imagem: Jia Lu, Illuminated

"EM CADA CORAÇÃO HÁ UMA JANELA PARA OUTROS CORAÇÕES.ELES NÃO ESTÃO SEPARADOS,COMO DOIS CORPOS;MAS,ASSIM COMO DUAS LÂMPADAS QUE NÃO ESTÃO JUNTAS,SUA LUZ SE UNE NUM SÓ FEIXE."

(Jalaluddin Rumi)

A MULHER DESPERTADA PARA SUA DEUSA INTERIOR,CAMINHA SERENAMENTE ENTRE A DOR E AS VERDADES DA ALMA,CONSCIENTE DA META ESTABELECIDA E DA PLENITUDE A SER ALCANÇADA.

BLOG COM MEUS POEMAS:

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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

RECADO ÀS MULHERES



Na verdade o que se percebe é que muitas mulheres 

buscam no suposto "feminino sagrado" "magias e 


artes ocultas" para seduzir melhor os homens...não 


para serem senhoras de si e auto-suficientes... 


verdadeiramente conscientes do seu valor como 


mulheres.


Rosa Leonor Pedro



Relativamente à questão que a Rosa Leonor começou 


por levantar no seu post, o estado de coisas é 


verdadeiramente decadente. Os equívocos são tantos 


e a ignorância acerca do amor e da sexualidade tão 


aflitiva, que nem sei por onde 


começar. 


Vivemos numa sociedade sem verdadeiras referências, 


onde a maioria das pessoas (sem estrutura para lidar 


com a aceleração que a vida sofreu) se move 


obcecada por entre...obsessões. Como o trabalho 


interior ficou por fazer, a desordem e vazio internos 


são de tal modo insuportáveis que as pessoas não 


conseguem estar sós consigo mesmas. 


Há que manter as bengalas exteriores 


(dinheiro, companhia, estatuto) e prosseguir na 


acelerada alienação à superfície e na periferia do 


ser.Voilà! Como não há princípios nem qualquer 


sentido de respeito pelo outro, vale tudo (até mesmo 


tirar olhos).


 Não lhes importa que a magia seja branca ou negra 


ou às riscas amarelas. O que interessa é que funcione 


e tenha o efeito que se pretende. 


Não deve haver na história registrada uma era em que 


o oportunismo sem escrúpulos tivesse tido 


um protagonismo comparável ao que hoje 


testemunhamos no caráter de tanta gente...



Mariana Inverno

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

MELISSAS...



"Não
acredito
em Deus porque
nunca o vi. Se ele quisesse
que eu acreditasse nele, sem dúvida
que viria falar comigo. E entraria pela minha
porta adentro dizendo- me, 'Aqui estou!' Mas se Deus
é a colmeia e a abelha, o pólen e o néctar e o sol e a lua,então
acredito nela e acredito nela a toda hora, e a minha vida é toda uma
oração e uma missa e uma comunhão com os olhos, com os ouvidos.
Eu a honro vivendo espontaneamente, como uma mulher que
abre os olhos e verdadeiramente enxerga, e chamo-a
colmeia e abelha e pólen e sol e lua, e eu a amo
sem pensar nela, e penso nela
vendo e ouvindo,
e ando com
ela."

(Interpretação da Mestra Abelha do "O Guardador de Rebanhos" do poeta português Fernando Pessoa)

(...) A Mestra Abelha sabe que tudo nasce da mulher.
O que para você é o universo, é para nós o yoni- verso, a própria criação é uma doce canção do yoni.
O macho nunca deu à luz alguma coisa.
Ele pode ser a semente, pode ser a concepção, mas sem a recepção e a criatividade, não pode haver nascimento.
Por isso nós vimos o Grande Yoni como O Vazio, como o Parente Eterno segurando a Bisavó e o Bisavô, e vemos o início dos ensinamentos que dizem respeito à sexualidade alquímica, onde nossa Terra se manifesta como o centro sexual do nosso Universo.
E assim, no Grande Vazio, havia algo dentro do nada, a pura luz do coração, a energia em forma mental, e disto, inspiração, expiração, inclusão, Bisavó, a fêmea, o ovo, o receptivo, o criativo.
E então a exalação, a explosão, a semente, o ativo, o Parente se vendo em seus dois lados e fazendo amor, e, a partir disto, criou a si mesmo em todas as formas e em todas as coisas.
Este é o verso yoni no qual temos o nosso ser e este é o contexto no qual desejo que escute o que se segue.(...)

