imagem: Jia Lu, Illuminated

"EM CADA CORAÇÃO HÁ UMA JANELA PARA OUTROS CORAÇÕES.ELES NÃO ESTÃO SEPARADOS,COMO DOIS CORPOS;MAS,ASSIM COMO DUAS LÂMPADAS QUE NÃO ESTÃO JUNTAS,SUA LUZ SE UNE NUM SÓ FEIXE."

(Jalaluddin Rumi)

A MULHER DESPERTADA PARA SUA DEUSA INTERIOR,CAMINHA SERENAMENTE ENTRE A DOR E AS VERDADES DA ALMA,CONSCIENTE DA META ESTABELECIDA E DA PLENITUDE A SER ALCANÇADA.

BLOG COM MEUS POEMAS:

http://desombrasedeluzanna-paim.blogspot.com/



quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

UM DEUS RANCOROSO E FEROZ





Gaza e os vestígios de um deus rancoroso e feroz

Desde o dia 9 de dezembro os caminhões da agência das Nações Unidas, carregados de alimentos, aguardam que o exército israelense lhes permita a entrada na faixa de Gaza, uma autorização uma vez mais negada ou que será retardada até ao último desespero e à última exasperação dos palestinos famintos. Nações Unidas? Unidas?

A sigla ONU, toda a gente o sabe, significa Organização das Nações Unidas, isto é, à luz da realidade, nada ou muito pouco. Que o digam os palestinos de Gaza a quem se lhes estão esgotando os alimentos, ou que se esgotaram já, porque assim o impôs o bloqueio israelense, decidido, pelos vistos, a condenar à fome as 750 mil pessoas ali registadas como refugiados. Nem pão têm já, a farinha acabou, e o azeite, as lentilhas e o açúcar vão pelo mesmo caminho.

Desde o dia 9 de dezembro os caminhões da agência das Nações Unidas, carregados de alimentos, aguardam que o exército israelense lhes permita a entrada na faixa de Gaza, uma autorização uma vez mais negada ou que será retardada até ao último desespero e à última exasperação dos palestinos famintos. Nações Unidas? Unidas? Contando com a cumplicidade ou a co´vardia internacional, Israel ri-se de recomendações, decisões e protestos, faz o que entende, quando o entende e como o entende.

Vai ao ponto de impedir a entrada de livros e instrumentos musicais como se se tratasse de produtos que iriam pôr em risco a segurança de Israel. Se o ridículo matasse não restaria de pé um único político ou um único soldado israelense, esses especialistas em crueldade, esses doutorados em desprezo que olham o mundo do alto da insolência que é a base da sua educação. Compreendemos melhor o deus bíblico quando conhecemos os seus seguidores. Jeová, ou Javé, ou como se lhe chame, é um deus rancoroso e feroz que os israelitas mantêm permanentemente atualizado.

José Saramago

Editorial CLACSO: Gritando contra o horror : O que está acontecendo em Gaza é um massacre que atenta contra os mais elementares direitos humanos, arrancando sem compaixão toda esperança de paz em uma das regiões mais injustas do planeta. Um massacre que pretende, pela prepotência de bombardeios assassinos, negar o direito dos palestinos a um Estado independente.

EUA e União Européia são cúmplices do massacre em Gaza

Os palestinos assassinados são trunfo eleitoral, numa disputa cínica entre a direita e a extrema-direita israelenses. Seus aliados em Washington e na União Européia, perfeitamente informados de que Gaza estava para ser atacada, exatamente como no caso do Líbano em 2006, sentaram e esperaram

Tanto Yitzhak Rabin como Shimon Peres declararam, ainda na década de 1990, que desejavam que Gaza simplesmente desaparecesse, que sumisse mar adentro. A existência de Gaza é um indício permanente das centenas de milhares de Palestinos que perderam suas casas para o Estado de Israel, que fugiram apavorados ou foram expulsos por temor à limpeza étnica executada por Israel há 60 anos.

Fim da era Bush e eleição em Israel: uma das faces obscenas do massacre

O ataque a Gaza é uma tentativa de última hora de mudar as relações de forças no Médio Oriente, antes do fim da era Bush, nos EUA. E tem uma dimensão obscena: as centenas de vítimas dos bombardeios são vítimas colaterais da campanha eleitoral em Israel.Para aumentar o seu apoio popular antes das eleições, todos os líderes israelenses estão competindo para ver quem é o mais duro e quem está disposto a matar mais.

Carta aberta de Uri Avnery a Barack Obama

O ex-deputado do Parlamento israelense e um dos fundadores do movimento pela paz, Uri Avnery, redigiu uma carta aberta ao presidente eleito dos EUA, Barack Obama, sugerindo que o novo governo comece a agir pela paz israelense-árabe a partir do primeiro dia. "Infelizmente, todos os seus predecessores desde 1967 jogaram duplamente. Apesar de falarem sobre paz da boca para fora, e às vezes realizarem gestos de algum esforço pela paz, na prática eles apoiavam nosso governo em seu movimento contrário a esse esforço",

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15455

ANO NOVO!!!





O Ano Novo desperta em todos nós um sentimento maravilhoso de novidade, cria uma rede telepática de poder, esse imenso poder dos começos com o qual podemos nos sintonizar.

Curta essa Viagem Interior...

No luar da sua imaginação,
apenas deixe o Novo Ano sonhar,
chamando os imensos recursos
escondidos em seu Mundo Profundo.
Do Nada, sem causa,
do Nada Divino da sua essência,
desse luar, sem forma, que abraça
a floresta dos seus sonhos,
chame a felicidade,
deixe a Felicidade abraçar você,
essa felicidade do Começo do Mundo
com seu imenso poder de criar,
abraçar você.
Apenas deixe o Novo Ano sonhar,
despertar os imensos recursos
esperando no seu Mundo Profundo.
Começa como uma música
abraçando você,
uma sensação envolvente
abraçando você,
e pouco a pouco toma forma,
a forma do que você deseja o mais,
apenas deixando o futuro se alegrar
e sonhar a dança de energia
que já começa a modelar
os acontecimentos da maneira
que você sonhar.
Assim foi criado o Mundo.

www.dassigny.com.br

SEDNA-A DEUSA TRÍPLICE DOS ESQUIMÓS




O povo Inuit (os esquimós) tem em Sedna sua principal divindade. Na verdade, para os povos do Ártico Polar não existe um Deus supremo, e sim forças (espíritos) da Natureza por eles reverenciadas.

Sedna é a mais forte destas forças e sua mitologia é muito profunda, bonita e, para alguns, triste.

Sedna era uma linda jovem de pele muito branca e longos cabelos. Vivia com seu pai, um pescador, em meio a dificuldades. Embora com muitos pretendentes ela não se interessava por nenhum.

Um dia uma gaivota mágica jogou um feitiço em Sedna prometendo-lhe riqueza e uma vida confortável. A jovem aceitou o convite da gaivota e seguiu-a rumo ao lar dos pássaros.

Chegando lá Sedna se viu enganda, sendo submetida a maus tratos, pobreza e escravidão. Quando seu pai foi visitá-la ela pediu ajuda contando-lhe sua verdadeira situação naquele lugar.

O pai, então, pegou Sedna e os dois fugiram em um barco. O povo dos pássaros foi atrás de Sedna e quando estavam para pegar a jovem, o pai a jogou no mar como única salvação. Sedna tentou subir no barco e o pai cortou-lhe os dedos para impedí-la, pois sabia que seria pega pelos pássaros.

O sangue de Sedna se transformou em peixes e no lugar de seus dedos surgiram criaturas marinhas, como baleias e golfinhos. Sedna se afogou e seu corpo foi para Adlivum, o submundo esquimó, lugar onde os mortos se purificavam para poderem ingressar em Quidlivun ( Terra da Lua), onde ficavam em paz eterna.

A beleza de Sedna era tão grande que encantou os seres do mar e ela então passou a ser a rainha das profundezas do mar, Deusa do Mar. Sedna passou a ser a Deusa de morte e vida, Deusa dos mistérios profundos, Deusa da Sabedoria.
Aparece com o aspecto de Mãe por ser a nutridora e protetora não só do povo do mar, como também de todo o povo Inuit, desde que este não infrinja as leis marítimas e de proteção e respeito aos animais.

Uma destas leis consiste no respeito a alma de focas e baleias mortas. Era preciso esperar três dias para que a alma não sofresse com a morte física, quando nenhuma lei poderia ser violada.

A morada de Sedna é num castelo feito de costelas de baleia e pedras. Segundo os esquimós as almas das focas e baleias procedem da morada de Sedna. No Alaska e na Groelândia Sedna também é cultuada, porém com outros nomes.

A Deusa Sedna é responsável por nossos tesouros mais profundos, interrados nas profundesas de nossa psique. Só aquele que se permite a ter coragem de fazer uma viagem ao fundo de si mesmo, tem a dádiva de encontrar-se com Sedna e receber dela o reconhecimento de seus mais preciosos dons, assim como reconhecer sua própria essência.

Para uma maior conexão com esta Deusa do Mar podemos meditar ao som do canto das baleias e pedir a Sedna proteção e conselhos relacionados ao auto-conhecimento. Quem gosta de trabalhar com vela pode acender uma vela azul para a Deusa no início da meditação.

Com os olhos fechados podemos vizualizar o mar e nos deixar descer até a morada de Sedna, o castelo da Deusa, e fazer um contato direto com Ela.

BOA VIAGEM!!!


Nota: antes de uma meditação é bom traçarmos um círculo protetor ao nosso redor. Podemos fazer isto de várias formas: visualizando uma energia que vem do alto, ou que sai de nosso plexo solar( região do estômago), terceiro olho (entre as sobrancelhas), dedo, ou instrumento ritualístico; podemos traçar o cículo com a fumaça de um insenso ou a chama de uma vela; pode-se também traçar o círculo isolante fisicamente, com pedras, corda, sal ou giz. O importante é criar um espaço e momento de proteção e centramento.

Nota: Sempre que sair de uma meditação procure estabelecer contato com a terra, isto chama-se aterramento, o que permite que você não fique aérea. Imagine raizes saindo se seus pés, mãos e períneo e entrando na terra, onde se transformam em energia. Você também pode comer alguma coisa ou entrar em contato direto e físico com o elemento terra, digo, mexer na terra.

http://annaleao.blogspot.com/2008/11/deusa-sedna-deusa-trplice-dos-esquims.html

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

DESPERTAR COM LUZ NATURAL



Muitas funções biológicas dos seres humanos, como os períodos de sono e vigília, a atividade hormonal ou a temperatura do corpo, são estabelecidas naturalmente, segundo um ritmo denominado circadiano, ou seja, que se desenvolve ao longo de um ciclo de aproximadamente um dia de duração.

Os relógios circadianos usam a luz do dia para sincronizar as pessoas com seu meio ambiente, e esta sincronização pode ser tão precisa que os seres humanos se ajustam à
progressão leste-oeste do amanhecer dentro de uma determinada zona horária.

Às vezes, este relógio biológico é alterado por circunstâncias internas ou externas, e acontece alguma defasagem entre o que determina seu ritmo circadiano e as tarefas e funções que a pessoa desenvolve, as quais ocorrem com antecipação ou atraso em relação ao programado no organismo.

Este ritmo circadiano muda conforme a idade, já que os adolescentes e adultos jovens tendem a dormir e acordar tarde, enquanto as pessoas mais velhas fazem exatamente o contrário, ou seja, deitam e levantam cedo. Quando as atividades de uma pessoa são adiantadas ou atrasadas artificialmente, seu relógio biológico interno, que regula o ciclo de sono-vigília, não se readapta com a mesma rapidez. Esta falta de sincronismo causa diversos graus de mal-estar e desorientação, que podem durar dias ou até mesmo semanas.

A difícil adaptação.

Uma das situações que causam alterações do ritmo circadiano são as viagens aéreas intercontinentais, nas quais a pessoa atravessa vários fusos horários em pouco tempo, enquanto seu relógio biológico segue "ancorado" na hora do ponto de partida e se ajusta à do destino pouco a pouco.

É o fenômeno conhecido como "jet lag" ou descompensação horária, que causa cansaço, transtornos digestivos, confusão mental, alterações na memória e irritabilidade, entre outros sintomas passageiros, mas bastante desagradáveis.

