imagem: Jia Lu, Illuminated

"EM CADA CORAÇÃO HÁ UMA JANELA PARA OUTROS CORAÇÕES.ELES NÃO ESTÃO SEPARADOS,COMO DOIS CORPOS;MAS,ASSIM COMO DUAS LÂMPADAS QUE NÃO ESTÃO JUNTAS,SUA LUZ SE UNE NUM SÓ FEIXE."

(Jalaluddin Rumi)

A MULHER DESPERTADA PARA SUA DEUSA INTERIOR,CAMINHA SERENAMENTE ENTRE A DOR E AS VERDADES DA ALMA,CONSCIENTE DA META ESTABELECIDA E DA PLENITUDE A SER ALCANÇADA.

BLOG COM MEUS POEMAS:

http://desombrasedeluzanna-paim.blogspot.com/



sábado, 30 de julho de 2011

O CAMINHO DA DEUSA



Enlouqueci ou a Musa chama-me?

Não a ouves?
Não a ouves nas folhas que sussurram,
na voz suave do vento, no riso da água?


Não a ouves?
Se é loucura, que eu enlouqueça!
Que eu parta em busca dela, gritando
ao céu brilhante: desce deusa que cantas, desce:
traz-nos a tua música imortal:


O som das flautas que tocam como o vento
sobre a erva que se curva, ao som das cordas tangidas
como a súbita luz do Sol, o som límpido
da tua voz que emociona o mundo inteiro.


 Patricia Monaghan


“Sem mãe não se pode amar, sem mãe não se pode morrer”

- Deste trecho salienta-se sem dúvida a importância da Mãe iniciadora, da Mãe que dá a vida e a morte...Quando se conclui que sem Mãe não se pode amar nem morrer, está-se a dizer mesmo sem querer que a sociedade patriarcal ao matar a mãe e anular a mulher está a impedir todos os seres de amar e de saber morrer, porque só se pode saber morrer amando a vida e quem nos dá a vida e representa as forças da própria Terra. Quem não ama a mãe, não respeita as mulheres, não pode respeitar a natureza. É por isso que o mundo se encontra neste estado de desequilíbrio e guerra onde os filhos sem mãe ou os filhos da ”puta” que os homens criaram ao dividir a mulher em duas, só sabem odiar e matar e ver no próximo um inimigo a abater.


Sem a Grande Mãe, sem a Deusa e sem o princípio feminino o Mundo caminha para um caos em que as sociedades belicosas e falocráticas se armam e recorrem aos exércitos para se defenderem e atacar em vez de se darem e amarem como seres humanos e fraternos. Vivemos num mundo às avessas...em que as mulheres divididas em si lutam umas contra as outras em vez de se unirem...e fazerem tudo para salvar o Planeta…


 Rosa Leonor

http://rosaleonor.blogspot.com/2011/07/o-chamamento-da-musa.html

Imagem: Josephine Wall

sexta-feira, 22 de julho de 2011

É HOJE...



É hoje e não amanhã que nós nos temos de transformar

em deusas…dando lugar ao nosso lado escondido, enfrentando a nossa sombra, trazendo à superfície a mulher oculta, a mulher verdadeira, aquela que nos não ensinaram a respeitar e a amar…aquela que dividiram e separaram em duas logo em criança, aquela que nos disseram que era má porque não era obediente...aquela que castraram mal começou a sentir esse outro lado que intuía, esse lado grande e mágico, porque essa é a verdadeira magia e mistérios da mulher…


O meu trabalho não é propagar coisas passadas e míticas ou estranhas e bizarras, coisas estapafúrdias de videntes e cartomante ou de grandes magas patológicas, de grandes feministas e os seus grandes feitos…sem qualquer relação com a mulher dos nossos dias, sem uma relação direta com cada mulher de hoje.


Eu não falo só de arquétipos, de representações e símbolos, de deusas da mitologia grega ou romana, os seus ciúmes e as suas raivas … falo da mulher viva e da deusa viva na mulher…da mulher comum, da mulher vulgar, de qualquer mulher! Falo de como a Igreja separou e dividiu depois as mulheres ao longo dos séculos nas imagens de Maria, a mãe, Virgem imaculada e amante, Maria Madalena a pecadora! Como dividiram a mulher entre a santa e a pecadora…essa foi a grande cisão da nossa natureza em duas…


