jeito, que, na Terra, não dança nada; mas que, no Astral, dança como nunca, junto com um grupo de espíritos cheios de alegria, música e amor, sempre em nome da Luz.
São Paulo, 25 de março de 2009

. http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/c.asp?id=08549

EN-HEDU-ANNA

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"Senhora de todas as essências, cheia de luz,
Boa mulher, vestida de esplendor,
Que possui o amor do céu e da terra,
Amiga do templo de An,
Tu usas adornos maravilhosos,
Tu desejas a tiara da alta sacerdotisa
Cujas mãos seguram as sete essências.
Ó minha Senhora, guardiã de todas as boas essências,
Tu as reuniste e as fizeste emanar de tuas mãos.
Tu colheste as essências santas e as trazes contigo,
Apertadas em teus seios..."

En-hedu-anna ( 2.300 a.c. ), Ur, Suméria.

http://emlouvordetodosospoetas.blogspot.com/2009/03/en-hedu-annamargaridapara-ti.html?showComment=1238900820000#c6634188279312389498

quinta-feira, 2 de abril de 2009

O "EU"

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O único lugar em que os deuses e demônios existem indiscutivelmente é na mente humana, onde são reais em toda a sua grandiosidade e monstruosidade
(Alan Moore)


Se no budismo não existe um "Eu", ainda assim é importante desenvolver sua pessoa (seu aglomerado que se identifica com um "Eu") para transcender os limites impostos pela ilusão. No ocidente, onde acreditamos numa alma imortal, enfrentamos um desafio semelhante; No caso, o corpo e as formas materiais nos embotam a consciência (bloqueando as "portas da percepção") e nos "afastam" do contato com nosso verdadeiro "Eu", a alma. Mas engana-se se pensam que a alma é sempre um gasparzinho com sua imagem e semelhança, dentro de seu corpo de carne. Por isso vamos dar a palavra ao Mago Merl..., digo, Alan Moore, no documentário The Mindscape of Alan Moore:

Quando cumprimos a vontade de nosso verdadeiro Eu, nós estamos inevitavelmente cumprindo com a vontade do universo. Na magia ambas as coisas são indistinguíveis. Cada alma humana não é, de fato, UMA alma humana: é a alma do universo inteiro. E, enquanto você cumprir a vontade do universo, é impossível fazer qualquer coisa errada.

Muitos dos magos como eu entendem que a tradição mágica ocidental é uma busca do Eu com "E" maiúsculo. Esse conhecimento vem da Grande Obra, do ouro que os alquimistas buscavam, a busca da Vontade, da Alma, a coisa que temos dentro que está por trás do intelecto, do corpo e dos sonhos. Nosso dínamo interior, se preferir assim. Agora, esta é particularmente a coisa mais importante que podemos obter: o conhecimento do verdadeiro Eu.

Assim, parece haver uma quantidade assustadora de pessoas que não apenas têm urgência por ignorar seu Eu, mas que também parecem ter a urgência por obliterarem-se a si próprias. Isto é horrível, mas ao menos vocês podem entender o desejo de simplesmente desaparecer, com essa consciência, porque é muita responsabilidade realmente possuir tal coisa como uma alma, algo tão precioso. O que acontece se a quebra? O que acontece se a perde? Não seria melhor anestesiá-la, acalmá-la, destruí-la, para não viver com a dor de lutar por ela e tentar mantê-la pura. Creio que é por isso que as pessoas mergulham no álcool, nas drogas, na televisão, em qualquer dos vícios que a cultura nos faz engolir, e pode ser vista como uma tentativa deliberada de destruir qualquer conexão entre nós e a responsabilidade de aceitar e possuir um Eu superior, e então ter que mantê-lo.

Tenho estudado a escola da história do pensamento mágico e o ponto em que começou a dar errado. No meu entender, o ponto em que começa a dar errado é com o monoteísmo. Quero dizer, se olhar a história da magia, verá suas origens nas cavernas, verá suas origens no xamanismo, no animismo, na crença de que tudo o que te rodeia, cada árvore, cada rocha, cada animal foi habitado por algum tipo de essência, um tipo de espírito com o qual talvez possamos nos comunicar. E ao centro você tinha um xamã, um visionário, que seria o responsável por canalizar as idéias úteis para a sobrevivência. No momento em que você chega às civilizações clássicas, verá que tudo isto foi formalizado até certo grau. O xamã atuava puramente como um intermediário entre os espíritos e as pessoas. Sua posição na aldeia ou comunidade, imagino, era a de um "encanador espiritual". Cada pessoa no grupo devia ter seu papel: A melhor pessoa durante uma caçada tornava-se o caçador, a pessoa que era melhor pra falar com os espíritos, talvez porque ele ou ela estivesse um pouco louco, um pouco separado do nosso mundo material normal, eles tornavam-se os xamãs. Eles não seriam mestres de uma arte secreta, mas sim os que simplesmente espalhariam sua informação pela comunidade, porque se acreditava que isto era últil para todo o grupo. Quando vemos o surgimento das culturas clássicas, tudo isso se formalizou para que houvesse panteões de deuses, e cada um destes deuses tinha uma casta de sacerdotes, que até certo ponto atuariam como intermediários, que te instruiriam na adoração a estes deuses. Então, a relação entre os homens e seus deuses, que pode ser vista como a relação entre os humanos e seus "Eus" superiores, não era todavia de um modo direto.

Quando chega o cristianismo, quando chega o monoteísmo, de repente tem uma casta sacerdotal movendo-se entre o adorador e o objeto de adoração. Tem uma casta sacerdotal convertendo-se em uma espécie de gerência intermediária entre a humanidade e a divindade que está se buscando. Já não se tem mais uma relação direta com os deuses. Os sacerdotes não têm necessariamente uma relação com Deus. Eles só têm um livro que fala sobre gente que viveu há muito tempo atrás que teve relação direta com a divindade. E assim está bom: Não é preciso ter visões milagrosas, não é preciso ter deuses falando contigo. Na verdade, se você tem algo disto, provavelmente está louco. No mundo moderno, essas coisas não acontecem; as únicas pessoas as quais se permite falar com os deuses, e de um modo unilateral, são os sacerdotes. E o monoteísmo é, pra mim, uma grande simplificação. Eu quero dizer, a Cabala tem uma grande variedade de deuses, mas acima da escala, da Árvore da Vida, há uma esfera que é o Deus Absoluto, a Mônada. Algo que é indivisível, você sabe. E todos os outros deuses, e, de fato, tudo mais no universo é um tipo de emanação daquele Deus. E isto está bem. Mas, quando você sugere que lá está somente esse único Deus, a uma altura inalcançável acima da humanidade, e que não há nada no meio, você está limitando e simplificando o assunto.

Eu tendo a pensar o paganismo como um tipo de alfabeto, de linguagem. É como se todos os deuses fossem letras dessa linguagem. Elas expressam nuances, sombras de uma espécie de significado ou certa sutileza de idéias, enquanto o monoteísmo é só uma vogal, onde tudo está reduzido a uma simples nota, que quem a emite nem sequer a entende.

http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2009/03/o_eu_por_alan_m.html