Outra das situações que causam uma defasagem no ritmo circadiano sono-vigília são a mudança de horário de verão ou de inverno, como medida de economia energética, nos quais o relógio deve ser adiantado ou atrasado para aproveitar melhor a luz solar.São mudanças que costumam provocar alterações do sono, cansaço e dificuldade para acordar de manhã.

Segundo Eduard Estivill, diretor da Clínica do Sono Estivill do Instituto Universitário Dexeus de Barcelona, Espanha, "a mudança de hora pode causar variações ao relógio biológico, que está preparado para dormir de noite e ficar acordado de dia, e pode produzir alterações do estado de ânimo e do humor". "As pessoas mais sensíveis a estas mudanças devem tentar incorporá-las de maneira progressiva, tentando minimizar o transtorno do ritmo biológico nos momentos do despertar ou de ir dormir", segundo o especialista.

Acordando com luz, pouco a pouco

A Philips fez estudos nos quais comprova-se que a luz pode proporcionar um acordar mais saudável e natural a uma pessoa, o que faz com que levante com mais energia e bem-humorada, especialmente em momentos como os de mudança de horário, quando pode haver algum desajuste no relógio biológico.

Já existem inclusive soluções tecnológicas capazes de "imitar" o nascimento do sol dentro do quarto, como o despertador Wake Up Light, que, meia hora antes da hora marcada para acordar, começa a emitir uma luz que vai se tornando cada vez mais brilhante, de forma semelhante ao amanhecer, até alcançar a intensidade escolhida. Durante estes 30 minutos, a luz se intensifica a um ritmo bom, seguindo uma curva especial que demonstrou ser a mais eficaz. Isso significa que, na hora marcada para o alarme, os hormônios do sono e da energia estão mais bem equilibrados.

A luz emite uma mensagem ao cérebro para que vá diminuindo a produção de melatonina, o hormônio de indução ao sono. Assim, é possível um despertar mais progressivo e saudável, que permite começar o dia com mais vitalidade. Além da luz do amanhecer, as últimas versões deste dispositivo substituem o tradicional e abrupto som do despertador pelo canto de pássaros, sons da selva africana ou um suave piano.

http://br.noticias.yahoo.com/s/29122008/48/saude-despertar-luz-natural-relogio-biologico.html

VETO A FOTOS DE AMAMENTAÇÃO





Ao ver estas imagens tão belas que me fazem recordar uma das etapas mais sublimes e prazeirosas da minha vida,sinônimo de Beleza Pura,de PRAZER,tanto para a Mulher quanto para a Criança.Sinônimo de SAGRADO.Será isto que incomoda tanto olhares profanos e preconceituosos?Citando um ditado popular,"A Bondade nem sempre está na ação de quem a faz,mas sempre nos olhos de quem a vê",digo:"A indecência nem sempre está na ação de quem a faz,mas SEMPRE nos olhos de quem a vê..."

CANBERRA (Reuters) - Fotos de uma mãe amamentando seu bebê podem ser consideradas indecentes?
O site de redes sociais Facebook deflagrou um imenso debate online -e protestos- depois de remover fotos que expunham em demasia o seio de uma mãe.
Barry Schnitt, porta-voz do Facebook, disse que o site em geral não age com relação a fotos de amamentação quando elas respeitam seus termos de uso, mas informou que algumas são removidas para garantir que o site seja mantido seguro para todos os usuários, incluindo crianças.
"Fotos que contenham um seio completamente exposto (ou seja, envolvam exibição de mamilo) constituem violações desses termos (quanto a material obsceno, pornográfico ou sexualmente explícito) e podem ser removidas", informou em comunicado.
"As fotos com relação às quais agimos são trazidas à nossa atenção quase exclusivamente por reclamações de outros usuários", o comunicado acrescentou.
Mas a decisão do Facebook de remover algumas fotos de amamentação enraiveceu alguns usuários, entre os quais a norte-americana Kelli Roman, mãe que teve uma foto que a mostrava alimentando a filha removida pelo Facebook.
Roman é uma das administradoras de uma petição online intitulada "ei, Facebook, amamentação materna não é obscenidade", que ganhou força na semana passada depois que as manifestantes organizaram uma "amamentação de protesto" no Facebook e realizaram uma pequena manifestação diante da sede da empresa, em Palo Alto, Califórnia.
A petição já obteve mais de 80 mil assinaturas e mais de 10 mil comentários, e redespertou um velho debate sobre os prós e contras da amamentação em locais públicos.
Os organizadores da petição informaram que algumas mulheres foram instruídas a não postar de novo as fotos removidas de suas páginas ou correriam o risco de ser excluídas do Facebook.
O Facebook, que tem 120 milhões de assinantes, não pretende recuar quanto às suas normas.
Schnitt disse que a empresa tentou colocar um anúncio em diversas publicações norte-americanas que mostrava uma mulher com o seio completamente exposto amamentando um bebê. Nenhuma delas aceitou.
"Um jornal e o Facebook são obviamente diferentes, mas o motivo subjacente para as normas de conteúdo é o mesmo", disse à Reuters.

http://br.noticias.yahoo.com/s/reuters/081230/entretenimento/cultura_comportamento_facebook_amamenta

VIDA




Alguém desce na carne, de passagem; outro sobe, para fora dela, de partida.
E as flores continuam a desabrochar, independentemente de quem desce ou sobe.
No Céu, as estrelas brilham; na Terra, as flores desabrocham.
Quem sobe, aprende a ver as estrelas.
Quem desce, precisa aprender a ver as flores.
Entre as estrelas e as flores, o que rola é a vida.
E quem vive, precisa aprender a ler o coração, seja o de carne ou o de luz.
Mas o bom mesmo é unir as estrelas com as flores, no olhar de quem vê a Mãe em tudo.
Ela, a criadora das estrelas, das flores, dos espíritos, dos homens, do mundo, do Astral e de tudo.
Ela, que faz a magia da vida acontecer no pulsar de cada coração, da Terra ou do Astral.
Ela, que conhece a saudade de cada um e que permite o intercâmbio da gente das estrelas com a gente das flores.

“Ninguém morre! O Astral não é lá nem cá; é no coração de cada um, seja o de carne ou o de luz.
É no amor que cada um sente. É na vida que cada um leva.
É no sentir aquele algo a mais, sutil, que diz muita coisa sem palavra alguma; que revela o invisível das estrelas nas flores; que une os espíritos lá de cima com os homens aqui de baixo, nessa grande magia da vida, que pulsa em todos os planos.
Essa magia da Mãe, que se chama eternidade.
Essa magia, com corpo ou sem corpo: a "VIDA"!

- Cia. do Amor – A Turma dos Poetas em Flor.

http://www.ippb.org.br/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=4861

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

SEKHMET E HATHOR




Sekhmet and Hathor são, na verdade, duas dimensões da mesma Deusa. Embora Sekhmet e Hathor sejam ambas grandes Deusas de poder dignas de respeito e admiração, desejo desmistificar algum do medo que rodeia, particularmente, Sekhmet, resultante do seu mito.

Alguns poderão estar familiarizados com o mito dos filhos de Rá que se tornaram imorais e desrespeitosos para com o Deus Rá. Diz-se que Ele enviou Sekhmet, o “Olho de Rá”, de forma a erradicar este elemento corrupto instalado entre os filhos de Rá. A história desenrola-se com Sekhmet procedendo a uma matança, dizimando populações inteiras. Diz-se que, para horror dos Deuses, incluindo Rá, o apetite de Sekhmet não pôde ser saciado até que Rá invocou o Senhor (Lord no original) Thoth ou Tehuti para intervir. Misturaram tinta vermelha com cerveja e espalharam esta mistura pelo deserto, perto da [zona de] mais recente actividade de Sekhmet. À medida que bebia a cerveja vermelha, ia ficando inebriada e desmaiou. Como resultado deste estado alterado, quando voltou a si, estava transformada em Hathor, a Deusa Solar da Alegria; uma Deusa cheia de paixão, também expressada na sua manifestação como Deusa Cobra, que protege a coroa e a visão do Faraó.

Contudo, o que me parece que este mito nos indica não é a história da ira selvagem e imprevisível da divindade feminina que deve ser apaziguada de alguma forma. Sandra Ingerman, autora de “Medicina para a Terra” ["Medicine for the Earth" no original] discute no seu livro um estado shamânico reminiscente dos elementos destrutivos de Sekhmet neste mito. Este fenómeno é experimentado inter-culturalmente naquilo a que Ingerman se refere como a viagem shamânica de “Desmembramento”. A autora dedica um capítulo inteiro às suas experiências com estas formas de cura e transformação shamânicas e como muitos dos seus alunos experimentaram isto de forma espontânea mesmo antes de qualquer treino formal ou estudo de cura shâmanica.

É isto que creio que Sekhmet nos tenta dizer e demonstrar no seu mito como uma e a mesma no desmembramento shamânico. Ingerman explica que, nas viagens de “desmembramento”, as pessoas experimentam, frequentemente, a sensação de ter os seus membros separados do resto do corpo por um animal, por exemplo, ou de se sentirem de alguma forma reduzidos apenas a esqueleto. O processo de desmembramento simboliza a nossa necessidade de nos desprendermos e de nos aliviarmos de todas e quaisquer limitações em nós mesmos, nas nossas vidas e na nossa psique para experimentarmos e unirmo-nos com a luz do Criador, no sentido mais puro. Trata-se de uma viagem de rendição dos nossos medos de forma a experimentar uma total ligação e união com o divino. Carregamos apegos e fardos a tantos níveis: físico, mental, emocional e espiritual. De acordo com a egiptóloga Rosemary Clark, Sekhmet é a Deusa da Purificação e, mantendo a mesma linha de pensamento da interculturalidade da experiência de desmembramento shamânico, Sekhmet facilita a aniquilação total das energias, comportamentos e consciências auto-sabotadoras que carregamos consciente ou inconscientemente. Estas percepções e falsas crenças sobre quem somos distraem-nos da ligação consciente com a nossa parte divina, a Luz tal como simbolizada no Deus Rá, ou Isis, o feminino de Rá. Este esplendor poderoso, penetrante é o que Diane Stein chama no seu livro Confiança na Luz, a “Luz para além da Deusa”; é a luz pura da criação. Quando aí nos unimos, os rótulos e percepções do ego desaparecem. Em tal esplendor não são mais necessários. Tornamo-nos de novo puros como crianças, no que diz respeito a não nos preocuparmos com o que os outros pensam de nós, estamos apenas fundidos na consciência e estado do “ser” do Divino Feminino.

A transição de Sekhmet para a personagem de Hathor no mito, exemplifica o que nós, como indivíduos, atingimos quando pomos de lado os nossos fardos e toda a bagagem de desprezo do ego negativo. Hathor não nos permitirá tornarmo-nos “Júbilo” ou “Luz”, enquanto não deixarmos para trás de lado todos esses fardos, energias impuras e crenças incorrectas do ser e nos rendermos totalmente. Contudo, isto não é um processo simples. Alguns referem uma agitação interior como “lutar contra os seus demónios” e “a noite escura da alma”. Isto é a Deusa Sekhmet a levar-nos através de um processo de purificação para que possamos voltar para a verdade de quem somos. É isto que a Luz de Rá e o Júbilo de Hathor simbolizam; a verdade da nossa natureza divina da qual de alguma forma nos afastámos e esquecemos.

http://www.sintoniasaintgermain.com.br/Sekhmet_Hathor.htm

ISRAEL E A PALESTINA



Israel e a Palestina

A questão palestino-israelense se reduz essencialmente à questão da terra - quem pode viver nela e quem controla seu uso. A isso têm se sobreposto questões de direitos humanos e direito internacional, afetadas pelo ressentimento e pela desconfiança mútuos após décadas de violência. Contesta-se cada fato, cada estatística, cada argumento e cada interpretação jurídica de cada resolução, sentença e documento. O que é incontestável é que os dois lados usaram e usam de assustadora violência um contra o outro e que não só os combatentes, mas também os cidadãos comuns, têm sofrido.