Eu sei que esta noção da mulher ser igual à deusa é muito difícil de integrar na realidade e no nosso dia-a-dia; sei que a consciência do feminino essencial, o lado místico e interno, para poder aparecer como uma coisa natural e inerente ao facto de ser-se mulher é muito, muito, difícil; e afinal ele é apenas esse seu lado subjectivíssimo que ela não deixa aparecer como uma realidade visível, tornando-se quase impensável falar de si e como se sente, porque tem medo do ridículo e porque ainda está presa em estereótipos e recalcada até à medula e portanto as deusas não passam de teorias bonitas e imagens fantásticas fora de si e tudo o que se escreve resulta em meras teorias sobre deusas neste e naquele tempo e os seus cultos e crenças ou rituais…E até podem haver práticas e fazerem-se reuniões, haver grupos bem-intencionados, mas se a ligação das duas mulheres não se faz primeiro dentro de cada mulher e nem sequer se pensa nessa divisão inicial da Eva e da Lilit, se não se tem qualquer consciência dessa divisão em si, da necessidade de integrar a “outra” não importa que outra, isso acabará por desunir as mulheres e acabar com os grupos…porque as mulheres lutam entre si e com as suas rivais, aquelas que representam no grupo a sua sombra.


E a nossa sombra reflete-se (in) justamente naquela que rejeitamos e tememos, não importa que nome lhe demos, por isso, temos que antes de qualquer caminho, iniciação ou ritual olhar e validar esse outro lado de nós…e se não é esse o primeiro trabalho da mulher consigo não chegaremos a nenhum lado e tudo que faremos é contar lindas histórias para nós e uma às outras. Desse modo nunca sairemos do mesmo plano em que nos colocaram os patriarcas e as religiões porque estaremos a evocar também religiões e rituais do passado e pior do que isso, eles foram deturpados por centenas de anos e não sabemos como. Se não percebermos que é dentro de nós que tem de haver a mudança e que este é o ponto essencial, o da integração das duas mulheres em nós, e que este sim, tem de ser forçosamente o ponto de partida para qualquer começo do caminho da Deusa, então não percebemos nada da Mulher nem da Deusa!


(rosaleonorpedro)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

SEPÉ TIARAJU


Sepé Tiaraju, a lenda





"Esta terra tem dono


e nos foi dada


por Deus e São Miguel"


Sepé Tiarajú




Sepé Tiarajú nasceu na Redução de São Luiz Gonzaga, órfão de pai e mãe, foi adotado por um padre jesuíta e transferido para a Redução de São Miguel Arcanjo.


As reduções seguiam os moldes da legislação espanhola. Primeiramente era demarcada a Igreja e a Praça Central e a partir deste núcleo erigia-se as demais construções. Os índios guaranis reduzidos, desenvolviam atividades como agricultura, pecuária, marcenaria, pintura, escultura, isto é, aprendiam um ofício. Tais organizações permaneceram em atividade por mais ou menos um século e meio.


As Ruínas de São Miguel, no Rio Grande do Sul, são o testemunho silencioso do intento missionário das "Reduções índias", nos séculos XVII e XVII. Sepé Tiarajú, São Sepé, aos olhos do povo, era o Alferes Real e Corregedor do Povo de São Miguel, o quarto dos Sete Povos das Missões e o mais ilustre chefe guerreiro guarani, que foi assassinado, juntamente com 2500 outros guerreiros, pelos exércitos espanhóis e portugueses, nos campos de Caiboaté, às margens da Sanga da Bica em 7 de fevereiro de 1756.


A região das Missões englobava 33 populosas cidades da República dos Guaranis. Todas eram comunidades prósperas e muito bem organizadas, contando com uma população de 6 a 10 mil habitantes. Todo este próspero panorama sofre drásticas transformações em função das conquistas das coroas portuguesas e espanholas. O Tratado de Limites, assinado em 13 de janeiro de 1750, em Madri, condenou o povo a abandonar suas casas, suas terras e suas vidas, dentro de no máximo um ano. Os jesuítas conseguiram esticar este tempo para 4 anos. Neste momento aparece a figura histórica e heróica de José Tiarajú. Ele assume a liderança de um movimento de resistência guarani. Convém esclarecer que o Tratado de Madri, tinha intenção de resolver os conflitos entre Portugal e Espanha. Trocava os Sete Povos das Missões que ficaria para Portugal, pela Colônia de Sacramento, que ficou para a Espanha. Sepé Tiarajú foi sacrificado para preservar o sistema colonial.


Hoje vivem no Brasil, cerca de 345 mil índios (números da FUNAI), distribuídos entre 215 sociedades indígenas, que perfazem 0,2% da população brasileira.


