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"Olá escuridão, minha velha amiga,
Venho falar com você de novo,
Porque uma visão se aproximou suavemente,
Deixando suas sementes enquanto eu estava dormindo,
E a visão que foi plantada em meu cérebro
Ainda permanece
Dentro do som do silêncio.
E na luz nua eu vi
Dez mil pessoas, talvez mais.
As pessoas falando sem falar,
Pessoas ouvindo sem escutar,
Pessoas escrevendo canções que vozes nunca compartilham
E ninguém pode
Perturbar o som do silêncio ".
Sound of Silence, Simon and Garfunkel
A mansuetude, a gentileza, o silêncio, coisas raras de se viver, nos dias de hoje. Levamos vidas muito ativas, sempre correndo contra o tempo; somos ensinados a revidar as ofensas recebidas - sinal de inteligência - e não temos muito espaço para guardar silêncio, numa cultura invadida pelos sons externos - rádios, televisões, DVDs, CDs, etc. Nem em nossos quartos, recolhidos, podemos usufruir das delícias do silêncio, pois residimos geralmente em apartamentos situados em ruas onde o tráfego é mais ou menos intenso, onde este ruído nos acompanha, dia e noite. Já nem o ouvimos, de tão corriqueiro que se tornou.
Que pena! Parece-me que enquanto isto acontece conosco, o que é mais verdadeiro e valioso ocorre também, no silêncio, mansamente, em paralelo, sendo que somos parte disto, mas não temos consciência e não aproveitamos ou gozamos deste grande milagre que é a Vida. Assim, a semente pequenina, silenciosamente, na terra, vai se transformando numa plantinha, materializando o que era apenas essência luminosa, em um ser palpável e visível, que pode chegar a ser alimento, ou apenas adorno para o nosso planeta.
No ventre materno, mansamente, células vão se subdividindo e aos poucos ganhando formas que num certo momento farão parte do organismo complexo e deslumbrante de mais um ser humano. Assim, por trás do que é visível, está o inefável, a energia de vida, divina, que vai movendo a vida, trazendo mudanças para o nosso mundo, sem alardes, sem barulho, apenas sendo, se manifestando, seguindo em frente, diante de nossos olhos incrédulos e cegos...
Sementes se tornam árvores enormes. Gotinhas d'água se juntam nas nascentes formando rios caudalosos. Pessoas se olham no silêncio, sentem-se atraídas, apaixonam-se, juntam-se e se amam, unidas por esta energia que faz chegar a este planeta, através delas, outros homens e mulheres, almas oriundas de dimensões espirituais, para uma nova etapa de aprendizado, rumo ao progresso e à felicidade.
No silêncio de um desejo, de um pensamento que vira prece, realidades se modificam, sem qualquer outra explicação, a não ser a presença da energia divina, que a tudo permeia, que está em nós e em tudo, em torno de nós! Estamos imersos n'Ela.
Mansamente, a água vai ocupando espaços vazios, vai aplainando arestas pontiagudas, vai modificando as paisagens. Maleável, flexível, constante, entregue a um movimento que nem sempre é capaz de ser visto, mas que acontece e é real.
No silêncio de uma entrega a este movimento da Vida, a esta Energia Divina, está uma grande sabedoria. E o reconhecimento de quem somos, em essência, e do que viemos fazer, quando encarnamos na matéria planetária, por um tempo. Cumprir um caminho que é só nosso, buscando no silêncio do nosso Ser as respostas para os questionamentos mais difíceis, irmanados com todos e tudo, reconhecendo que jamais estamos sós, pois nos conectamos com o Todo, por razões intrínsecas!
Vivemos um momento grave de nascimento para esta realidade tão simples e ao mesmo tempo, complexa, por força da forma usual de raciocinarmos. Somos centelha divina e nisto reside a nossa salvação!(...)
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