imagem: Jia Lu, Illuminated

"EM CADA CORAÇÃO HÁ UMA JANELA PARA OUTROS CORAÇÕES.ELES NÃO ESTÃO SEPARADOS,COMO DOIS CORPOS;MAS,ASSIM COMO DUAS LÂMPADAS QUE NÃO ESTÃO JUNTAS,SUA LUZ SE UNE NUM SÓ FEIXE."

(Jalaluddin Rumi)

A MULHER DESPERTADA PARA SUA DEUSA INTERIOR,CAMINHA SERENAMENTE ENTRE A DOR E AS VERDADES DA ALMA,CONSCIENTE DA META ESTABELECIDA E DA PLENITUDE A SER ALCANÇADA.

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domingo, 30 de novembro de 2008

FALANDO SOBRE SEXO




A educação sexual na civilização dominante é tremendamente artificial e tardia, na maioria dos lares não há um diálogo aberto e franco quanto a esta temática.
A relação entre emoção e sexo é apenas uma das facetas desta multifacetada questão.
No ato sexual encontramos o homem novamente preocupado em exercer seu poder dominador e com os modismos recentes há agora uma exigência do homem para que a mulher sinta prazer, uma cobrança, pois sente o macho que sua condição de conquistador estará ameaçada se não conseguir produzir prazer na parceira.
As muitas faces da dominação masculina.
Antes era pecaminoso e vergonhoso a mulher sentir prazer, agora ela “tem” que ter prazer para o parceiro sentir-se o poderoso sedutor.
Assim , o homem cobra da mulher o prazer, o gozo para garantir que seu papel é perfeito, ele não apenas possuí a mulher, mas é tão poderoso que a faz sentir prazer.
Esse é o enfoque para muitos.
“Eu dou prazer a minha parceira”.
Aliás os termos associados ao ato sexual denotam bem como ele é encarado.
“Possuir uma mulher”; “Fazer amor”; são dois termos que revelam a profunda incompreensão por detrás da sexualidade. Pensem nos outros!
Não podemos deixar de lembrar que existe um componente biológico, instintivo no sexo, regulado por hormônios e mecanismos outros puramente ligados a continuidade da espécie.
O renascimento do feminino pode nos levar a um novo enfoque da questão sexual.
Novamente gostaria de lembrar que considero o renascer do feminino como algo muito importante não só às mulheres, mas também a nós homens que podemos recuperar o contato com nossa anima em toda sua amplitude e assim recuperar nossa condição de homens, perdida quando a civilização dominante nos limitou a sermos machos.
Mas o homem ao dominar o mundo impôs também quais seriam os arquétipos permitidos a mulher, assim a mãe se tornou a via predominante, ao lado da virgem.
A mulher pode então ser mãe, ou ser pura e virgem, mas é desprezada, de forma explicita ou implícita se ousa aderir a outros arquétipos, não oficiais.
Antes de mais nada o que é o Tantra?
SObre este termo existem linhas tão contraditórias que seria bom começarmos por estabelecer o que entendemos por Tantra.
Ao contrário das religiões que conhecemos , alguns ramos orientais não colocam o sexo como algo pecaminoso ou maligno.
Consideram que o sexo, como algo dotado de poder, pois é capaz de gerar uma vida, coisa que você nunca conseguiria rezando, por exemplo.
Como dizia um ocultista que conheci, com seu jeito irreverente:
- “Reze trinta terços ao lado de uma mulher e ela quando muito dormirá, mas uma única relação sexual concluída e o milagre da vida se manifesta.”
A mulher tem uma característica que noto é ignorada por grande parte delas.
Enquanto nós homens desde a puberdade até a andropausa somos sempre férteis, as mulheres todo mês tem um período no qual não são férteis.
Isso é muito revolucionário.
Vocês mulheres tem um período no qual estão livres do domínio biológico do instinto, não há um estímulo hormonal gritando:
“ Misturem os genes, continuem a espécie.”
A profundidade dessa informação não foi ainda suficientemente compreendida pela maioria.