A LENDA


Ficou decidido pelo Tratado de Madri, que a Espanha trocaria com Portugal sua possessão conhecida por Sete Povos das Missões pela Colônia do Sacramento. Milhares de índios guaranis, catequizados e civilizados pelos jesuítas espanhóis, habitavam as Missões. Mas, conforme regia o tratado os habitantes das Missões deveriam deixar suas terras e mudar-se para o território pertencente aos espanhóis. Acontece que o prazo da mudança era muito curto e, os índios descontentes, não iriam ter tempo suficiente para realizar tal feito. Os jesuítas interferiram e obtêm um prazo maior. Mas neste momento surge Sepé Tiarajú, um índio jovem, muito forte e admirado por todos, que possuía uma namorada chamada Jussara. Certa manhã, ao acordar, correu até Sepé para relatar que tivera um sonho no qual um anjo lhe dissera que grandes sofrimento estariam por vir.


Um jesuíta, chamado Padre Balda, ouviu tal conversa e procurou acalmá-los e fazê-los esquecer o mau presságio. Logo em seguida chega a ordem para desocuparem as terras e as tropas espanholas e portuguesas encontravam-se por perto para cumprirem tais ordens. O jesuíta, dirigiu-se aos índios, tentando persuadi-los: - De nada adiantará uma revolta, meus filhos. Apenas daremos às tropas motivo para atacar-nos. Vamos em paz e reconstruiremos nossa cidade e nossas lavouras.


Sepé então desculpou-se com o jesuíta, mas prometeu oferecer defensiva. Não permitiria que seu povo entregassem aos portugueses o fruto de tantos anos de trabalho. No dia seguinte reuniu seus guerreiros e partiu a cavalo ao encontro do inimigo.


Jussara desesperou-lhe, mas nada mais poderia ser feito.


No acampamento português, Sepé foi feito prisioneiro e arrastado à presença do general lusitano. Mandaram o bravo índio beijar a mão do general e ele recusou-se:


- Ninguém me obrigará a beijar a mão de outro homem. Depois sou eu o dono destas terra que tentam tomar.


O general português riu-se:

- Você é apenas um pobre bárbaro, mais nada.


Os olhos de Sepé estavam incendiados de raiva quando respondeu:


- Bárbaro? Tu é que pretendes arrancar a terra de seu dono e eu luto em defesa de meu povo. Quem é afinal, o bárbaro aqui?


Quando o general percebeu que não conseguiria nada por mal, resolveu mudar de tática e fingiu-se de amigo tentando obter a informação de onde estavam escondidos os cavalos de seus guerreiros para que pudesse apossar-se deles e deixar o inimigo sem meio de ataque. Nem uma palavra foi dita pelo índio, que muito ágil ainda conseguiu escapar.


Ao retornar às Missões, o povo vibrou de alegria. Sepé revelou o conteúdo da sua conversa com o general português e admitiu que agora odiava mais do que nunca o inimigo. O jesuíta percebendo a agitação que dominava o índio pediu que ele descansasse, acreditando que algumas horas de sono abrandasse sua revolta. Sepé obedeceu, exausto como se encontrava, o ódio cedeu ao sono e ele adormeceu.


Alguns dias mais tarde como os índios não tinham deixado as Missões e o prazo se esgotara, as tropas portuguesas aguardavam a chegada das tropas espanholas para juntas expulsarem os desobedientes. Mas, depois de algum tempo chegou um informe notificando-lhes que os espanhóis ainda demorariam para lá chegar. O chefe português foi então obrigado a recuar e voltar para permanecerem aquartelados. Quando tal notícia chegou as Missões, o povo interpretou a retirada do inimigo como uma derrota e a alegria foi imensa. Mas, como tudo que é bom dura pouco, um mês depois um grito ecoou e transformou imediatamente o ânimo daquela gente:


- Vamos ser atacados!


Chegavam os portugueses e espanhóis juntos. São Sepé assume a chefia de seu povo e correm para preparar-se para guerra que se aproximava. Sepé despede-se de Jussara e parte com seus guerreiros.


Os índios defenderam-se bravamente. As balas de seus oponentes eram respondidas com suas flechas. Caem homens dos dois lados. Brancos e índios confundiam-se no ardor da peleja. Tal coragem frente a tão possantes armas surpreendiam o inimigo. Mas estes últimos também eram mais inteligentes e percebem que o coração da batalha era Sepé. Resolvem então concentrar-se nele. Aos punhados, cercam-o e o acirrado combate prossegue e Sepé é atingido. Ele agarra-se ao pescoço de seu cavalo num esforço para não cair. O índio tenta resistir, mas fogem-lhe as forças. Tudo escurece e seu corpo cai ao solo. Um soldado o persegue, aponta-lhe a arma e atira.


