.
.
Quem pensa na fé irlandesa moderna, logo direciona sua mente para o catolicismo - religião oficial daquele país.
Mas isso não é novidade.
As ruínas de igrejas cristãs possivelmente construídas entre os séculos VI e IX - como as ruínas de Skellig, no Condado de Kerry - se espalham por toda a Irlanda.
Ao mesmo tempo, quem pensa na fé irlandesa antiga, logo direciona sua mente para o politeísmo, o druidismo, o paganismo.
Sendo assim, no que acreditavam os celtas?
Uma complexa transição entre a fé pagã e a fé cristã aconteceu desde o advento do cristianismo e sua entrada em solo europeu.
É preciso lembrar que, até então, o cristianismo era apenas uma fé de poucos, nascida no continente africano e tentando ganhar espaço entre religiões mais antigas que a própria presença do Homem na terra.
O território celta era extenso e poderoso.
A conexão de seu povo com a fé sempre foi total e irrestrita.
Sacerdotisas e sacerdotes em meio à Natureza, colaborando para a evolução do Todo.
DEUSES reverenciados à luz da LUA e à luz do SOL, com a mesma força, a mesma energia, a mesma entrega.
Místicos bosques - que recebiam o nome de Nemeton -, grandes planícies, círculos de pedra, beira-mar...
Os DEUSES estavam por toda parte, em cada mínima partícula da Criação - e deveriam ser honrados e celebrados em toda parte, em cada mínima partícula da Criação.
A fé cristã nasceu da fé hebraica, que sempre edificou templos em honra a seu DEUS.
Era natural que os seguidores do CRISTO - que jamais fez menção sobre a diferença de crenças entre os povos, muito pelo contrário - também edificassem templos em sua honra.
Mergulhar no seio espiritual europeu não era tarefa fácil.
Difundir uma nova religião, muito menos.
A fim de conquistar seguidores celtas para a fé cristã, muitos dos DEUSES pagãos foram "transformados" em santos pela igreja.
O maior exemplo é em relação à Grande Mãe da Nação Celta, DEUSA BRIGIT, que tornou-se Santa BRIGIT de Kildare da noite para o dia.
BRIGIT sempre foi venerada e adorada em toda extensão territorial dos celtas.
Era impossível tentar um mergulho em sua cultura sem colocá-La em um pedestal - e os cristãos recém chegados sabiam disso.
Mas o que fazer com DEUSES que abençoavam o sexo, tão açoitado pelo cristianismo?
O que fazer com DEUSES que abençoavam o vinho, o êxtase?
Não havia lugar para ELES entre os dirigentes do cristianismo.
A solução encontrada pelos novos habitantes da Europa foi transformá-Los em seres de imagem duvidosa e obscura.
A cura também não podia ser difundida entre os meros mortais. Sendo assim, todos aqueles que insistissem em passar adiante seus conhecimentos herbários, eram excluídos e condenados à morte.
Muitos DEUSES foram, ainda, rebaixados à condição de heróis do Povo Celta, quando as escrituras sagradas foram reescritas em mosteiros católicos da Irlanda e da Bretanha.
Séculos de dor e derramamento de sangue inocente separam os dias de hoje do reinado celta, em Hill of Tara.
Mas, ainda que a fé oficial irlandesa seja o catolicismo, há uma convivência pacífica entre o antigo e o novo mundo - paz que, infelizmente, não é encontrada em tempos modernos entre católicos e protestantes, nas tragédias pelas ruas de Belfast, Irlanda do Norte.
A extinção da "Lei de Caça às Bruxas" na Inglaterra - que se manteve atuante até meados do século passado - trouxe uma nova aurora para um povo que sempre se dividiu entre seus próprios costumes e os costumes de uma fé adquirida.
Claro que a extinção burocrática de tal lei não extinguiu o preconceito sobre as práticas mágicas dos celtas. Mas nada melhor que o Tempo - um dos DEUSES mais justos que conheço - para acalmar os ânimos, aparar as arestas e entrelaçar as mãos.
Hoje em dia, os Festejos de Saint Patrick são tão celebrados na Irlanda quanto os Festejos de Lughnashad. E essa harmonia que vem se restabelecendo é, certamente, um grande presente para todos nós, pagãos e cristãos, seres humanos.
Se aprendermos mais com exemplos como estes, dos celtas, vamos encontrar soluções para muitos outros impasses filosóficos - como o de judeus e muçulmanos -, raciais, culturais.
Esta é a Era de Aquário.
O tempo em que vale o AMOR pelo próximo e a sintonia com o Todo.
Próximos não são iguais.
Próximos são, tantas e tantas vezes, infinitamente diferentes.
Mas, mesmo com todas as diferenças, ainda assim, são próximos.
Por LYDIAH
Escritora, Narradora, Pesquisadora Celta e Numeróloga
http://www.templodeavalon.com/modules/articles/article.php?id=37
Nenhum comentário:
Postar um comentário