(...)Para a maioria das pessoas no Ocidente, o yoni é pecado, vergonha, folhas de figueira!
Mas ele não é um recipiente passivo, e sim uma inteligência, e o trabalho empreendido com inteligência é o nosso fulcro.
Nenhuma religião, na prática, foi boa com as mulheres, todas representam século após século de opressão.
As mulheres no Caminho do Pólen estão plenas de poder.
Não empoderadas como muitas mulheres o estão nos dias atuais e em nossa época, quando, numa tentativa de adquirir um poder que lhes foi tirado, elas muitas vezes se tornam uma imitação dos homens.
O SOL e a Terra não competem entre si, eles são opostos.
Observe a natureza: a oposição cria o grande todo, a harmonia.
A competição destrói.
As Melissas não competem com os homens; em vez disso elas entendem que seus poderes enquanto mulheres podem ser sensuais, sexuais, luxuriantes, apaixonados, até mesmo libertinos, e que isto não as torna um objeto para você ou qualquer outro homem.
De fato, é o poder das Melissas que faz nascer todas as coisas: sexualidade, emoção, mente, corpo e espírito.
Nosso tesouro está na colmeia de nosso conhecimento, pois somos coletoras de mel da mente. (...)


(...) A Abelha Rainha sabe que as Melissas se incidem em dois agrupamentos distintos, dois tipos primários atraídos para este trabalho: o tipo maternal e o tipo magnético.
Cada uma de minhas filhas, minhas Melissas, se inclina em vários graus para um ou outro desses extremos.
Se ela for puramente do tipo maternal, pedirá pouco, além de ser fecundada, ano após ano, proteção e provimento para sua prole, quer isto seja um ritual, um sonho sagrado, ou realmente uma criança.
Se ela for do tipo magnético, e fiel às leis de sua natureza, ela não se negará a ninguém que a chame em nome da tradição.
Solicitada pelos poderes do sexo feminino dentro dela, é por natureza desapiedada, é solitária e livre para se movimentar e, se leal a si mesma, ela não se liga nem por uma hora a outro, além da comunhão perene que mantém com a colmeia.(...)



(...) Há outro tipo de abelha que também se movimenta de flor em flor, mas não sorve néctar.
Em vez disso, devora a flor com todos os seus sentidos; inalando a fragrância, saboreando o gosto, absorvendo a cor.
Ela assimila a canção de alegria evocada pela luz do sol nas pétalas.
De volta a colmeia, ela também partilha seu prêmio com a comunidade.
As abelhas se reúnem em um círculo, e cada uma dança expressando as benesses que coletou: dança a alegria, dança o esplendor, dança o deleite.
Uma a uma, elas acrescentam a sua parte para encher o caldeirão no centro.
Então todas dançam juntas, em torno do caldeirão, cantando louvores a face visível dos espíritos.
A mistura resultante amadurecerá e fermentará se tornando um mel que também é rico e doce - e para a maioria das pessoas completamente invisível. (...)

"O Antigo Mistério Feminino da Sexualidade Sagrada - O Caminho Xamânico da Abelha", Simon Buxton, Editora ProlíBera
Imagens:  Sami Edelstein

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

ESPIRAL





“A vida é como uma espiral e não como uma linha reta. Passado e futuro se encontram em um infinito presente”.