Sepé está morto! Deixou de existir o defensor dos povos das Missões.


A luta no campo prossegue e um a um os índios caem feridos. A terra cobre-se de sangue. Entre os milhares de corpos dos indígenas, estão inúmeros jesuítas, mortos quando tentavam proteger os nativos.


O manto da noite cobre a cidade abandonada e silenciosa, tornando-a triste. Ninguém acreditaria que ali vivera um povo alegre e laborioso.


Tudo estava terminado.


Aqui no extremo sul do Brasil, Sepé Tiarajú é o símbolo da resistência e do instinto de liberdade de um povo. Ele foi um típico herói missioneiro que passou para o folclore gaúcho como santo. Depois de 13 anos de sua morte, o poeta Basílio da Gama, escreveu o poema épico da literatura brasileira, "O Uraguay", intuindo um carisma todo especial à Sepé, quando descreve sua subida aos céus. Ele foi também, a fonte de inspiração do escritor Alehy Cheiche que o homenageou em "Romance dos Sete Povos das Missões". Sua vida e obra recentemente, materializou-se no filme "A Missão" com a participação do conhecido ator Robert de Niro.


No Rio Grande do Sul há um rio e um município com seu nome. Há também, muitas entidades tradicionalistas que homenageiam este índio-santo e em Santo Angelo vislumbra-se uma estátua sua no centro da cidade.


Em 1983, as Ruínas de São Miguel Arcanjo foram tombadas pela UNESCO como Patrimônio Histórico da Humanidade, o único no Rio Grande do Sul. Hoje as Reduções são pontos turísticos visitados por pessoas do mundo inteiro. Integram o Circuito Internacional das Missões Jesuíticas, criado em 1994 e lançado pela UNESCO em 1997, em Havana, como o quarto Roteiro Turístico em nível mundial.


"ESTA TERRA TEM DONO!!!..", que este grito de guerra de Sepé Tiarajú encontre eco em outros brados, outras lutas, agora que nos encaminhamos para novos tempos. É hora de cultivarmos mais amor pela nossa terra e nossa gente, para que nossas façanhas possam também serem lembradas e talvez, quem sabe, servirem de modelo para todo o mundo.



http://www.selapintura.com/88.pt.php

terça-feira, 19 de julho de 2011

SOBRE O FINAL DA SAGA HARRY POTTER



(...)Tornei-me uma verdadeira expert em maldições e feitiços. Desde ascendium, passando por aguamenti, indo para alohomora....cada um deles com uma finalidade específica. Os mais impactantes, contudo, são os feitiços considerados mais perigosos e, por essa razão, proibidos pelo Ministério da Magia: cruciatus, imperius e avada kedavra.


O que está me fazendo pensar muito, mas muito mesmo durante esse período pós-filme diz respeito a um detalhe muito sutil, qual seja: o fato da conjuração da morte (avada kedavra) não ter sido usada um só instante pelos guerreiros da Luz, ou seja, tanto por Harry Potter, como por seus amigos.


A eticidade no combate travado entre eles e os comensais da morte e demais seguidores de Voldemort passa pelo silêncio na utilização da conjuração. Uma pérola para falarmos em carma, arbítrio e combate na Luz, porque, afinal, seria bem mais simples todo mundo ficar lançando raio verde de um lado ao outro, cada qual matando um ao outro.


Muitos amigos e amigas de Harry morreram sob o jugo da avada, mas, por outro lado, a força contida no plano da luz alimentou, ao final, a derrocada de Voldemort. Quando todos no cinema poderiam supor ser o momento de Harry - na superioridade - lançar a avada kedavra no moribundo Voldemort, eis que a lição foi exatamente outra: o mal se esgota e se aniquila por si só, em face da destruição que contém em si mesmo.


Voldemort foi morto - diga-se de passagem - por sua própria inteligência destrutiva, que criou horcruxes para dividir sua alma e dificultar o acesso à própria destruição. Ou seja, a vilania criou, desde o início, o contraponto do fim, pois o comportamento de Voldemort gerou cada um dos utensílios que fragilizariam sua existência.


E para coroar a perfeição, não poderia supor existir outra horcrux, que era o próprio Potter, num contraponto de feitiço ricocheteante, gerado sob a bandeira do amor incondicional da mãe do menino por este, uma vitória eterna do Bem em relação ao estereotipado mal.