Eu posso apenas dizer o que vejo nas mulheres xamãs com as quais convivo, que sabem ser a famosa T.P.M. (tensão pré menstrual) apenas um sinal da imensa porta que pode se abrir para todas as mulheres nesse período.
O nível de poder que observo nas minhas companheiras nesse período é algo que não posso descrever aqui, apenas citar, numa pálida alusão a este ser maravilhoso chamado mulher que felizmente pude aprender a respeitar e amar me libertando do condicionamento desta cultura decadente que ainda nos domina.
Portanto para um verdadeiro tantrista a mulher é o mistério supremo.
É a face amante da Deusa, que nos permite ir além de nossos limites, que nos nutre de uma nova energia, a qual não temos como encontrar em outra fonte.
Se a face mãe da Deusa nos amamentou quando éramos indefesas crianças é a amante que nos dá esse novo alimento que nos torna homens de fato, orgasticamente felizes.
A felicidade é profundamente ligada a realização orgástica, mas a realização orgástica não é apenas sexual.
Nossa relação com a energia pessoal é muito equivocada.
Se não temos energia nos sentimos enfraquecidos, sem resistência.
Mas quando a energia está presente muitos se sentem agitados , sem saber o que fazer com ela.
Quantas vezes ouvimos frases do tipo: “Preciso descarregar um pouco , estou com muita energia.”
E para muitos o sexo é essa via de descarregar.
Note assim que tais pessoas praticam o sexo no sentido oposto do tantrista.
Eles se “descarregam” com o sexo, enquanto um Tantrista carrega-se .
Este carregar é importante e aqui está uma das chaves que os Xamãs vêm quando tentam entender a subjugação da mulher pelo homem.
Grande parte dos homens não conhece o prazer além do prazer animal, puro instinto.
Como já citei atrás o homem tem uma constância do período fértil.
É a velha justificativa masculina para o comportamento volúvel e infiel que a grande maioria apresenta.
Eu entendo bem isso...
Assim muitos homens vão ao sexo, para “descarregar” tensões.
Exercer sua vontade de poder, domínio ou manifestar outros pontos de desequilíbrio, pois não podemos deixar de considerar uma análise fundamental da sociedade dominante.
Ela é neurótica.
E essa neurose vem implantada em todos os cidadãos e cidadãs ajustados e ajustadas ao sistema.
Ajustados!
Neste sexo feito com muita fome, com sede terrível, num jogo onde fantasmas interiores, fantasias e projeções acompanham o estimular dos corpos em níveis crescentes de tesão o quem comparece para a grande fusão, que é o orgasmo, não é a essência mas os egos, as máscaras, as personalidades.
Qual o problema ?
Temos também muitas personalidades, a social, a familiar, a do trabalho, a de amantes.
Como somos como amantes?
Temos essa clara noção dessa face do Deus e Deusa?
Somos o Galhudo, o homem viril e guerreiro que na plenitude de seu poder e de sua vontade se funde à amante, à Terra, à mulher plena que na plenitude de seu poder e de sua vontade é parceira na dança que ambos juntos agora executam?
Esse tipo de consciência, de fusão com o Deus e a Deusa não pode ser alcançado pela personalidade.
Embora uma falsa personalidade possa ser gerada e tomar contato com esses arquétipos essa falsa personalidade é um perigo.
Pelo que sei as mulheres podem também Ter no Sol seu parceiro, mas aqui também entramos no campo dos mistérios.
O poder da mulher é fascinante .
A aparente fragilidade e desequilíbrio que encontramos em muitas mulheres tem a mesma fonte do aparente subdesenvolvimento que as populações negras estão presas em nosso mundo ocidental.
A linha dentro da qual foram criadas leva a este estado.
Cada ser é o momento e pode pelo momento trabalhar o que vem até ele nos fluxos do existir.
Mas se é criado dentro de um contexto que não lhe permita o pleno desenvolvimento de suas capacidades e mais, reprime e cria condições para prejudicar esse desenvolvimento é óbvio que a causa desse efeito não precisa ser buscado em passados tão remotos.