A espiral é a essência do mistério da vida. Assim como se centra, ela também para, se encontra, se retorce e, então, desce e sobe novamente em graciosas curvas. O tempo se retorce em torno de si mesmo, trazendo os ecos e vibrações enquanto que os caminhos vivos da espiral passam próximos um do outro. A vida corre por estradas sinuosas, os seres se encontram em determinados pontos de suas caminhadas, se entrelaçam, se afastam, partem, retornam às origens. O ponto de partida também é o ponto de chegada trazendo-nos a questão do retornar sempre, reencontrar-se e se renovar.

As espirais também circulam dentro de nós, a energia circula em espiral, é onde a matéria e o espírito mais perfeitamente se encontram, e o tempo, por ele mesmo, não existe. Os nativos lembram as diversidades da vida e dos caminhos, e não compreendem o mundo de forma linear, o seguir em frente em uma única direção como se a vida fosse uma linha reta traçada entre um ponto de início e um de término. O destino é sempre ir além. O grande desafio de todo ser, por natureza um guerreiro trilhando as estradas das espirais da vida, é essa busca, é o retorno, é a partida, é caminhar em círculos/ciclos assim como caminha a natureza, pois somos parte dela. É fazer girar a roda do tempo, não nos prendendo em nenhum ponto em específico porque, assim, podemos vislumbrar os mais diversos pontos que compõem a espiral.

Sobre as formas espiraladas e circulares, Alce Negro, dos Oglala Sioux coloca o seguinte: “Tudo que o poder do mundo faz é feito em círculo. O céu é redondo, e tenho ouvido que a terra é redonda como uma bola, e assim também o são as estrelas. O vento, em sua força máxima, rodopia. Os pássaros fazem seus ninhos em círculos, pois a religião deles é a mesma que a nossa. O sol nasce e desaparece em círculo em sua sucessão, e sempre retornam outra vez ao ponto de partida. A vida do homem é um círculo, que vai da infância até a infância, e assim acontece com tudo que é movido pela força. Nossas tendas eram redondas como os ninhos das aves, e sempre eram dispostas em círculo, o aro da nação, o ninho de muitos ninhos, onde o Grande Espírito quis que nós chocássemos nossos filhos”.
Para os antigos celtas essa é toda a essência do mistério da vida. O circular, o espiralado. O tempo, uma das triplas linhas tão importantes para o imaginário celta, se retorce em torno de si mesmo. Os astecas achavam que certas flores que tinham em seu centro espirais, eram a alegria do mundo, mostrando o ciclo do sol, quando nasce e se põe, as estações, solstícios, ciclos assim como a vida dos homens. Os orientais falam da kundalini, do fluxo de uma energia em espiral, dos redemoinhos energéticos que perambulam nossos corpos.

Como vórtex de energia, as espirais encontradas em vestígios antigos expressavam um entendimento do cosmos, da energia vibrante, da vida, ou o seu contrário. Tradicionalmente, os ancestrais compreenderam que espirais no sentido horário representavam o nascer, o sol, a vida, o mundo de cima, a transformação pelas experiências exteriores. Para o sentido anti-horário, representavam a lua, a morte, o outro mundo, o mundo de baixo, o mundo dos sonhos e alucinações, intuição, as experiências transformadoras vindas do nosso interior. Para os hindus, o que no nosso mundo terrestre era no sentido anti-horário, para a esquerda, no mundo de baixo, no outro mundo, correspondia ao sentido horário. Hoje sabe-se que esses simbolismos expressam as funções cerebrais, o lado esquerdo do cérebro regula o lado direito de nosso corpo, o lado direito regula o lado esquerdo do corpo. Nem bom, nem mal, apenas diversidades que compõe o universo, uma perfeita simbiose, uma perfeita composição de energias.

Se vermos vários locais sagrados dos antepassados, desde o paleolítico, em qualquer parte do mundo, notaremos sempre a compreensão circular e espiralada. A espiral é a energia vital, é a energia em movimento, é a própria jornada.

http://www.saindodamatrix.com.br/archives/espirais.htm