O mais genial, nisso, contudo, reside em um momento do filme onde Voldemort, abraçado a Potter, confunde sua face com a dele, fundindo-se em um só rosto, a superação do ego e do alterego. O mesmo tipo de batalha interna presente na saga The Lord of the Rings, onde Frodo e Gollum, lado a lado, ambicionam e lutam pelo anel. Grosso modo, quem salvou a Terra Média foi o cobiçador Gollum, pois este foi quem pulou no decidido Frodo, que estava com o anel no dedo, tendo feito a escolha. Um paradoxo, pois, afinal, a personificação do Bem estava no hobbit, e não no deformado espectro...


Voldemort gerou seu fim desde o início, pois a derrocada apenas se deu por conta de toda uma empreitada de evitabilidade do que é inevitável: a morte. O lorde das Trevas quedou por tentar vencer o fim, enquanto Potter venceu porque, morrendo, encontrou a vida e, com ela e para além dela, enfrentou seu medo e renasceu. Tanto que, momentos antes, encontrou as energias dos parentes e amigos mortos, indo logo perguntar: "doi muito?" 'Mais rápido do que adormecer...Uma pérola!


Mas voltemos ao início, à maldição da morte, avada kedavra...Nunca proferida, uma única vez, por ninguém da Luz...O próprio Professor Lupin, antes dos combates, olhando para o horizonte repleto de capas negras dos comensais, fala que o importante não é a quantidade de pessoas, mas a MOTIVAÇÃO interna, a força contida no desiderato de cada um. Essa foi a sacada do filme, para mim, pois somente aí entendi onde reside realmente a superação das limitações...


Não é na reação oposta à ação, e sim na sublimação da ira contrafeita e contraposta, para, num perfeito golpe de aikidô, usar-se a energia do oponente para neutralizá-lo... A mãe Wesley soube bem usar isso, pois, vendo que a filha havia sido paralisada pela Belatrix Lestrange, enfureceu-se e...aha! Quando todos pensavam - de novo, olha só nossa pequenez - que iria falar AVADA KEDAVRA, ela simplesmente se encheu de sentimento de defesa - AMOR, sim, amor pode ser e é uma linda defesa - e se lançou na bruxa que, depois de tanta espinafrada, quebrou-se como uma louça chinesa. E nada de avada kedavra!


É...vendo esse filme lembro-me da necessidade de evoluir, pois, em muitos momentos, era eu quem estava prestes a falar AVADA KEDAVRA, mais ninguém...


Daí, quando pensei que já teria tido minha lição, eis que aparece Dumbledore, explicando a Harry que a maior magia reside - na opinião dele - nas palavras. Daí me lembro que a era da espada, por muitas vezes, em meus ciclos encarnatórios, transmutou-se na era da palavra...ou seja, matamos com palavras, assim como podemos remediar com as palavras, construir com cada uma delas e demover obstáculos com tantas outras.


Por isso, sabiamente conclui que o que fazemos nessa vida ecoa realmente pela ETERNIDADE. E viva toda a lição singela aprendida numa saga para lá de simbólica e espiritual. Uma pérola para se entender um pouco mais sobre o que é realmente AMOR.
 
Link desta postagem: http://sagradosegredosdaterra.blogspot.com/2011/07/as-grandes-licoes-da-saga-de-harry.html

terça-feira, 12 de julho de 2011

MULHERES. APENAS MULHERES.



"Como transformar a nós mesmas e ao mundo"



“Campos mórficos e arquétipos funcionam como se tivessem uma preexistência invisível fora do tempo e do espaço, tornam-se imediatamente acessíveis quando nos alinhamos à sua forma e então se expressam em nossos pensamentos, sentimentos, sonhos e acções.”*



“ Para um Círculo de mulheres ser seguro ele precisa ser um útero para novas possibilidades, onde a mulher e o seu sonho possam ser sustentados enquando ainda estão com contornos pouco nítidos e ainda no escuro."



Por vezes penso cá para mim que é quase impossível para nós, as poucas mulheres que vislumbramos o que seja a plenitude do Caminho da Deusa, de FORMA EFETIVAMENTE REAL, integrada, respirada e sentida, vivida nos nossos poros e pele, no nosso sangue, no nosso coração secreto, no nosso corpo cálice, atingir uma expressão verdadeira, autêntica, visceral e magnética, a fim de que sua manifestação seja em nós A iniciação e descoberta e revelação para o mundo e não irmos apenas atrás de meros rituais, por mais aliciantes que sejam, são ainda imitações do passado do qual nada sabemos ao certo, para que enfim seja real na nossa vida diária essa consciência do Feminino Sagrado na Terra. Teoricamente até podemos todas saber muito acerca de deusas e dos seus mistérios, mas de nada serve se não tivermos integrada Lilith, a nosa Sombra, a mulher outra que nos foi roubada pela cultura patriarcal, há séculos...