Os assentamentos israelenses na Cisjordânia se iniciaram em 1968. No começo do século 21, havia 400 mil israelenses vivendo em Gaza e na Cisjordânia (inclusive Jerusalém Oriental). Em muitos casos, o que denominavam assentamentos ou colônias já eram cidadezinhas bem estabelecidas.

Todas são ilegais pela Quarta Convenção de Genebra (1948), parte do que antes se chamava Lei da Guerra e hoje se conhece como direito humanitário internacional. A Quarta Convenção proíbe que os Estados assentem população civil em território ocupado. Tudo o que se faça com esse fim será ilegal, incluindo o que perpetue a situação. Foi essa a base do parecer de 2004 do Tribunal Internacional de Justiça que considera ilegal o muro que está sendo construído como barreira de segurança entre Israel e a Cisjordânia, pois partes de seu traçado ligam assentamentos ao território principal de Israel.

Em 1988, o Conselho Nacional Palestino (CNP), órgão legislativo da OLP, foi convencido pelo líder da organização, Yasser Arafat, a reconhecer as fronteiras israelenses de 1949. Isso implicava desistir de reivindicar a soberania sobre 78% da Palestina histórica e concentrar a luta na Cisjordânia e em Gaza.

Os israelenses, porém, tinham o direito de duvidar da firmeza dessas intenções, já que não se tomara nenhuma providência para alterar a Carta Nacional Palestina. Afinal, em 2006 o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) ainda não reconhecera Israel como Estado legal quando formou o novo governo da Autoridade Palestina (AP). A maioria dos observadores internacionais, entretanto, acreditava que, em alguma medida, isso acabaria acontecendo, mesmo que o Hamas adotasse uma designação para distinguir o legal do que considera legítimo.

Para os palestinos, a questão não é apenas a presença de colonos na Cisjordânia e (até 2005) em Gaza. É o controle israelense do território, o uso israelense dos recursos hídricos, as limitações que tudo isso impõe às suas perspectivas econômicas, a maneira pela qual são tratados pelas forças israelenses. A dignidade e a esperança dos palestinos, tanto como comunidade quanto como indivíduos, estão sob ataque permanente. Daí o ímpeto de revidar e levar a guerra aos civis israelenses. E, como é típico nos conflitos persistentes, as medidas que Israel toma para neutralizar a ameaça de violência acabam exacerbando o problema subjacente, mesmo que tenham algum impacto a curto prazo no reforço à segurança de Israel.

A Intifada e a Política

A Primeira Intifada foi um movimento popular que opôs às Forças Armadas de Israel jovens que atiravam pedras. As imagens que ela gerou conquistaram solidariedade internacional. A reputação de Israel fora prejudicada pela intervenção no Líbano em 1982, e agora o país encarava o risco do isolamento externo. O governo americano forçou Israel à conferência de paz de Madri, em 1991, mas esta logo empacou. Uma discreta iniciativa norueguesa, em 1993, teve mais sucesso. Israel queria uma maneira de se livrar da Intifada, e a OLP queria voltar do exílio tunisiano para a Palestina. Iniciou-se em Oslo, e assinou-se formalmente na Casa Branca, o acordo para estabelecer um processo de paz em etapas, que daria gradualmente mais autonomia aos palestinos.

A Intifada acabou e a OLP voltou para casa, mas não se instalou a paz verdadeira. O acordo de Oslo adiou as questões difíceis, segundo a teoria de que a concordância imediata sobre os problemas mais simples facilitaria depois a concordância sobre os mais complicados. Não era má teoria, só que, no caso, não funcionou. Militantes de ambos os lados enxergaram concessões demais e benefícios de menos. Os assentamentos não foram fechados e, a partir de 1996, começaram a expandir-se de novo, e houve insegurança e mortes de ambos os lados; aliás, mais israelenses morreram nos seis anos posteriores ao acordo de Oslo do que nos seis anteriores.

Outros quatro anos de negociação renderam intermitente progresso rumo a um acordo, mas os ganhos foram sempre incertos, ainda que o nível de violência tenha diminuído em 1998-9. A Segunda Intifada foi desencadeada pela visita de Ariel Sharon, então líder do partido Likud, à área que os israelenses conhecem como monte do Templo e os palestinos, como Haram al-Sharif. Sharon era militar famoso, ex-ministro da Defesa, linha-dura em matéria de segurança e franco defensor dos assentamentos. A visita, fosse provocativa, fosse inocente, resultou numa explosão de protesto. De início, a Segunda Intifada foi como a primeira, mas ganhou impulso à medida que a Jihad Islâmica, o Hamas e as Brigadas de Al-Aqsa realizavam atentados suicidas. Em resposta, Israel reocupou partes da Cisjordânia, sitiando o quartel-general de Yasser Arafat, em Ramallah. Ambos os lados levaram a guerra aos civis da outra parte, e ambos se justificavam pelos atos do oponente. As ações dos militantes palestinos se mostraram mais letais que na Primeira Intifada, e houve menor simpatia internacional pelos palestinos, sem que Israel encarasse o isolamento que conhecera em 1987-93.

Durante os anos do acordo de Oslo, a Autoridade Palestina teve pouca oportunidade de estabelecer boa governança na Cisjordânia e Gaza; grande parte de sua receita chegava como ajuda internacional através de Israel, cujas forças de segurança eram onipresentes mesmo quando a situação era pacífica. Mas até as poucas chances da AP foram desperdiçadas com o nepotismo, a corrupção, a incompetência e a violação de direitos humanos.

Quando começou a Segunda Intifada, Israel atacou e enfraqueceu tanto as forças de segurança da AP que elas não teriam conseguido agir de modo assertivo contra os atentados suicidas, mesmo se o desejassem.

A desilusão com a AP produziu apoio ao Hamas, fundado em 1988 a partir de um movimento de assistência social que surgira da Irmandade Muçulmana. Se a AP parecia incompetente, corrupta e fraca contra Israel, o Hamas passava a impressão de ser competente, limpo e forte. A morte de Arafat (2004) liberou a opinião pública palestina da lealdade ao movimento dele; em janeiro de 2006, o Hamas venceu as eleições da AP. Israel também está politicamente dividido. O abismo entre os partidários e os opositores do acordo de 1993 com a OLP foi grande, profundo e marcado pela agressividade. A sorte eleitoral oscilava entre o Likud e os trabalhistas. À proporção que avançava a Segunda Intifada, muitos israelenses passaram a ver os habitantes dos assentamentos não mais como heróis, mas como parte do problema. Mesmo entre os mais determinados defensores da ocupação da Cisjordânia e de Gaza cresceu o reconhecimento de que teria de haver ao menos uma retirada parcial, entre eles o próprio Sharon. Para adotar essa opção, ele precisou sair do Likud e formar outro partido, o Kadima ("Avante"). Embora sucessivos derrames tenham tirado Sharon da política, seu partido foi o mais votado na eleição de março de 2006. Naquele momento, a tarefa do Kadima era formar um governo de coalizão que implementasse a retirada limitada.

O Plano de Paz

Como primeiro-ministro, Sharon concluíra que a OLP não era um oponente com que valesse a pena negociar e resolvera impor um plano unilateral de paz. Este, anunciado em 2004, implicava a retirada de todos os assentamentos israelenses em Gaza e de alguns na Cisjordânia. Apesar da resistência dos colonos, a retirada de Gaza se concluiu em 2005. Da perspectiva palestina, os ganhos não foram reais: Israel abriu mão de 49 km2 e, no mesmo período, tomou 60 km2; em 2005, 8.500 colonos judeus deixaram Gaza e 14 mil se mudaram para a Cisjordânia.

Impor um plano de paz é tarefa espinhosa, que se mostra realista apenas quando o lado insatisfeito não tem absolutamente nenhuma opção de revide. O poderio militar de Israel é avassalador se comparado ao da AP e de todos os grupos armados palestinos combinados. E o muro que está sendo construído como barreira de segurança se destina a ser não apenas marco fronteiriço, mas também defesa contra infiltrações. No entanto, não é nada certo que o muro e a força militar avassaladora sejam suficientes para impedir que os homens-bomba cheguem a alvos civis em Israel. Se essas medidas fracassarem, os líderes israelenses talvez acabem lastimando os problemas inerentes ao plano geral de segurança elaborado em 2004-5.

Partes importantes do plano não estavam claras; por exemplo, se os palestinos teriam acesso ao vale do Jordão. Informações oficiais israelenses revelavam que eles ficariam presos entre o muro e o vale, com suas terras divididas em três áreas principais (uma ao norte de Nablus e Tulkarm, da qual as forças israelenses se retirariam; outra entre Nablus e Jerusalém;e a terceira ao sul de Jerusalém), além da zona ao redor de Jericó.

Cada uma delas seria cortada por estradas israelenses, que se destinariam primordialmente aos colonos e aos militares. Muros ao longo de algumas dessas estradas tornariam impossível atravessá-las a não ser nos postos de controle. Perto das estradas, não se permite nenhuma atividade agropecuária, construção ou obras. O traçado do muro faz que muitos assentamentos (inclusive zonas onde a construção de colônias está prevista mas ainda não foi executada) fiquem em contato direto com o território de Israel propriamente dito, dividindo terrenos agrícolas e tomando mais terras da Cisjordânia (incluindo as áreas onde moram palestinos).

Israel alega necessidade de segurança, mas a consequência dessas medidas é tornar mais difícil o cotidiano dos palestinos, complicando o comércio e enfraquecendo a economia. Pelo que se depreende do plano, a região palestina não estaria unificada e não poderia ser governada com eficiência. O risco é que tais condições continuem a alimentar o ressentimento e o ímpeto de retaliar.

Os partidos políticos israelenses a favor de abandonar parte dos assentamentos estavam divididos a respeito de como fazê-lo. O Kadima, com o bom desempenho na eleição de 2006, dispunha-se a prosseguir sem negociações, considerando o Hamas um parceiro ainda mais inaceitável que a OLP. Por outro lado, se o Hamas não corresponder às expectativas palestinas, talvez surja uma alternativa mais radical, da mesma maneira que o Hamas e a Jihad Islâmica foram a alternativa radical à pragmática OLP."

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"Atlas do Oriente Médio"
Autor: Dan Smith
Editora: Publifolha

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Claro que não defendo disparos de foguetes caseiros ou não, endereçados a alvos civis.
Mas usar caças de última geração com miras laser e bombas "arrasa quarteirão", contra milícias que não tem nem defesa anti-aérea e nada além de armamento leve para se defender, matando e mutilando mulheres e crianças, só posso classificar como:
Uma covardia!
Uma infâmia!
Nojento!!!
Vai chegar a hora, que as nações árabes se darão conta que o mundo ocidental, não está nem aí com o sofrimento deles e não terá a menor importância se os palestinos forem aniquilados.
Itália e Alemanha, já deram o sinal verde. Os EUA mantêm o sinal verde ligado direto, faça o que Israel fizer, há décadas
A única ironia nessa história e que seriam aniquilados, justamente pelo povo que se intitula como "o povo mais perseguido da história".
E o "extermínio", que era uma palavra muito usada até hoje por apenas um povo, agora vai continuar sem que ninguém faça nada ...
Sentem em suas poltronas favoritas, peguem a pipoca e divirtam-se assistindo a este genocídio, todo e qualquer hipócrita, com qualquer ideologia, que julgue uma barbárie destas justificáveis.

João Carlos Gagliardi 29/12/2008
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u484291.shtml

A SABEDORIA ERRANTE-O MITO DE SOPHIA



‘A SABEDORIA ERRANTE: O MITO DE SOPHIA’

(Extraído de ‘Jung e os Evangelhos Perdidos’ - cap. 6)

“O Gnosticismo expressou uma vivência religiosa…
transformada em mito”. – G. Quispel - [Gnosis als Weltreligion].

“No alto do inefável e transcendental Reino da Luz, existia um par primordial chamado Profundidade e Silêncio. Juntos, criaram um reino perfeito de equilíbrio e poder criativo, consistindo em trinta formas arquetípicas de consciência chamadas aeons.
A mais jovem e aventureira delas, chamada Sophia (Sabedoria), apaixonou-se pelo progenitor real, o grande Rei invisível do Todo, chamado Profundidade, e desejou sondar sua natureza perenemente inescrutável. Confusa por seu amor, lançou um olhar em várias direções de seu posto eterno na Plenitude, até que, a distância, vislumbrou uma luz magnífica, tremeluzindo com sublime graça.

