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(...) No Budismo Tibetano a união da energia masculina e da energia feminina está expressa o tempo todo. Nas imagens, as divindades são representadas muitas vezes em abraço com a consorte, simbolizando a união inseparável (yab-yun) dessas duas energias.
Na medicina tibetana, assim como na medicina Ayur-Védica (ambas nasceram de uma mesma raiz, do Tantra de Kalachakra, os últimos ensinamentos de Buddha, há 2.500 anos), a saúde depende do equilíbrio e da combinação entre as energias feminina, masculina e neutra dentro de nós. Não vou me aprofundar neste tema, mas é só para demonstrar a compreensão de que as energias masculinas e femininas se combinam o tempo todo em tudo que existe. Os alimentos têm energia masculina ou feminina e é através do equilíbrio destas energias que temos saúde.
Na Autocura Ngal-So, o princípio da energia iluminada masculina se expressa através das CINCO CONSCIÊNCIAS PURAS: os cinco grandes pais, os cinco Dhyani Buddhas que simbolizam a energia de puro cristal da consciência da sabedoria de espelho (para transformar a nossa ignorância), da concentração unidirecionada (para transformar nosso apego e o desejo ilimitado), da estabilidade (para transformar a nossa raiva e a aversão), da generosidade (para transformar o nosso orgulho e a arrogância) e da ação, ou coragem (para transformar o nosso medo e a inveja). Os cinco grandes pais são, portanto, as luzes das energias puras de cristal da consciência iluminada de Buddha que já existe em nós.
Já as cinco grandes mães trazem as ENERGIAS PURAS DE CRISTAL DOS CINCO ELEMENTOS: a Grande Mãe do Espaço, a Grande Mãe do Fogo, a Grande Mãe da Água, a Grande Mãe da Terra e a Grande Mãe do Vento. Portanto, elas são a manifestação das cinco energias iluminadas de cristal puro dos cinco elementos que existem dentro de nós e na Natureza. O mundo externo é igual ao mundo interno, se lembra?
E da união inseparável dos cinco Dhyani Buddhas com as cinco Grandes Mães, do grande abraço mahamudra das energias masculina e feminina (yab-yun), nasce a percepção do corpo iluminado, da fala iluminada, da mente iluminada, das qualidades iluminadas e da ação iluminada; a união do Êxtase e da Vacuidade, da Compaixão e da Sabedoria do Guru Buddha Vajradhara, o Buddha do corpo de arco-íris.
Num outro tantra, o tantra de Kalachakra, no centro do mandala do palácio de cristal puro de Buddha Kalachakra temos Kalachakra, o Senhor da Roda do tempo, em abraço com sua consorte Bishwamata, a Mãe da Diversidade (e mãe de toda manifestação transitória, cíclica e temporal). Do abraço e da união inseparável de Kalachakra com Bishwamata nasce o Universo com todos os astros e constelações, com os cinco elementos, com as cinco grandes famílias dos Buddhas. É uma grande cosmogonia que demanda vidas e vidas de estudo para compreensão.
Peço desculpas pela extrema simplificação de um tema tão profundo e complexo. A minha intenção é apenas de QUE POSSAMOS PERCEBER QUE A UNIÃO DAS ENERGIAS FEMININAS E MASCULINAS É NÃO SÓ NATURAL E INERENTE A NÓS, COMO É ELA QUE FUNDAMENTA E CRIA TUDO QUE EXISTE. Então, precisamos perceber que toda vez que preferimos mais uma do que a outra nos desequilibramos, perdemos nossa saúde, e geramos desequilíbrios no ambiente externo também.
A questão é que nossas energias masculinas e femininas estão sendo vistas e usadas de uma maneira inadequada e só no seu aspecto grosseiro. E, fundamentalmente, no Budismo há um terceiro ponto de percepção que não está sujeito à visão dual da realidade, um local interno que superou a visão dual da realidade (visão na qual os opostos se combatem o tempo todo e se vêem expressos na polaridade). Neste outro local de percepção se integram o Relativo e o Absoluto, o transitório e o perene, e as energias femininas e masculinas são vividas e integradas de maneira completamente pura.(...)
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