Vendo no dia a dia como são raras as mulheres que conheço, que sejam realmente capazes dessa ousadia, capazes desse querer, capazes de serem o que sentem e deixarem de ser controladas pelos ideiais de outra coisa qualquer, do céu e não da terra, de ser esposa e mãe ideal ou mulher de sucesso, artista ou mesmo terapeuta, presas a maridos, amantes, filhos e lideres, poucas são de facto as mulheres que se apercebem dessa dimensão em si próprias e dedicam o seu ser e a sua energia à sua própria causa, a causa do seu ser interior, ao encontro com a sua Lilith e o seu resgate, em apostar 100 por cento em ser mulher inteira, mantendo-se antes tudo e lamentavelmente "fieis" e servas dos seus companheiros que as mantêm cativas dos seus interesses também.


Nada tenho contra o companheirismo se ele existir em plenitude e reciprocidade, mas duvido que assim seja...poucas ou raras mulheres seriam capazes de trocar o abraço de um amante pelo da deusa....ou de uma irmã...disso tenho provas...haja um amante e nenhuma mulher avança...fiel a Lilith que em nada se submeteu e partiu contra deus e os homens, votada ao descrédito...


Não digo que essa seja a finalidade de toda a mulher, mas neste momento seria preciso que muitas mulheres tivessem essa coragem de ousar e serem MULHERES. APENAS MULHERES.


Destaco aqui por vezes mulheres grandes, mulheres que se empenham nas causas da humanidade, mulheres que são exemplos de feitos, escritoras fantásticas, mulheres de grande espírito de abnegação e voluntariado, faço-o como exemplos de vontade e como coisa quase rara mas, mais raras ainda são as mulheres que se afirmaram por procurarem se consciencializarem de si mesmas, coerentemente, sem ser por acréscimo ou distracção, e se empenham na sua causa, de corpo e alma e isso não depende da fama ou do dinheiro que se tem, mas sim da vontade própria, no empenhamento do seu SER total e não como a grande maioria que continua fiel às normas sociais e presas às leis da sociedade patriarcal, aceitando a sua fragmentação…a sua divisão interior, psicológica e sexual, em boas e más, em feias e belas…em pobres e ricas, gorda s e magras…e só lutam dentro desse contexto, lutando contra a maré que as engole e avassala, que as anula e destrói..


"Quando a psique de uma mulher está gerando uma ideia do que poderá ser feito ou o que poderá realizar-se, ser ridicularizada aborta o que poderia emergir; a indiferença a mata de inação.


Um círculo seguro sustenta, em confiança, o sonho daquilo que ela poderá vir a ser e alimenta a possibilidade.


Às vezes quase que desanimo por completo, perco a esperança nesta luta, nesta vontade que me anima de partilhar o que realmente podia ser um mundo em que a mulheres fossem conscientes do seu potencial e da seu poder interno! (se as mulheres se unissem de coração e sem hesitação, o mundo mudaria num instante estou certa...)


Eu sei e pela minha própria experiência em vários encontros no Feminino que embora não sendo ainda nada conclusivo, e sejam meritórios todos esses esforços, não posso deixar de constatar quão poucas são as mulheres que vivenciam as suas experiências de forma integrada e consciente, e como são ainda incapazes de vencer os obstáculos para aparecer ou formar um grupo e se darem de corpo e alma…ou simplesmente dar a sua presença! Fazem-no, como costumo dizer, sempre que o empenho é no corpo de sedução ou na sexualidade, quando de algum modo podem lucrar para seduzir o macho...ou recuperar a sua imagem de consumo mercantil.


Dizem-me muitas vezes que sou extrema, mas é a minha Lilth que vos fala e de nada adianta contemporizar neste caso, pelo menos no meu caso, ela não me permite tal. No entanto, eu também sei, que entre as poucas mulheres que se mantêm fiéis pela sua presença e empenho onde quer que estejam a experiência da Deusa foi e é inequívoca…mas neste momento já esperava um maior avanço confesso. Vejo interesses pessoais acima de tudo, vejo procura de lucro pessoal, de desconfiança nas outras e falta de entrega verdadeira...vejo a teoria e a brincadeira, o jogo de interesses e o tráfico de influências ainda, vejo a superficialidade e a falta de seriedade...vejo tudo e bem sei que é chato a Idade de Hecate...