No espanto originado pelo seu amor, não podia mais distinguir entre o em cima e o embaixo e, assim, supôs que a luz sedutora, que na verdade estava abaixo, não era senão a real efulgência do grande Rei, seu Pai, que residia no mais alto ponto dos céus.

Desceu então ao vazio abissal, de onde, num mar de espelhos sem limite e inescrutável, o reflexo da luz celestial lhe acenava. Cristo, seu consorte celestial, foi incapaz de refreá-la e, assim, ela mergulhou na profundeza das trevas, descobrindo depois que a luz refletida a iludira. Entristecida, viu-se rodeada pelo vazio, destituída da qualidade e do poder da Gnosis, à qual estava habituada na Plenitude.

Desejosa de ter uma figura conhecida perto dela, criou numa forma virginal um ser, cujo nome era Jesus, concebido misteriosamente pelo seu desejo de Gnosis celestial. Contudo, uma sombra de escuridão agarrou-se a Jesus, pelas influências maléficas do vácuo sombrio onde nascera. Logo, porém, ele se libertou dos liames perturbadores e sombrios e subiu à Plenitude, deixando Sophia em desalento.

Fora do Universo celeste espiritual, sentindo-se só e desamparada, ela vivenciou toda sorte de tormentos psíquicos inimagináveis. Paixão, pesar, medo, desespero e ignorância exsudaram do ser de Sophia como poderosas nuvens e se condensaram nos quatro elementos: água, terra, fogo e ar, assim como em seres que, mais tarde, ficaram conhecidos com o nome de Demiurgo e arcontes (regentes) – todos eles espíritos ferozes e turbulentos.

O mais poderoso deles, um ser com face de leão, cheio de orgulho e desejo de poder, comandou sua hoste de espíritos criadores do mundo e, a partir da matéria-prima de terra, água, fogo e ar, eles construíram um mundo de aparência externa impressionante, embora repleto de grandes falhas, um mundo à imagem de seus criadores.

Pesar, medo, ignorância e paixões dolorosas e destrutivas, emaranharam-se nas malhas deste mundo imperfeito, visto que a matéria-prima usada por esses espíritos criadores se originou nos sentimentos experimentados por Sophia.

Olhando para baixo, para o mundo imperfeito e conturbado, orgulhosamente modelado pela sua prole ignorante, encheu-se Sophia de compaixão pela criação e resolveu assisti-la como pudesse. Ela tornou-se, então, o Espírito do mundo, zelosamente observando-o, como faz uma mãe quando vela por um filho fraco e malformado”.

Jesus une-se a Cristo

“Enquanto isso, nas alturas, Jesus observava o triste destino de sua mãe Sophia. Uniu-se então ao aeon-gêmeo de Sophia, Cristo, e assim tornou-se Jesus Cristo, o Messias, o mensageiro de Deus. Ao redor Dele reuniram-se os sublimes e compassivos poderes da Plenitude, e cada um ofertou-lhe presentes e glórias de seus respectivos tesouros.

Assim, em Jesus Cristo, a Plenitude e seus poderes se reuniram, preparando-o para o grande ato de redenção, a libertação de Sophia de sua lamentável condição no Vácuo.

Através dos séculos e milênios da história da terra, Sophia orou e se lamentou sobre seu destino e sobre o destino do mundo imperfeito, e raios de luz se entrelaçaram nas redes dos regentes, os quais, como monstruosas aranhas continuavam a tecer teias de matéria, emoção e pensamento, como armadilhas para os seres humanos, - em essência, não criação deles, mas raios da própria natureza superior de Sophia, infundidos em corpos de argila.

Por fim, os poderes da Plenitude foram reunidos e, tendo entrado em Jesus Cristo, desceram à terra para libertar Sophia e trazer redenção a seus filhos espirituais, os membros da raça humana. Depois de enfrentar as dificuldades impostas a Ele pelos regentes e seus lacaios humanos iludidos, Jesus Cristo ascendeu triunfante da terra, levando Sophia.

Subiram jubilosos às mansões do Paraíso, atravessando os portais dos guardiões espirituais para regiões mais altas e sutis da existência. Em cada portal, Sophia entoava canções de louvor e gratidão à Luz que a salvara do caos das regiões inferiores.

Quando Sophia, o Espírito do Mundo, chegou às margens que separam os mundos inferiores ao do reino da Plenitude, olhou, mais uma vez, para baixo, para o mundo imperfeito e atormentado, suspenso no vácuo e no caos; seu coração partido mas agora refeito, encheu-se de compaixão.

Não poderia deixar para trás aquela estranha criação, entregue aos seus recursos mais que inadequados, nem poderia abandonar seus filhos verdadeiros, mulheres e homens que estavam mais intimamente ligados a ela do que quaisquer outros seres fora da Plenitude.

Assim, usou seus poderes mágicos e dividiu sua natureza em duas metades: uma, que subiu aos aeons na Plenitude para lá residir com Cristo Jesus, e a outra, que permaneceu próxima à criação, para continuar a assisti-la em compassiva sabedoria. Desse modo, criado pela compaixão, o segundo Self de Sophia tornou-se conhecido como Achamoth, a errante ou a inferior, aquela que ainda está em contato com a humanidade e as regiões deste mundo”.

As três regiões cósmicas do Universo

“Foi desse modo que o Universo se constelou em três regiões:

A primeira é a região sublunar ou mundo material, governado por um regente que os antigos chamavam de Pan, e que outros chamam indevidamente de demônio [daimon]. É aquele que reina sobre a terra, as plantas e as criaturas vivas. Qual paciente pastor de ovelhas, vela para que todas as manifestações da vida de Sophia possam, um dia, alcançar os mundos superiores, não importa quão longe vagueiem.

Desconhecendo a Realidade e desígnios dos poderosos aeons da Luz, o regente deste mundo meramente gira a roda de nascimento, morte e renascimento, com a esperança de que, se ele e seu rebanho forem capazes de manter-se dentro dos movimentos [cíclicos] da vida biológica, não serão condenados na hora da libertação.

A segunda, o espaço imaterial [região astral], é o mundo da alma e da mente, regido pelo Demiurgo, o arconte principal, de numerosos nomes, como Yaldabaoth (Deus infantil) e Saclas (o cego).

É do mundo dessa divindade arrogante e sedenta de poder, que se originam os muitos conceitos e preceitos [teológicos e ideológicos], que escravizam a mente e a vontade humana.

O deus cego tem grande interesse no que chama de lei: regras, mandamentos e regulamentos de todo tipo são por ele criados, para restringir a liberdade do ser, direito de nascença do espírito.

Filosofias e ideologias são também insufladas pelo Demiurgo na alma e mente humana, junto com a ganância, o poder, o vício e outras obsessões, visando obliterar e obscurecer a pureza espiritual de homens e mulheres

A terceira região, acima dos planetas e logo abaixo dos portais da própria Plenitude onipotente, é o reino de Sophia-Achamoth, onde a Mãe sábia, auxiliar celestial da humanidade, está entronizada. Com Ela, vivem incontáveis hostes de anjos de luz e almas santas e retas, que antes ocuparam corpos humanos.

É o reino do Espírito onde os anjos gêmeos das personalidades humanas também residem e a câmara nupcial está construída.

Ali as almas humanas podem encontrar-se e unir-se às contrapartes espirituais, os anjos gêmeos. Quando as almas dos homens unem-se a Deusa em seus múltiplos aspectos, é com Sophia-Achamoth, a sábia guardiã, que eles o fazem. Sem a consciência destes mistérios, muitos seguidores bem-intencionados da revelação cristã encaram essa forma de Sophia como Maria, rainha do Paraíso”.

As três regiões cósmicas dentro da natureza humana

“As três regiões cósmicas [anteriormente descritas], têm suas partes correspondentes dentro da natureza dos filhos dos homens.

Dentro de cada ser humano, há a parte material (hyle) derivada do domínio de Pan, que carrega os instintos e necessidades da vida material, com sua vocação para a sobrevivência e a continuidade física através da descendência.

Há também aquela outra parte que personifica a mente e a emoção, referida freqüentemente como alma (psyche). Essa parte da natureza humana, é derivada dos domínios do Demiurgo e, portanto, contém mais de uma característica perigosa.

Embora seja a sede da consciência ética e da razão calculada, é suscetível às influências e lisonjas dos regentes, com seus arbitrários e obsessivos mandamentos, ideologias fanáticas, orgulho e arrogância de alma.

A terceira parte é a região do espírito humano (pneuma); pertence à Plenitude, como dom de Sophia.

Na maioria dos seres humanos, porém, essa centelha espiritual arde lentamente, adormecida e inconsciente, aguardando o sopro dos Mensageiros da Plenitude, para ser avivada para uma ação efetiva. Esse espírito é o de Sophia e através – e além dela – é de essência idêntica à dos próprios Rei e Rainha, Profundidade e Silêncio.

Assim, na vida personificada, vê-se alguns humanos que podem ser qualificados de hiléticos, regulados por instintos, pelas necessidades e sensações, vivendo assim, principalmente, no domínio de Pan.

E outros são chamados de psíquicos, que geralmente veneram o Demiurgo como Deus, sem consciência do reino espiritual acima dele. Orgulham-se e alegram-se com a sua lei e doutrina, imaginando-se superiores aos outros homens, em virtude de suas leis.

Dessa forma, a história espiritual da humanidade é basicamente, uma progressão da instintividade primitiva e do panteísmo de adoração da natureza (onde Pan é teos, isto é, Deus) à religião dogmática e ética, e desta, à verdadeira liberdade espiritual da Gnosis”.

O reino da Luz

“Para alcançar o reino da Luz, tornar-se um ser pneumático, o homem deve, antes, renunciar ao seu servilismo aos aspectos físicos, como também, e freqüentemente com grande dificuldade, renunciar à escravidão do Demiurgo e de seus sectários, sob a forma de servidão ideológica. As idéias escravizam tanto quanto as paixões e, ambas, são obstáculos para o reino do Espírito.

Surge então a grande renúncia (apolytrosis), quando os humanos quebram as algemas fixadas em seus corpos e mentes pelos regentes (arcontes). De acordo com o acima exposto, há apenas um grande passo a ser dado: a união transformadora do humano inferior, na câmara nupcial, com a presença protetora do anjo gêmeo.

Dos cumes do mundo material e experiências de êxtase da mente, homens e mulheres erguem os olhos e fitam os montes perpétuos do reino da luz espiritual de Sophia-Achamoth.

O anjo gêmeo estende sua asa cintilante e transporta para as alturas a alma humana, até a câmara nupcial, onde a união espiritual é selada nas bodas celestiais [alquímicas]. Um por um, Sophia atrai seus filhos espirituais para si, juntando-os às hostes dos eleitos.

Esse é o dom de Sophia, extraído do tesouro sem fim de luz e posto à disposição dos humanos pela sua compaixão e sabedoria.

Ela permaneceu fiel à verdadeira Luz, e insta seus filhos a fazer o mesmo. Fidelidade ao espírito que habita os mais profundos e altos recessos da natureza humana os levará, assim, à renúncia [do mundo] da ilusão e a abraçarem o Real [o reino da luz, dentro de nós]”. [.]

