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Olhando para a imensidão do Universo a maior parte dele é feito de luz ou de escuridão?
Olhando para dentro de nossa mente a maior parte dela é consciente ou inconsciente?
Olhando para o nosso corpo a maior parte dele está revelado ou escondido?
Mesmo a lua quando cheia só o é por pouco tempo e por um tempo maior ela é vazia, escura, negra.
Aquilo que sabemos é nada diante do que não sabemos.
E quanto mais aumenta o conhecimento mais temos noção da ignorância, eis o paradoxo de Sócrates.
Aquilo de que temos ciência nada é diante do mistério.
O mistério reina soberano desde sempre. Essa compreensão é a fonte da humildade.
E por temer o mistério projetamos nossos fantasmas nele. Assim o mistério, a escuridão, as trevas tornaram-se o reino do mal e a luz a força do bem, que fez e ainda faz arder muitas bruxas na luminosa fogueira da inquisição.
Mas poucos param para pensar que se Deus disse "Faça-se a luz", ele o fez a partir das trevas.
Há no Universo pontos de uma tal densidade que atraem para si a própria luz, os cientistas o chamam de buracos negros.
Mesmo quando nasce um ser se diz que a mãe deu a luz, mas essa doação de luz saiu de dentro da escuridão do útero.
Assim frente a luz as trevas reinam soberanas, e não há nenhum mal nisso, a não ser quando pela própria ignorância nós criamos o mal. Então o mal é uma criação da mente humana ignara. O mal é a ignorância.
O mal é uma criação da mente humana religiosa. Religião vem do latim religare, religar o homem ao divino, mas na verdade nada está separado, o homem não pode separar-se da divindade.
Assim religião é ignorância também, pois não estamos separados da Divindade, isso é impossível, pois se o homem tivesse esse poder ele seria mais forte que Deus e, portanto, o próprio Deus.
Vender a idéia da separação é conveniente para os sacerdotes religiosos que se arrogam de intermediários.
Para quem tem sede da Divindade: silencie a mente, mergulhe em seu silêncio interior e você encontrará o que procura.
Quando a mente religiosa crê que sua religião é a única e o seu deus é o único, então, essa mente religiosa considera todas as demais religiões e seus deuses como representantes do mal. O mal surge da projeção de uma mente religiosa fanática.
Mas de onde veio o fanatismo, como surgiu o fanatismo?
Da idéia de que a Divindade é uma exclusividade de um indivíduo, de um grupo, de um povo.
O fanatismo surge da possessividade, da apropriação do divino por um grupo de humanos.
O fanatismo deriva do ciúme religioso, portanto é uma forma de paixão altamente possessiva: meu deus, minha religião, meu senhor.
Mas a divindade não pode ser posse de ninguém. Deus não é propriedade privada de nenhuma religião.
Assim o mal surge da apropriação do divino pelo humano, obviamente uma ilusão. E de onde surge o desejo de posse? Do medo de perder o objeto da nossa crença.
Ora, qualquer coisa que ameaçe a crença tem que ser combatida ou negada. E aquilo que ameaça a crença, a fé, é visto como o mal, as trevas, a escuridão.
Assim apegados a uma pequena percepção queremos crer que ela é toda a verdade, e isso é o absurdo provocado pelo medo diante da imensidão, do infinito, pois por mais que amemos a luz quando olhamos as estrelas, a lua e o sol, o universo é feito em sua maior parte de trevas.
Amemos as trevas porque elas são luzes que ainda não compreendemos.
Amemos ao mistério, ele é a fonte da humildade.
Assim escuridão e luz são apenas um dualismo criado pela nossa mente limitada.
Não tenhamos medo de mergulhar na escuridão de nós mesmos. Quando desejamos luz o que ocorre é que a Divindade nos leva a perceber aquilo que não queremos ver, que tememos ver, mas que precisa ser resgatado em nós mesmos.
Nosso lado escuro é muito maior, muito mais poderoso, uma fonte infinita de energia, mas o nosso mal é considerá-lo como tal, pois aí nos alienamos de nós mesmos.
Lidar com a magia é ser capaz de lidar com o mistério que há em nós, compreendê-lo mais do que explicá-lo, pois explicá-lo é afastá-lo, é torná-lo uma assombração de nós mesmos.
Quando pesadelos e sonhos estranhos nos invadem é por certo essa parte de nós que grita por redenção, por compreensão, por reintegração ao espaço de nosso próprio ser.
http://pistasdocaminho.blogspot.com/2009/09/o-misterio-reina-soberano.html
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