- Penso que era tão simples se houvesse vontade....e se em vez de 5 ou 6 ou dez mulheres dispersas por aí e cada uma por seu lado mesmo que cheias de boa vontade, formássemos um grupo ou vários grupos de mulheres que se unissem e trabalhassem nesse sentido mas com total empenho, como sugerem os Círculos das Mulheres de Shinoda Bolen em o MILIONÉSIMO CÍRCULO, tudo podia acontecer muito mais depressa desde que cada uma de nós dedicasse tudo de si a si mesma…de alma e coração!


"Estar num círculo é uma experiência de aprendizagem e crescimento que incorpora a sabedoria e a experiência, o compromisso e a coragem de cada mulher que o compõe. (...)


Porque este si mesma, apesar de nos dizerem que é egoista e imoral, significa dádiva e empenhamento e não fechamento egoísta e vazio, em causas perdidas de vaidade e sucesso pessoal.


Bem sei que eu nada posso fazer mas para mim é irreversível o Caminho da Deusa, porque esse caminho sou EU própria.


"A versão atual deste movimento pode se autodenominar grupo de discussão, ou pode ser um círculo de oração ou de meditação, um grupo de estudo, de apoio ou pode, ainda, ser um grupo com um projeto ou uma causa. Qualquer que seja o nome, qualquer que seja a agenda, se for um círculo com um centro, os seus membros são testemunhas, modelos, e possuem conexões de alma entre si. Eles tornam-se agentes de manifestações de apoio psicológico e espiritual não palpáveis, tornando-se fiadores de uma realidade e de uma possibilidade. Grupos de apoio mútuo e aprendizado. Agentes de mudança.”*


*in o MILIONÉSIMO CÍRCULO – de Shinoda Bolen
 

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sábado, 2 de julho de 2011

CARTA DE UMA MULHER INDÍGENA




Eu sou uma mulher indígena, filha da terra e do sol, pertenço a uma raça milenária  que hoje conservo como um tesouro ... convivo com aquilo que me rodeia, chuva, vento, montanhas, céu ... Eu estou feliz nesta solidão ... Eu tenho tempo para contar as estrelas, tempo para conseguir meus sonhos, para dançar com os pássaros sentindo o ar fresco da amanhecer e em silêncio falar com animais,com as plantas, com os espíritos ...



Semear com a Lua  os frutos do alimento, tingir a lã para fazer os tecidos, estudar medicina como minha avó me ensinou, cantando o novo dia.


Sei amar simplesmente com fidelidade e ternura ... Sou mulher indígena, mulher como a Mãe Terra, fértil, calma, protetora e forte.


Eu não sei de economia ou bancos, política ou subvenção.Mas eu sei quando meu mundo está em perigo e sei quando as coisas são boas ou não.


Eu não entendo muitas coisas, as pessoas do governo que vêm com muitas promessas, palavras ao ar quando há eleições e depois nada, quem vem  querer mudar o meu mundo, minhas roupas, minha espiritualidade ... aqueles que roubam, os que experimentam com os meus filhos, ou  retiram seus órgãos para os ricos, os que mentem, os que tomam as minhas terras, os que me exploram, eles trocam a minha arte e meus tecidos por alimentos ou bebidas alcoólicas e pagam uma ninharia pelo  trabalho de meses para vender em cidades distantes da Europa.


Eu não entendo aqueles que vêm como meus amigos para me tirar conhecimento, que vêm com grandes máquinas para cortar a floresta, que cortam a terra para obter seu sangue, que escondem lixo nas latas para nos contaminar, o que nos coloca vacinas, experimentando com o meu sangue, aqueles vêm com boa fé e crêem que vêm para ajudár-me  a  me integrar para me confundir, que me colocam sapatos,  querem mudar meus costumes ancestrais, que me olham como um bicho raro e tiram fotos,  querem que eu dançe por dinheiro, que vêm com muitas palavras bonitas para construir igrejas em nossos lugares sagrados, aqueles que procuram me escravizar com coisas fora da minha cultura, que vêm armados para nos expulsar de nossas terras, aos estrangeiros que vêm de férias enfrentando os militares e voltam  protegidos a suas terras distantes ... às vezes as coisas pioram para o nosso povo, prende-nos, matam-nos ...


Eu não entendo aqueles que me desprezam, que me ignoram, eles não se importam comigo e roubam tudo, até minha dignidade ...