[Cf. ‘Jung e os Evangelhos Perdidos’, cap.6. Stephan A. Hoeller – Ed. Pensamento/Cultrix].

http://www.magisterlux.com/site/arca-de-textos?p=23

ESCUTANDO O MUNDO



O MUNDO É ORACULAR PARA AQUELE QUE SE PÕE À SUA ESCUTA

Para o pensamento que dominou os últimos dois milênios, a afirmação acima não soa como uma verdade, salvo para os poetas, artistas e algumas almas "empedernidas". Isso porque, ao mundo em busca de "desenvolvimento", foi vital substituir essa visão por outra mais pragmática, onde natureza e tempo se transformaram em dinheiro, onde o ser passou a valer pela capacidade de produzir e acumular bens materiais. Dessa forma, não admira que o mundo tenha deixado de ser um oráculo pois, para ser lido, requer uma atitude sensível, disponível, reverente e receptiva.
A receptividade é um atributo do princípio feminino, que vem sendo enfraquecido pelo patriarcalismo, no modo de produção industrial contemporâneo. A rigor, o mundo patriarcal industrializado, ao se instaurar, teve que esvaziar todas as atitudes que conduziam à participação do ser humano na natureza, pois seu imperativo maior tornou-se consolidar uma imagem de poderio humano sobre um mundo exteriorizado e reificado, da natureza subordinada.
Se as culturas arcaicas, com seus ritos e mitos, reatualizavam a obra da criação nas atitudes fundamentais da vida, a urgência desta nova fase imprimiu uma cadência onde não há mais ocasião para qualquer sentimento de união. O religioso, o lúdico, o artístico, o imponderável, enfim, foram desvalorizados e banidos para um plano secundário. O ser humano tornou-se a medida de tudo.
As divindades máximas que antes eram femininas tornaram-se masculinas, subordinadas à potência do homem. E o mesmo aconteceu à terra, ao tempo, à vida. Tudo passou a ser quantificado. A progressiva coisificação da mulher e o esvaziamento do caráter sagrado da natureza acompanharam a supremacia da razão como forma dominante de apreender o mundo. Com isso foram descartados todos os rituais que envolviam os processos de criação, que demarcavam as mudanças do tempo, que nos orientavam e que nos auxiliavam a lidar com as constantes tensões inerentes à vida. Tudo foi engolido pelo projeto civilizatório do desenvolvimento industrial. O mundo foi despojado de todo encantamento. Parafraseando Jung, os lares e as cidades não têm mais as suas divindades protetoras; as cavernas não são mais guardadas por dragões, nem as árvores ou os rios são defendidos por seus espíritos protetores.
E o que foi colocado no lugar destes sentimentos? Nada. Tudo reduziu-se apenas ao cânone da disciplina do mercado, para atender a um consumo imediato. Por isso, talvez seja correto afirmar que a crise que vivemos é, acima de tudo, religiosa e, por extensão, ética. A partir do momento em que abrimos mão de nossas responsabilidades para com a totalidade da vida em benefício apenas de interesses pessoais ou corporativistas, abolimos também nossa capacidade de discernir o mal em nós próprios e passamos a viver sob o tão consagrado lema de que "os fins justificam os meios".
Sob essa bandeira nasceu a ciência moderna, sempre atrelada ao poderio econômico. Para progredir, não transigiu com a natureza, pois seus pressupostos estavam assentados sobre a crença na superioridade humana e sobre a avidez do enriquecimento, mesmo se a realização de suas metas implicasse em exaurir todos os recursos naturais. Para tanto, teve que desrespeitar a Mãe Terra. Desautorizou toda linguagem simbólica que lhe conferia qualquer mistério inacessível à razão. Para violá-la, era imprescindível despojá-la de qualquer caráter sagrado. O mesmo pensamento justificou tanto a dominação da matéria quanto da mulher, transformadas em mercadoria, valendo apenas pelos aspectos atraentes para as normas do consumo.
A título de ilustração, recentemente, num único jornal diário, tivemos dois eloqüentes exemplos disso. Duas mulheres, pacientes de uma mesma clínica de cirurgia estética, sofreram danos irreversíveis em sua saúde, uma chegando a falecer e a outra contraindo complicações cardíacas antes inexistentes. E tudo isso em busca de um ideal de beleza. Não se questiona aqui a busca da beleza. O que está em avaliação é o conceito de beleza, a estrita e estúpida subserviência da mulher às imposições de um esquema já arruinado e a desproporção dos riscos nessa empreitada, como também o flagrante desrespeito aos processos naturais e sagrados do seu corpo.
Há uma coisificação de um valor que deveria ser inalienável, que é o direito de envelhecer, com todos os seus imperativos bio-psico-espirituais. A própria mulher passou a vivenciar seu corpo como produto em exibição num mercado, ficando insensível ao fato elementar de que o envelhecimento do corpo acarreta processos psíquicos interiores que, interrompidos, podem frustrar vivências valiosas. Ela troca, dessa forma, os significados plenos de sua jornada natural por uma imagem falseada e irreconhecível. Se nossa cultura descarta cruelmente a velhice como uma etapa indesejável da vida, e, em conseqüência, gera angústia e sentimento de abandono, cabe à mulher, em primeiro lugar, determinar aquilo que melhor lhe convém. Mesmo que a pesadas custas. E nós, que um dia renegamos as leis da natureza por parecerem demasiadamente primitivas! Fazemos a nós o mesmo que fazemos à Terra. Mas só agora começamos a nos dar conta desse fato. E é a própria Mãe Terra que nos abre os olhos, quando se rebela e nos mostra que não pode mais tolerar nossa ignorância. É de sua grandeza que vem a nossa cura. Basta que fiquemos à escuta.
Uma Ecologia do Feminino propõe uma nova escuta do mundo e da totalidade do ser. Percorrer o meridiano que sobe desde a terra, na planta dos pés, atravessa toda a coluna vertebral, passando pelo coração e saindo pela cabeça em direção ao céu. Responder à urgente necessidade de restabelecer o respeito e a religação com nossa Mãe Terra. Reativando a memória ancestral, da qual nos separamos, talvez possamos reatualizar em cada pessoa os processos eternos da criação da vida, fazendo reviver em nosso ser coletivo a vibração matricial do princípio feminino.
A primazia do Ser sobre o Ter poderá inverter os valores patriarcais, rompendo profundamente seus hábitos mentais, afetivos e espirituais. A compreensão da complexidade de nossas relações com a Mãe Terra deve levar-nos a uma reinvenção de novas possibilidades antigas, retomando, em meio a computadores e antenas parabólicas, à ressacralização do mundo.
A ligação com a Mãe Terra e com o Feminino é para ser experimentada por homens e mulheres, numa nova relação amorosa e criadora.
Essa cordialidade (que vem do cor-ação) será esteio para uma nova ética. Como princípio, o nosso lixo indesejável, seja ele de natureza moral, espiritual ou material, não mais será descarregado nas ruas, nem nos rios, nem mesmo mais distante, no espaço sideral. Estaremos cônscios da comunicabilidade de tudo e, com mais responsabilidade, espera-se, faremos melhores opções. E, para o melhor, poderemos sempre estar orientados pela natureza.

( do livro “ O Encantamento do Humano” de Nancy Mangabeira Unger, Edições Loyola, 2000)

domingo, 28 de dezembro de 2008

A DANÇA DA LUA



Desde a antiguidade a Lua exerceu um profundo fascínio sobre a mente e a imaginação humanas, e tornou-se o principal assunto de inúmeros mitos, lendas, poemas, canções e obras de arte. Considerada por várias tradições e culturas como o símbolo celeste do princípio feminino, a Lua era a própria Mãe Divina, invocada em cultos e rituais para promover a fertilidade e assegurar o crescimento e a nutrição vegetal, animal e humana.

Apesar da Lua ser comumente considerada um mero satélite da Terra, esta relação Lua-Terra funciona como um sistema planetário binário, no qual a Lua, do ponto de vista esotérico, exerce um duplo papel. Enquanto uma face está voltada para o Sol e desta forma ela conduziria a luz espiritual, a outra é atraída pela Terra, pela sua dimensão física e material, sendo assim, um símbolo do dilema e do desafio do ser humano em se equilibrar entre o espírito e a matéria. A Lua desempenha, portanto, seu papel de mediadora reagindo às energias do Sol e da Terra e ocasionando entre nós os ciclos de transformações naturais, biológicas e humanas.

O padrão rítmico da Lua foi o modelo primordial dos calendários em uso pelos povos primitivos, e era relacionado ao ciclo menstrual da mulher e ao movimento das marés. Um dos primeiros calendários astrológicos conhecidos foi criado pelos babilônios, baseado no ciclo das lunações e chamado de “As casas da Lua”, enquanto o zodíaco era considerado o cinturão da Deusa Ishtar. Em inúmeras tradições e mitos são enumeradas e descritas as fases lunares como personificações da Deusa lunar, no seu aspecto de Donzela (lua crescente), Mãe (lua cheia) e Anciã (lua minguante). A própria criação do Universo foi atribuída pelos gregos à dança da deusa Eurynome, cujos movimentos separaram a luz da escuridão, e o mar, do céu.

O padrão energético lunar é o primeiro a ser absorvido pelo filho na hora do nascimento, sendo depois ativado pelo contato com a mãe física e pelas condições do mundo exterior. A partir do primeiro alento a influência da Lua natal irá permear todas as experiências da vida da pessoa, definindo a estruturação e o desenvolvimento da personalidade.

Enquanto o Sol astrológico representa a individualidade, a Lua revela a personalidade - a máscara social - e a maneira de responder às experiências e aos estímulos externos. O processo de auto-conhecimento inclui explorar as profundezas da Lua ( da personalidade) para encontrar a luz do Sol ( a individualidade central). Quando o Sol e a Lua estão em equilíbrio, a combinação das suas energias permite a integração das frações divididas da psique, estabelecendo uma união harmônica das polaridades.

A Lua atua como um receptor seletivo das impressões do mundo exterior, colocando em evidência e selecionando aquelas a que vamos responder conscientemente. Observamos a influência da Lua na mutabilidade das nossas reações às vivências cotidianas, pois ela nos protege e guia, ativando ou modificando nossos padrões habituais de comportamento. Pela posição da Lua no mapa natal identificam-se os padrões emocionais, o tipo e a qualidade dos relacionamentos, a maneira de responder às necessidades próprias e as dos outros, bem como a expressão ou o bloqueio de talentos naturais como intuição, inspiração e criatividade.

O elemento do signo astrológico em que a Lua estiver situada no mapa natal indica a capacidade de auto-nutrição, os padrões costumeiros da reação instintiva e o tipo de energia necessária para a adaptação às situações e aos ambientes. A maioria das pessoas conhece seu signo solar, ou seja, aquele signo do Zodíaco em que o Sol estava “passando” na data do seu nascimento. No entanto, muitos poucos sabem qual é o seu signo lunar, importante dado astrológico, principalmente para as mulheres, cuja energia e ciclos fluem em função dos ritmos lunares.

A mulher que conhece seu signo lunar e que acompanha o movimento da Lua pelos seus signos e fases poderá perceber não apenas suas flutuações de humor e seus ciclos biológicos, mas também o aumento de sua percepção psíquica e o aguçamento de sua sensibilidade. Ela poderá assim tirar proveito destas características, ou pelo contrário, proteger sua vulnerabilidade.

Enquanto o Sol gasta um ano para percorrer a Roda do Zodíaco, a Lua a percorre em um mês, permanecendo em cada signo aproximadamente dois dias e meio. A passagem da Lua pelo signo solar individual reforça as características do nativo, aumentando assim o seu poder pessoal. Pedidos, orações, rituais, afirmações e encantamentos, feitos no dia em que a Lua está no signo solar natal serão potencializados e sua realização será facilitada.

A Lua nos signos de fogo propicia uma resposta rápida, entusiasta e uma visão otimista perante a vida, podendo fluir com as mudanças, sem se apegar aos esquemas e à rotina. O desafio é representado pela impaciência, as ações impulsivas e precipitadas, as atitudes egocêntricas e hedonistas.

A Lua nos signos de terra incentiva a busca da segurança e da estabilidade, do enraizamento e da praticidade. Atitudes, convicções e valores dependem das percepções sensoriais e do contato com o mundo tangível. Deve ser avaliada e vencida a insegurança em relação aos sentimentos, às emoções e à aceitação social e pessoal. Pode ser percebida uma resistência às mudanças e a permanente preocupação com a realização profissional.

A Lua em signos de ar intelectualiza os sentimentos e as emoções, colocando em primeiro plano o intelecto e reprimindo ou negligenciando os sentimentos. É necessário incentivar a expressão e a comunicação, tanto mental quanto emocional, para conseguir evitar uma dicotomia e um conseqüente desequilíbrio interior.

A Lua nos signos de água enfatiza a necessidade de vivenciar e lidar com emoções e sentimentos, procurando evitar a vulnerabilidade afetiva e a hipersensibilidade. A vida é percebida por um filtro emocional, fato que exacerba a empatia e dificulta a adaptação às mudanças.