O mesmo ocorre com a mulher.
Uma mulher é enfraquecida desde cedo, limitada e muitas vezes tem pobres exemplos submissos e frágeis dentro do seu lar para se espelhar.
Como a população negra, ainda se recuperando da condição desumana a qual foi exposta por tanto tempo, isolados de sua linha cultural e doutrinados para se sentirem inferiores.
A analogia devia ser bem meditada sobre quem quer entender técnicas de dominação e limitação do desenvolvimento.
A mulher pela sua condição receptiva pode participar do ato sexual mesmo não estando estimulada.
A famosa cena na qual o homem afoito “possuí” uma mulher que enquanto geme e pede mais olha no relógio para saber se o ‘tempo’ cobrado já passou faz parte do folclore cinematográfico de nossa cultura.
Esse aparente domínio do homem sobre o ato sexual também permite a mulher ser vítima de violências inconcebíveis por parte do macho dominador nas mais diferentes culturas.
O homem macho, que é diferente do homem masculino, tem no sexo uma de suas bases de afirmação.
Desde a adolescência é a quantidade de conquistas e não a qualidade que os homens costumam apresentar como prova de sua “virilidade”.
Me lembro de meu próprio exemplo, da necessidade que tinha e a via em meus amigos, de “catar umas minas”.
Era um jogo social, uma atividade em que nos reuníamos em certos lugares determinados, impostos socialmente também, depois armávamos o que ia rolar e íamos caçar.
No outro dia na piscina do clube , na casa de alguém ou num bar era o momento dos comentários sobre o que tinha ocorrido, o que tinha “ rolado”.
Noto em grande parte dos homens com os quais convivo que não houve um amadurecer dessa fase.
Pelos papos , pela forma que colocam suas “conquistas” fica claro que ainda abordam o tema sobre o mesmo enfoque.
Aliás eu insisto sempre que poucos homens abandonam a adolescência, pois as questões que observamos ser o centro de gravidade nas questões masculinas são as mesmas desde a adolescência, apenas mudando matizes, mas permanecendo na mesma cor.
E é a maturidade que marca o momento no qual a qualidade vale mais que a quantidade.
Assim tenho percebido como tantrista que a mulher foi tragada pela famosa revolução sexual e como em outros campos acredita que sua liberdade é apenas imitar o homem em seus desatinos.
Depois de se sentir o prazer tântrico o outro nível se torna muito insonso.
A feminilidade não é fragilidade, muito pelo contrário, é um outro nível de manifestação de um poder sublime.
Uma mulher plena que tive o verdadeiro prazer de conhecer certa vez me deu um exemplo da força feminina, comparando-a a luz do sol.
O mesmo poder que mantém planetas girando ao seu redor é capaz de atravessar a vidraça sem quebrá-la e tocar suavemente a face da criança que dorme.
É esse poder que sentimos acordar no sexo tântrico, quando nos unimos num nível muito profundo a parceira, quando nossas almas comungam e nossos corpos se fundem.
Quando junto com o prazer das zonas erógenas se estimulando, cada célula do corpo descobre ser também erógena, cada respiração, cada murmúrio é ampliar o prazer que cala a mente , traz paz ao coração e na coluna ereta, que não é reta, pois o próprio mundo é curvo, flui o poder seminal.
Olhos se tornam também fogueiras, onde mergulhamos no mistério do feminino, que pode ser citado, mas só é compreendido se experimentado.
E não tenho dúvidas que muitos homens ainda fazem a guerra por nunca terem sido amados por nunca terem sido felizes, em seu desequilíbrio é como se vingam de nós que o somos.
Guerrero/Nuvem que passa
Encontrado em http://pistasdocaminho.blogspot.com/2008_08_01_archive.html,postagem de 12/08/2008

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