Sou mulher indígena e  sei que quero mudar as coisas,essas coisas que dóem por dentro e vão se agravando com a impotência; falta de moradia, destruição, palavras quebradas, a indiferença, o desamor e  o sentimento de estar sendo constantemente violada.


Eu quero gritar: Deixe-me em paz ... Eu quero viver de forma simples, com a terra e com o meu povo, rindo, que cria,  e que vibra com a vida assim como ela é, sem mudar as coisas, que compartilha, que acaricia, que não tem pressa e ama sem esperar nada, que não se aborrece ...


Eu quero me respeitem, eu sou uma mulher da terra, forte como a árvore que resiste ao vento, como um junco na correnteza, como a montanha mais alta, colibrí frágil e doce como os entardeceres.


Eu sou mulher indígena, filha da terra e do sol e mesmo que eu não entenda muitas coisas, se eu quero, eu tenho esperança e sei que as coisas podem mudar.



TEXTO ORIGINAL:

Soy una mujer indígena, hija de la tierra y el sol, pertenezco a una raza con una cultura milenaria que hoy conservo como un tesoro…Convivo con lo que me rodea, con la lluvia, el viento, la montaña, el cielo…Soy feliz en estas soledades…tengo tiempo para contar las estrellas, tiempo para poner mis sueños al día, para danzar con los pájaros sintiendo el aire fresco del amanecer y hablar en silencio con los animales, con las plantas, con los espíritus…



Sé sembrar con la Luna los frutos del alimento, teñir la lana para hacer el tejido, hacer medicina como me enseñó mi abuela, cantar al nuevo día.


Sé amar sencillamente con fidelidad y con ternura…Soy mujer indígena, mujer como la Madre tierra,fértil, callada, protectora y fuerte.


Yo no sé de economía, ni de bancos, ni de política ni subvenciones.Pero si sé cuando mi mundo está en peligro y sé cuándo las cosas son buenas o no.


No entiendo de muchas cosas, a la gente del gobierno que vienen con muchas promesas,palabras de aire cuando hay elecciones y después nada, a los que vienen a querer cambiar mi mundo, mis vestidos, mi espiritualidad…los que roban, los que experimentan con mis hijos,o les sacan sus órganos para los winkas ricos,los que mienten, los que me sacan las tierras, los que me explotan, los que intercambian mi arte y mis tejidos por comida o alcohol y me pagan una miseria por el trabajo de meses para venderlos en las ciudades lejanas de Europa.


No entiendo a los que se hacen mis amigos para sacarme conocimientos, los que vienen con grandes máquinas para talar el bosque,los que agujerean la tierra para sacarle su sangre, los que esconden en la comunidad basura en bidones para contaminarnos, los que nos ponen vacunas, los que experimentan con mi sangre, los que tienen buena fe y creen que vienen a ayudarme a integrar-me para confundirme, los que me ponen zapatos, los que quieren cambiar mis costumbres ancestrales, los que me miran como un bicho raro y me sacan fotos, los que quieren que baile por dinero, los que vienen con muchas palabras bonitas a hacer iglesias en nuestros lugares sagrados, los que intentan esclavizarme con dependencias ajenas a mi cultura, los que entran armados en nuestras tierras para echarnos, a los extranjeros que vienen de vacaciones de guerrilla a enfrentarme con los militares y luegos e van protegidos a sus lejanas tierras…a veces las cosas se ponen peor para nuestra gente, nos apresan, nos matan…


Tampoco entiendo a los que me desprecian, los que me ignoran, los que no les importo nada y me roban todo, hasta mi dignidad…


Soy mujer indígena y sé lo que quiero cambiar cosas, esas cosas que duelen dentro y se van agrandando como la impotencia, el desamparo, la destrucción, las palabras incumplidas, el desamor y ese sentimiento de estar siendo violada constantemente.


Quiero gritar¡ Déjen-me en paz!… Quiero seguir viviendo así simplemente, con la tierra y mi gente, la que ríe, la que crea, la que vibra la vida así como es, sin alterar las cosas, la que comparte, la que acaricia, la que no tiene prisa y ama sin esperar nada, la que no se aburre…


Quiero que me respeten, soy mujer de la tierra, fuerte como el árbol que resiste al viento, como el junco en la corriente, firme como la montaña más alta, frágil como el colibríy, dulce como los atardeceres.


Soy mujer indígena, hija de la tierra y el sol y aunque no entienda muchas cosas,se lo que quiero, tengo esperanza y sé que las cosas van a cambiar.

Encontrado no facebook, no mural de Raul Rivera