Existem outros pontos lunares “de poder” ao longo do ano. Anualmente, cada pessoa terá uma lua cheia e uma lua nova no seu signo solar. A lua nova representa um convite para a introspecção, contemplação e alinhamento espiritual. Como acontece geralmente próximo ao aniversário, esta fase pode ser usada como uma preparação para o seu retorno solar (o novo ciclo que se estende de um aniversário até o próximo). Já a lua cheia convida para uma celebração e colheita das realizações e conquistas, bem como uma oportunidade de direcionar a criatividade ampliada para novas metas. Como a Lua passa por todas as suas fases em todos os signos zodiacais, é importante também saber quando acontecerão a lua crescente e a minguante no seu signo solar. A lua crescente é propícia para iniciar um projeto, mudança ou viagem, enquanto a minguante representa um momento de reflexão e avaliação das experiências e dos aprendizados, favorecendo o desapego ritualístico das perdas, decepções, mágoas e dores.


Mirella Faur.

http://www.xamanismo.com/

LUA VIOLETA



Já está bastante difundido e conhecido chamar de LUA AZUL, a segunda Lua Cheia que ocorre dentro do mesmo mês, e é considerado um acontecimento de muita força magnética e poder espiritual.

No entanto, muitos poucos ouviram falar na LUA VIOLETA, expressão criada por Mirella Faur (vide “Anuário da Grande Mãe”) significando a segunda LUA NEGRA no mesmo mês, o que lhe garante qualidades purificadoras e renovadoras que podem ser alcançadas por meio do silêncio, introspecção e reflexão.

A LUA NEGRA corresponde à fase lunar que antecede de três dias a Lua Nova e é conhecida como uma oportunidade mágica para realizar rituais de transmutação, desintegração das amarras fluídicas, cura psíquica e promover homenagens para as deusas “Escuras” (regentes da noite e da magia).

Precisaremos, no entanto, aproveitar a sabedoria que a LUA VIOLETA vai despertar, permitindo descartar o que é obsoleto ou mesmo nocivo para nosso bem-estar, abrindo mão daquilo que já cumpriu com sua finalidade ou está ultrapassado.

A maior finalidade da celebração da LUA VIOLETA é possibilitar uma silenciosa e profunda contemplação não apenas na realidade material, mas do verdadeiro propósito da alma e dos seus desafios, além da missão que ela veio realizar nesta encarnação.

Somente quando o espírito alcança e aceita cumprir o seu dharma (missão) sem se queixar do seu karma (destino) que então a trajetória da vida torna-se pacífica e amena.

Invocando a proteção do seu Anjo da Guarda e a permissão das Senhoras do Destino será possível vislumbrar, na noite da LUA VIOLETA, aqueles presságios ou sinais que, por serem pessoais e genuínos, poderão guiar a vida de cada um.

Texto de Mirella Faur.

QUANDO AS MULHERES SABIAM TUDO...



A terra é um organismo vivo, e o homem se esqueceu disso.

Perdido na adoração de um Deus que representa seu próprio umbigo, o homem se esqueceu da beleza de ser parte, numa criação bem mais grandiosa que essa síntese carente da cosmogonia judaico-cristã, vivendo na crença de ser o único ser agraciado pela imagem e semelhança de Deus. O próprio agricultor, que vive em contato direto, em relação de dependência direta da terra, encara o solo como mero suporte para sua atividade, muitas vezes negligenciando as necessidades de recuperação natural da terra.

A Sociedade Tecnocrática acelerou os principais antagonismos vivenciados pela população humana desde o início da civilização pós-glacial, e finalmente, gerou a insustentabilidade que impera em todas as relações a nossa volta. A exploração do homem pelo homem e a exploração dos recursos naturais atingiram níveis insustentáveis. A sociedade que apregoa o consumo indiscriminado vive hoje seu maior dilema: como continuar estimulando o consumo, se não há condições materiais para satisfazê-lo? A resposta para essa pergunta está na administração racional da Economia, redirecionando a principal função do Mercado para seu caminho original: escoadouro da produção, com o objetivo de distribuir a riqueza produzida pelas economias regionais.

Há solução pra tudo, mas é preciso primeiro enxergar os problemas. Infelizmente, aqueles que foram enredados pelas falsas promessas de conforto e luxúria são rudes demais pra perceber que alguma coisa vai mal. Aquele que vive o Caminho do Buscador procura (re)estabelecer seu elo com a natureza, com aquilo que pode, seguramente, religar o homem ao seu Fluxo de Criação. A natureza certamente representa, para os Buscadores, a fonte mais segura de consulta. Mas para saber consultá-la com eficiência, é preciso sintonizar-se.

O homem vive prisioneiro de seu tempo. Tem sido assim desde que se rompeu o elo entre o ser humano e a natureza. Antes, o homem vivia em sintonia perfeita com a natureza. As mulheres sempre estiveram harmonizadas com a natureza através do ciclo menstrual, que sofre influência direta da dança do Avô Sol e da Avó Lua. Os homens precisam conviver constantemente com as mulheres para serem influenciados pelos odores dos hormônios nas diferentes fases do ciclo menstrual e a partir daí, sintonizarem a frequência da dança. Resumindo: as mulheres são Oráculos. Os mais eficientes que existem!

Basta estar ali, ao seu lado, convivendo com igualdade, que você vai saber ler todas as respostas do universo nos cheiros da mulher! Durante milênios, a Civilização subjulgou a mulher. Onde quer que tenha se instalado esse modo predatório e absurdo de Cultura, a mulher foi considerada sem alma, um tipo de animal, ou qualquer outra coisa pejorativa que valha.

Nas civilizações anteriores, pré-glaciais, que serão descobertas após as mudanças geográficas, as mulheres ocupavam o centro da cadeia de poder, e dominavam os segredos do conhecimento dos fenômenos da vida e da morte. Os povos antigos surgirão do centro da Terra revelando os segredos do passado. Veremos que as mulheres foram as primeiras a entender o funcionamento da vida, graças ao seu poder de gerar vida e de viver em sincronia natural com a Vida.

As mulheres se reuniam em grupos, trocavam segredos e rapidamente desenvolveram as faculdades humanóides com mais sutileza que os homens. Vivendo essencialmente agrupadas, em um modo de comportamento mais calmo, as mulheres desenvolveram uma linguagem mais precisa, que as permitia ensinar o que aprendiam e trocar conhecimentos com mais eficiência. O tipo de atenção que se exige de um coletor também pode ter contribuído para gerar mais sutileza na fabricação de instrumentos que permitissem realizar trabalhos mais eficientes.

Rapidamente, as mulheres descobriram que poderiam viver de uma dieta feita de raízes e folhas, trocando entre o grupo conhecimentos obtidos na coleta de ervas. Enquanto isso, os homens ainda tentavam descobrir a melhor maneira de capturar o mesmo bisão; as mulheres já haviam catalogado ervas e raízes, desenvolvido um tipo rudimentar de medicina que as tornou mais fortes que os homens, e se isolado em grupo fechado que se servia de alguns poucos homens, devidamente escolhidos e educados, para defendê-las, trabalhar nas tarefas mais pesadas e gerar descendentes.

Foi aí que a coisa complicou! A inocente da Eva resolveu educar os homens. Uma mulher cometeu o pecado de levar o fogo à caverna para explicar aos homens como viver em comunhão com a natureza, sem temê-la. Os homens, acostumados ao medo da caçada, não quiseram ouvir a história da mulher, acusaram-na de demoníaca e resolveram continuar adorando o Deus que lhes atendia as preces (ás vezes) trazendo a caça. Mas o encontro rendeu mais... de posse do conhecimento compartilhado, os homens subjulgaram as mulheres e utilizaram a ciência desenvolvida por elas para dominar a natureza, em vez de viver em comunhão com o meio. Desse dia em diante, as mulheres teriam dores para parir, por que o Círculo Sagrado que difundia os Segredos da Boa Vida nunca mais se reuniria. As mulheres seriam perigosas, por isso seriam colocadas em inferioridade, para que não se unissem e não voltassem a compartilhar segredos. O valor principal seria a força, para que as mulheres não pudessem se sobressair. E os filhos se transformariam em castigos, para que nenhuma outra geração fosse amada e descobrisse a Verdade.

In Lak'ech

Soplaris, da Tradição dos Buscadores

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TEMPO DE SONHOS



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Sempre que a humanidade esteve a beira da extinção, ela deu um salto quântico. Quando coisas estão boas não há nenhuma necessidade para mudar. Creio que atualmente, nós estamos novamente no umbral. E nós estamos redescobrindo as ferramentas neurológicas para fazer isso, tal como os xamãs fazem tão elegantemente, quando realizam esse salto quântico.
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Os xamãs dizem que há dois tipos de pessoas: as pessoas que sonham e as pessoas que estão sendo sonhadas. Os sonhadores são esses que podem conduzir os seus sonhos conscientemente. Sonhar lucidamente é um modo excelente para entrar no Tempo do Sonho. Na maioria das tradições xamânicas é ensinado ver, usar nossa visão para ver nestas realidades. Vendo-as, nós podemos entrar nelas, e passamos a estar simultaneamente em duas realidades. Se nós podemos aprender a desenvolver a percepção deste novo sentido, que nós estávamos falando, então nós podemos ouvir inúmeros diálogos ao mesmo tempo. A percepção é a chave para entrar nestas realidades. Aprendemos a perceber e reconhecer o que está acontecendo ao nosso redor a todo minuto.
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Nas histórias contadas pelos aborígines australianos, houve uma época em que o mundo tangível pertencia ao Dreamtime. E que chegará o dia em que o nosso mundo será mais uma vez reabsorvido no Tempo do Sonho. Para os aborígines, o Tempo do Sonho torna-se parte do presente quando seus mitos da criação são revividos ao serem representados em cerimônias sagradas. Para eles como outras tradições, os caminhos percorridos pelos ancestrais são caminhos sagrados. Em cada lugar por onde o ancestral passou, deixou a marca sagrada de sua presença, num rochedo, num lago ou numa árvore. Pois o Tempo do Sonho não está somente no passado, pois é o eterno Agora. Entre cada batida do coração, o Tempo do Sonho pode voltar.

Dã Nãho!

Wagner Frota, "Jaguar Dourado"

Xamanista e Membro-fundador do Clã Lobos do Cerrado
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2009 SERÁ MESMO DIFERENTE?




Estamos as vésperas de um novo ano e eu me pergunto se alguma coisa vai mudar em 2009,ao ver a humanidade sempre se repetindo nas suas insandecidas lutas em nome do patriotismo,religião,ou qualquer pseudo-motivo;a meta principal sempre foi e será o PODER,a qualquer custo e por quaisquer meios...

BLOQUEIO E ATAQUES DE ISRAEL

Se Gaza cair, Cisjordânia cairá depois

O que está acontecendo em Gaza, ante nossos olhos, é a destruição de toda uma sociedade e nenhum clamor se ouve, além dos avisos da Organização das Nações Unidas (ONU), que são ignorados pela comunidade internacional. Com o bloqueio praticado por Israel, população da região (cerca da metade é composta por crianças) está sem alimentos e remédios. A análise é de Sara Roy, professora do Harvard's Center for Middle Eastern Studies.

Sara Roy (*)

O sítio de Gaza, por Israel, começou em 5 de novembro, um dia depois de Israel ter atacado a Faixa, ataque feito sem possibilidade de dúvida para pôr fim à trégua estabelecida em junho entre Israel e o Hamás. Embora os dois lados tenham violado antes o acordo, nunca antes acontecera qualquer violação em tão grande escala. O Hamás respondeu com foguetes, e desde então a violência não recrudesceu.

Com o sítio, Israel visa a dois principais objetivos. Um, reforçar a idéia de que os palestinos são problema exclusivamente humanitário, como pedintes, mendigos sem qualquer identidade política e, portanto, sem reivindicações políticas. Segundo, impingir a questão de Gaza, ao Egito.

Por isso, os israelenses toleram as centenas de túneis que há entre Gaza e o Egito, pelos quais começou a formar-se um setor comercial informal, embora cada vez mais regulado. A muito grande maioria dos habitantes da Faixa de Gaza vive em condições de miséria, com 49,1%, estatísticas oficiais, de desempregados. De fato, os habitantes de Gaza já sabem que está desaparecendo rapidamente, para todos, qualquer possibilidade real de emprego.

Dia 5/11, o governo de Israel fechou todas as vias de entrada e saída de Gaza. Comida, remédios, combustível, peças de reposição para as redes de energia, água e esgoto, adubo, embalagens, telefones, papel, cola, calçados e até copos e xícaras não entram nos territórios ocupados em quantidade suficiente, ou absolutamente não há.

Conforme relatórios da Oxfam, apenas 137 caminhões com alimentos entraram em Gaza no mês de novembro de 2008. Em média, 4,6 caminhões/dia; em outubro de 2008, entraram em média 123; em dezembro de 2005, 564. As duas principais organizações que levam comida a Gaza são a UNRWA, Agência de Ajuda Humanitária da ONU para os Refugiados Palestinos e o Oriente Médio; e a WFP, "Programa Alimento para o Mundo". A UNRWA alimenta aproximadamente 750 mil palestinos em Gaza (cerca de 15 caminhões/dia de alimentos). Entre 5/11 e 30/11, só chegaram 23 caminhões, cerca de 6% do mínimo indispensável; na semana de 30/11, chegaram 12 caminhões, 11% do mínimo indispensável.

Durante três dias, em novembro, a UNRWA esteve totalmente desabastecida e 20 mil pessoas não receberam a única comida com que contam para matar a fome. Nas palavras de John Ging, diretor da UNRWA em Gaza, praticamente todos os atendidos pela organização dependem completamente do que recebem, seu único alimento. Dia 18/12, a UNRWA suspendeu completamente a distribuição de alimento, dos programas regulares e dos programas de emergência, por causa do bloqueio israelense.

A WFP enfrenta problemas semelhantes; conseguiu enviar apenas 35 caminhões, dos 190 previstos para atender as necessidades da Faixa de Gaza até o início de fevereiro de 2009 (mais seis caminhões conseguiram chegar a Gaza, entre 30/11 e 6/12). E não é só: a WFP é obrigada a pagar pelo armazenamento dos alimentos que não podem ser enviados a Gaza. Só em novembro, pagou 215 mil dólares. Se Israel mantiver o sítio a Gaza, a WFP terá de pagar mais 150 mil dólares pelo armazenamento dos alimentos, no mês de dezembro, dinheiro que deveria ser usado para auxiliar os palestinos, mas está entrando nos cofres de empresas israelenses de armazenamento.

A maioria das padarias comerciais em Gaza (30, de 47) foi obrigada a fechar as portas por falta de gás de cozinha. As famílias estão usando qualquer tipo de combustível que encontrem, para cozinhar. Como a FAO/ONU já informou, o gás é indispensável para manter aquecidos os criadouros de aves. A falta de gás e de rações, já levou à morte milhares de galinhas e frangos. Em abril, conforme a FAO, já praticamente não haverá galinhas e frangos em Gaza e para 70% dos palestinos, carne e ovos de galinha são a única fonte de proteína.

Bancos, impedidos por Israel de operar nos territórios ocupados, fecharam as portas dia 4/12. Num deles há um aviso, em que se lê: "Por decisão da Autoridade das Finanças na Palestina, o banco permanecerá fechado hoje, 4/12/2008, 5ª-feira, por falta de numerário. O banco só reabrirá quando voltar a receber moeda."

O Banco Mundial já antecipara que o sistema bancário em Gaza entraria em colapso se as restrições continuassem. Todo o fluxo de dinheiro para os programas foi suspenso, e a UNRWA suspendeu a assistência financeira a outros subprogramas, para os mais necessitados, dia 19/11. Também está paralisada a produção de livros didáticos e cadernos, porque não há papel, tinta de impressão e cola, em Gaza. Com isso, 200 mil estudantes serão afetados, ano que vem, no início das aulas.

Dia 11/12, o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, enviou 25 milhões de dólares para o sistema bancário na Palestina, depois de um apelo do primeiro-ministro palestinense, Salaam Fayad; foi a primeira remessa, desde outubro. Não bastará nem para pagar o mês de salários atrasados dos 77 mil funcionários públicos de Gaza.

Dia 13/11, foi suspensa a operação da única estação de energia elétrica que opera em Gaza; as turbinas foram desligadas por absoluta falta de diesel industrial. As duas turbinas movidas a bateria 'caíram' e não voltaram a funcionar dez dias depois, quando chegou um único carregamento de combustível. Cerca de 100 peças de reposição, encomendadas para as turbinas, estão há oito meses no porto de Ashdod, em Israel, a espera de que as autoridades da alfândega israelense as liberem. Agora, Israel começou a leiloar as peças não liberadas, porque permanecem há mais de 45 dias no porto. Tudo feito conforme a legislação de Israel.

Durante a semana de 30/11, 394 mil litros de diesel industrial foram liberados para a estação de produção de energia: aproximadamente 18% do mínimo que Israel está legalmente obrigado a fornecer. Foi suficiente apenas para fazer funcionar uma turbina, por dois dias, antes de a estação ser novamente fechada. A Gaza Electricity Distribution Company informou que praticamente toda a Faixa de Gaza ficará sem eletricidade por períodos que variarão entre 4 e 12 horas/dia. Em vários momentos, haverá mais de 65 mil pessoas sem eletricidade.

Nem mais uma gota de óleo diesel (para geradores e para transporte) foi entregue essa semana (como já acontece desde o início de novembro); nem de gás de cozinha. Os hospitais em Gaza estão operando, ao que parece, com diesel e gás recebido do Egito, pelos túneis; ao que se diz, são produtos administrados e taxados pelo Hamás. Mesmo assim, dois hospitais em Gaza estão sem gás de cozinha desde 23/11.

Além dos problemas diretamente causados pelo sítio israelense, há os problemas criados pelas divisões políticas entre a Autoridade Palestina na Cisjordânia e a Autoridade do Hamás, em Gaza. Por exemplo, a CMWU, que fornece água para a região costeira de Gaza, que não é controlada pelo Hamás, é financiada pelo Banco Mundial via a Autoridade Palestina para a Água (PWA) em Ramállah; o financiamento destina-se a pagar o combustível para as bombas do sistema de esgotos de Gaza.

Desde junho, a PWA tem-se recusado a liberar o dinheiro, aparentemente porque entende que o funcionamento dos esgotos beneficiaria o Hamás. Não sei se o Banco Mundial tentou alguma intervenção nesse processo, mas, por hora, a UNRWA está fornecendo o combustível necessário, embora não tenha orçamento para essa finalidade. A CMWU também pediu autorização a Israel para importar 200 toneladas de cloro; até o final de novembro recebeu apenas 18 toneladas suficiente para o consumo de uma semana de água clorada. Em meados de dezembro, a cidade de Gaza e o norte da Faixa só tinha água por seis horas, a cada três dias.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, as divisões políticas entre Gaza e a Cisjordânia também têm tido sério impacto sobre o abastecimento de remédios em Gaza. O ministério da Saúde da Cisjordânia (MOH) é responsável por comprar e distribuir quase todos os produtos farmacêuticos e cirúrgico-hospitalares usados em Gaza. E todos os estoques estão perigosamente baixos. No mês de novembro, várias vezes o ministério devolveu carregamentos recebidos por via marítima, por não haver espaço para armazenamento; apesar disso, nada tem sido entregue em Gaza, em quantidades suficientes. Na semana de 30/11, chegou a Gaza um caminhão com remédios e suprimentos médios, enviado pelo MOH em Ramállah; foi o primeiro, desde o início de setembro.

Está acontecendo aí, ante nossos olhos, a destruição de toda uma sociedade e nenhum clamor se ouve, além dos avisos da ONU, que são ignorados pela comunidade internacional.

A União Européia anunciou recentemente que deseja estreitar relações com Israel, pouco depois de as autoridades israelenses terem declarado abertamente que preparam a invasão, em larga escala, da Faixa de Gaza e de terem apertado ainda mais o bloqueio econômico, com o apoio, já nada tácito, da Autoridade Palestina em Ramállah. Essa, vê-se, está colaborando com Israel, em várias medidas. Dia 19/12, o Hamás deu oficialmente por encerrada a trégua (que Israel declarou que estaria interessado em renovar), porque Israel não suspendeu (nem diminuiu) o bloqueio.

Por quê, como, em que sentido, negar alimento e remédios à população de Gaza ajudaria a proteger os israelenses?

Por quê, como, em que sentido, o sofrimento das crianças de Gaza - mais de 50% da população são crianças! - beneficiaria alguém?

A lei internacional e a decência humana exigem que essas crianças sejam protegidas. Se Gaza cair, a Cisjordânia cairá depois.

(*) Professora do Harvard's Center for Middle Eastern Studies. Autora de Failing Peace: Gaza and the Palestinian-Israeli Conflict.

"If Gaza falls...", Sara Roy, London Review of Books, 1/1/2009, em http://www.lrb.co.uk/v31/n01/roy_01_.html © LRB. Tradução de Caia Fittipaldi, sem valor comercial, para finalidades didáticas.

http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm?alterarHomeAtual=1

LOBOS




"Os lobos enxergam duas vezes mais que os homens, e são capazes de prever nossa próxima ação." - Ditado Popular

Os Lobos
Ser um membro integrante, respeitado e amado de um grupo social organizado é a coisa mais importante na vida de um lobo. Eles vivem para o grupo.

Desde os primórdios, nossos ancestrais pintavam lobos nas paredes das cavernas, e escolhiam-no como símbolo para sua tribo.

O lobo representa o lado selvagem e indomado da vida mais do que qualquer outro animal. No fundo de nosso âmago, nós seres humanos desejamos ser como eles.

Nossos ancestrais viviam da colheita e da caça, vivendo harmonicamente com os lobos e outros animais ditos selvagens. Já nos dias de hoje, com o "avanço" da humanidade e de suas tecnologias, podemos ter sucesso na nossa vida profissional e consequentemente sucesso material, mas enquanto isso, a nossa unidade familiar se deteriora dia a dia, fazendo com que busquemos um entendimento de quem somos, e procurando entender a nossa relação com a natureza. Já os lobos sabem quem eles são. Eles existem uns para os outros.

Durante séculos, homens e lobos coexistiram, respeitando-se mutuamente ao invés de terem medo. Cada um respeitava a organização social e a habilidade de caça do outro. Foram parceiros na manutenção do equilíbrio da Mãe Terra, compreendendo que faziam parte da natureza mais do que a natureza fazia parte deles.

Até hoje não sabemos se foi por inveja, por medo ou ignorância, mas de uma hora para outra, o homem achou que era superior ao Lobo e começou a exterminá-los.

Em número pequenas poucas alcatéias sobreviveram a todas intempéries, protegendo sua estrutura social e organização familiar.

Nos dias de hoje, existem uma consciência ecológica crescente que ainda temos algo a aprender com nossos Irmãos Lobos. Com o auxílio de Fundações e Organizações, os lobos estão ressurgindo por todo mundo. É incrível, mas podemos observar que nos nossos dias, a ordem social do homem parece estar em decadência enquanto a do lobo permanece intacta.

Nos vivemos desorientados, sem equilíbrio físico, mental e emocional numa sociedade turbulenta cheia de violência, divórcio, desemprego, hiper-população, fusões de empresas, enquanto os lobos continuam com o mesmo modelo brincalhão, participativo, eficiente e de união.

O mesmo ocorre com nosso sistema de Socialização que declina diariamente, já os lobos, colocam a educação, a proteção, a tutela e o aconselhamento dos mais jovens como prioridade. De algum jeito, eles sabem que o seu futuro depende de sua cria e agem de acordo com esse princípio.

Ordem Social
A ordem social dos lobos é muito evoluída, com um macho e fêmea alfa como líderes, um macho e uma fêmea beta como os segundos no comando, usualmente um omega no escalão mais baixo. O macho alfa tem força, habilidade para caça, facilidade para tomar decisões, personalidade marcante e muita bravura. É literalmente o líder do grupo. A fêmea alfa atua como sua companheira e como vice-líder da alcatéia. Sua personalidade é semelhante à do macho alfa. A sobrevivência do grupo depende da sabedoria, julgamento e liderança deles.

O macho e a fêmea alfa demonstram sua autoridade, jamais permitem que outros lobos "saiam de seus lugares". O macho alfa geralmente se concentra em manter os outros machos na linha, enquanto cabe à fêmea alfa dominar as outras fêmeas. O macho alfa frequentemente demonstra seu domínio rosnado, mordendo, perseguindo, dilacerando, ou descansando sobre outros lobos. Essa "lições" são entendidas pelos demais membros do grupo.

O lobo omega é o bode expiatório do grupo. Come por último, leva a culpa por tudo que não dá certo e é geralmente um alvo fácil para se atormentar. Enquanto os lobos alfa transmitem eficazmente sua autoridade, o lobo omega é um exemplo de submissão quando deita de costas com o estômago em posição vulnerável, ou quando caminha com a cauda entre as pernas. Todos os outros lobos o molestam.

A hierarquia dos lobos na alcatéia pode, com frequência, ser determinada pela posição que estes mantêm suas caudas. As caudas dos lobos alfas ficam levantadas. Os lobos médios mantêm posição baixa. Os lobos omega, como determina seus status, mantêm as caudas entre as pernas.

Muitos rosnados, resmungos, estrépitos, guinadas, arregaçares assustadores de focinhos acompanham a alcatéia, porém brigas sérias são muito raras. Eles mostram os limites do seu território marcado-o e uivando. Preferem a comunicação pacífica em vez da guerra.

Necessitamos dos lobos para nossa saúde espiritual. Lobos são a síntese da beleza, dignidade e inteligência. São espertos e duros e podem competir com qualquer coisa no mundo, exceto com armas, veneno e armadilhas; ou seja; o homem. Sua família nunca fica em segundo plano. Lobos são devotados às suas famílias e mostram grande sensibilidade em relação às necessidades de seus membros. Lobos são extremamente leais e esbanjam afeição a seus companheiros de grupo. Sua estrutura é complexa e bonita.

Aprendendo com os Lobos
Felizmente nos dias de hoje, estamos começando a ver os lobos como os nativos americanos, que o respeitavam por sua coragem, inteligência e imensa habilidade. Os xamãs muitas vezes vestem-se com capuz e pele de lobos resgatando a magia desse animal entram em seus corpos e mentes, de modo que possam adquirir perícia e habilidade. Nós sabemos que as lições que os lobos nos ensinam podem guiar nosso comportamento para com os outros e a vida.

Quando estão caçando, os lobos viajam em fila indiana. Quando o lobo alfa gasta maior energia. Ele vai abrindo caminho permitindo que os outros economizem suas energias. Quando ele se cansa, o líder sai da frente deixando que o lobo seguinte assuma a liderança. O alfa poderá agora seguir a trilha deixada pelos outros, trabalhando menos e recuperando as forças para os próximos revezamentos.

Todos na alcatéia têm seu papel, e o assumem visando o bem-estar geral. Muitos deles assumem o papel de babá, quando a mãe dos filhotes se ausenta em caçadas ou longos passeios. A maioria dos membros não pretende exercer a liderança, preferem ser caçadores ou vigias.

Desde pequenos os filhotes são treinados visando assumir sua posição de liderança no grupo. Como se sua vida e a da alcatéia dependessem disto. Eles aprendem se divertindo.

Muitas canções e lendas contam as incríveis habilidades do lobo. O sucesso do lobo em suas jornadas é devido à observação, a simplicidade de propósito, o trabalho em equipe, a curiosidade, serem detalhistas e principalmente a sua paciência.

O som dos lobos uivando é misterioso, triste, bonito e aterrorizador. Quem já teve a oportunidade de ouvir esse coro se sentiram maravilhados e ao mesmo tempo com medo. A melodia das vozes nos dá a impressão que estamos rodeados por uma grande quantidade de lobos.

Geralmente nesse momento em que escutamos o coro da alcatéia, só existem no máximo o número de oito lobos uivando juntos. Como nós, cada lobo tem a sua individualidade e tem o cuidado em não imitar os outros. Cada lobo na alcatéia assume o seu tom na sinfonia, procurando não imitar o outro, respeitando assim a singularidade de cada um.

Esse respeito pela individualidade enfatiza a verdadeira unidade da alcatéia. Eles são um todo, mas suas individualidades contribuem para o desenvolvimento da organização da alcatéia. Cada um tem sua própria voz, e ela é respeitada pelo demais. No nosso Clã exercemos este direito quando estamos com o Bastão Falante "Talking Stick".

Até hoje não se sabe exatamente porque os lobos uivam, só se sabe que eles foram abençoados com um talento que atravessa gerações, aperfeiçoando-se diariamente. Parafraseando Ernest Hemingway "Por quem os Lobos uivam? Eles uivam por nós Filhos da Mãe Terra."

Os lobos têm uma hierarquia social muito rígida, em que cada membro da alcatéia tem uma função. Ao vermos os lobos comendo, observamos algumas lamúrias, reverências e afagos de acordo com a posição social de cada lobo. Já quando eles estão uivando juntos, todas a barreiras se rompem, como se eles falassem: "Somos únicos, mas somos um todo." É uma mensagem bem clara para todos aqueles que escutam os uivos dos Lobos.

No nosso Clã, procuramos ressaltar as peculariedades individuais de cada membro. Cada um assume a sua responsabilidade dentro do Clã empregando seus esforços e dons. Exprimindo a individualidade de cada um, respeitando e encorajando nossa individualidade, o nosso círculo é fortalecido diariamente.

A Mãe Terra é alvo diariamente da curiosidade e admiração por parte dos lobos. Cada nova descoberta proporciona encantamento e surpresa. É assim que nós agimos também quando estudamos as manifestações da natureza no nosso caminho no Xamanismo. Para nós a curiosidade alimenta a criatividade, por isso sempre estamos aprofundando nossos estudos, visando o despertar de um novo Ser, através de práticas xamânicas e debates.

Os lobos utilizam diversas formas de comunicação. Uivam, usam a linguagem corporal, caudas levantadas ou abaixadas, olhos, expressões faciais e assumem uma postura submissa ou dominante para transmitir suas mensagens.

Seu olhar é o meio de comunicação mais usado, é através do tamanho das suas pupilas que eles expressam alegria, medo, surpresa entre outras emoções.

Em sua vida cotidiana os lobos vivem enfrentando situações entre a vida e a morte; tais quais os xamãs; nesses momentos, a comunicação é vital para a sobrevivência do grupo. O poder de observação deles é tão apurado que com um olhar ele conseguem captar a mais sutil mudança de comportamento em cada um de seus companheiros.

Devido a sua habilidade de comunicar-se, raramente um lobo luta com outro até a morte. Será que nós homens não temos muito o que aprender com o sistema de comunicações dos lobos?

Antes da ocupação dos homens, os lobos eram os animais que ocupavam as maiores áreas do mundo. Apesar da destruição de seu habitat pela mão humana, eles ainda perseveram, perambulando pelas partes mais remotas do planeta. Eles são animas que não desejam serem alimentados pelo homem. Desejam ficarem sozinhos e viver da forma que o Grande Espírito determinou que vivessem. Infelizmente, essa determinação dos lobos de preservarem sua ordem social e estilo de vida fizeram com que quase fossem extintos da Mãe Terra. Mas, embora necessitem nos dias de hoje de se se adaptarem a clima inóspitos e solos áridos, eles perseveram obstinadamente em seu jeito de viver.

Os lobos Omega são um exemplo desta perseverança obstinação em sobreviver. Às vezes, chega a dar pena ao ver um Omega sendo maltratado desde pequeno, deixando-o sempre em último plano, principalmente na hora de alimentar-se.

Porém, algumas vezes um fenômeno emerge desse comportamento. Os lobos Omega, quando sobrevivem, tendem a tornar-se bons lutadores, até chegar o ponto em que passam a revidar à altura. Não é raro que alguns desses lobos Omega consigam sobreviver aventurando-se por conta própria, tornando-se os míticos "lobos solitários" por certo tempo. Eventualmente eles se juntam a outra alcatéia, ou têm o prazer de encontrar uma companheira e começam a formar seu próprio núcleo lupino.

Qualquer que seja o caso, o resultado de sua perseverança é positiva para o mundo dos lobos. Juntando-se a uma nova alcatéia, injetam sangue novo no grupo, amenizando alguns efeitos hereditários. Caso torne-se líder Alfa de sua alcatéia, os membros delas terão um líder que enfrentou e venceu grandes desafios.

Os lobos quando estão caçando, parecem estar seguindo um rebanho despreocupadamente durante dias. De repente, o líder olha para os membros de sua alcatéia, e os aparentemente letárgicos lobos entram em ação como uma equipe bem coordenada, sendo que cada membro conhecia a estratégia que seria empregada e a parte que cada um deveriam realizar.

Vejam, que anteriormente falamos em se divertir. Essa é uma atividade realizada cotidianamente pelos lobos desde pequenos. Em suas brincadeiras, podemos notar que os filhotes agem desinibidamente. Os lobos são animais sociáveis que fortalecem pelo contato físico. Brincando eles aprimoram suas habilidades de caça, comunicação e união.

Suas brincadeiras, porém, servem a outros propósitos. São uns métodos práticos utilizados para estabelecer e assegurar constantemente a alimentação da alcatéia. Brincando, eles aprendem como conseguir comida. Tornam-se fisicamente mais fortes e mentalmente mais resistentes. Ou seja, para o lobo, divertir-se não é verdadeiramente uma brincadeira, e sim mais uma lição.

A alcatéia caça, se diverte e auxilia, em conjunta na educação dos filhotes. Todas essas atividades servem para reforçar as tradições e organização social do grupo. Os jovens respeitam as peculiaridades que os mais velhos possuem, e esses incentivam esses mesmos dons nos mais jovens. A morte de um ancião, embora triste, não é prejudicial ao grupo, pois os lobos mais jovens foram bem preparados.

Os lobos são animais super perspicazes, quando estão caçando eles respeitam a lei da sobrevivência, no qual só os mais fortes sobrevivem. Já os homens não querem saber disso, preferem matar os mais fortes e maiores, em vez de abater os doentes e fracos para que haja uma melhoria da raça e não enfraquecê-la. No entanto, é isso que os lobos fazem. Estranho, será que para sermos mais racionais teremos que ser como o lobo que é considerado um animal dito primitivo?

Nenhum mamífero demonstra maior devoção a sua família do que o lobo. Todos membros da alcatéia caçam juntos para assegurar a sobrevivência do grupo e também se divertem juntos, uivam, dormem e protegem uns aos outros. O propósito da existência do grupo é assegurar a sobrevivência da alcatéia.

Uma alcatéia é formada de pais, tios, tias, irmãos, irmãs, meio-irmãos e meia-irmãs, sendo realmente uma organização familiar. Geralmente, só os Alfas se acasalam e têm filhotes, mas todos os membros da família assumem responsabilidades pela alimentação, treinamento, abrigo e brincadeiras com os filhotes, pois o grupo tem consciência de que os jovens são o futuro da alcatéia.

A habilidade dos lobos em se adaptar a mudanças é a razão principal pela qual eles, juntamente com os homens, estão entre os mais bem sucedidos e duráveis mamíferos do mundo. Os lobos parecem praticar um controle da natalidade, aumentando ou diminuindo sua reprodução em relação à disponibilidade de espaço e de presas. Enquanto ignoramos que a população mundial está saindo do controle, os lobos continuam a viver em harmonia com a Mãe Terra.

Conclusão
Pesquisadores do mundo inteiro, ao explorarem as cavernas pré-históricas, ficaram emocionados ao verem as pinturas dentro das cavernas. Os povos primitivos gostavam muito de retratarem animais que encontravam nas florestas. Um dos animais mais retratados são os lobos.

Até hoje não se sabe o porque de os animais serem mais pintados do que o próprio homem. Será porque os homens os viam como irmãos que habitavam o mesmo mundo? Havia muito a aprender com animais, que sabiam como enfrentar o frio e sobreviver em ambiente hostil. Será que eles achavam os animais mais interessantes do que eles próprios?

Nossos Ancestrais não viam os animais como inferiores, viam-nos como companheiros de jornada e filhos da Mãe Terra. Os lobos eram respeitados pela sua sabedoria e por outros dons especiais, que a cada novo dia estão sendo descobertos pela a humanidade. Como diz o velho ditado Lakota: "Mitakue Oyasin" Somos Todos Irmãos!

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