imagem: Jia Lu, Illuminated

"EM CADA CORAÇÃO HÁ UMA JANELA PARA OUTROS CORAÇÕES.ELES NÃO ESTÃO SEPARADOS,COMO DOIS CORPOS;MAS,ASSIM COMO DUAS LÂMPADAS QUE NÃO ESTÃO JUNTAS,SUA LUZ SE UNE NUM SÓ FEIXE."

(Jalaluddin Rumi)

A MULHER DESPERTADA PARA SUA DEUSA INTERIOR,CAMINHA SERENAMENTE ENTRE A DOR E AS VERDADES DA ALMA,CONSCIENTE DA META ESTABELECIDA E DA PLENITUDE A SER ALCANÇADA.

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terça-feira, 12 de julho de 2011

MULHERES. APENAS MULHERES.



"Como transformar a nós mesmas e ao mundo"



“Campos mórficos e arquétipos funcionam como se tivessem uma preexistência invisível fora do tempo e do espaço, tornam-se imediatamente acessíveis quando nos alinhamos à sua forma e então se expressam em nossos pensamentos, sentimentos, sonhos e acções.”*



“ Para um Círculo de mulheres ser seguro ele precisa ser um útero para novas possibilidades, onde a mulher e o seu sonho possam ser sustentados enquando ainda estão com contornos pouco nítidos e ainda no escuro."



Por vezes penso cá para mim que é quase impossível para nós, as poucas mulheres que vislumbramos o que seja a plenitude do Caminho da Deusa, de FORMA EFETIVAMENTE REAL, integrada, respirada e sentida, vivida nos nossos poros e pele, no nosso sangue, no nosso coração secreto, no nosso corpo cálice, atingir uma expressão verdadeira, autêntica, visceral e magnética, a fim de que sua manifestação seja em nós A iniciação e descoberta e revelação para o mundo e não irmos apenas atrás de meros rituais, por mais aliciantes que sejam, são ainda imitações do passado do qual nada sabemos ao certo, para que enfim seja real na nossa vida diária essa consciência do Feminino Sagrado na Terra. Teoricamente até podemos todas saber muito acerca de deusas e dos seus mistérios, mas de nada serve se não tivermos integrada Lilith, a nosa Sombra, a mulher outra que nos foi roubada pela cultura patriarcal, há séculos...


Vendo no dia a dia como são raras as mulheres que conheço, que sejam realmente capazes dessa ousadia, capazes desse querer, capazes de serem o que sentem e deixarem de ser controladas pelos ideiais de outra coisa qualquer, do céu e não da terra, de ser esposa e mãe ideal ou mulher de sucesso, artista ou mesmo terapeuta, presas a maridos, amantes, filhos e lideres, poucas são de facto as mulheres que se apercebem dessa dimensão em si próprias e dedicam o seu ser e a sua energia à sua própria causa, a causa do seu ser interior, ao encontro com a sua Lilith e o seu resgate, em apostar 100 por cento em ser mulher inteira, mantendo-se antes tudo e lamentavelmente "fieis" e servas dos seus companheiros que as mantêm cativas dos seus interesses também.


Nada tenho contra o companheirismo se ele existir em plenitude e reciprocidade, mas duvido que assim seja...poucas ou raras mulheres seriam capazes de trocar o abraço de um amante pelo da deusa....ou de uma irmã...disso tenho provas...haja um amante e nenhuma mulher avança...fiel a Lilith que em nada se submeteu e partiu contra deus e os homens, votada ao descrédito...


Não digo que essa seja a finalidade de toda a mulher, mas neste momento seria preciso que muitas mulheres tivessem essa coragem de ousar e serem MULHERES. APENAS MULHERES.


Destaco aqui por vezes mulheres grandes, mulheres que se empenham nas causas da humanidade, mulheres que são exemplos de feitos, escritoras fantásticas, mulheres de grande espírito de abnegação e voluntariado, faço-o como exemplos de vontade e como coisa quase rara mas, mais raras ainda são as mulheres que se afirmaram por procurarem se consciencializarem de si mesmas, coerentemente, sem ser por acréscimo ou distracção, e se empenham na sua causa, de corpo e alma e isso não depende da fama ou do dinheiro que se tem, mas sim da vontade própria, no empenhamento do seu SER total e não como a grande maioria que continua fiel às normas sociais e presas às leis da sociedade patriarcal, aceitando a sua fragmentação…a sua divisão interior, psicológica e sexual, em boas e más, em feias e belas…em pobres e ricas, gorda s e magras…e só lutam dentro desse contexto, lutando contra a maré que as engole e avassala, que as anula e destrói..


"Quando a psique de uma mulher está gerando uma ideia do que poderá ser feito ou o que poderá realizar-se, ser ridicularizada aborta o que poderia emergir; a indiferença a mata de inação.


Um círculo seguro sustenta, em confiança, o sonho daquilo que ela poderá vir a ser e alimenta a possibilidade.


Às vezes quase que desanimo por completo, perco a esperança nesta luta, nesta vontade que me anima de partilhar o que realmente podia ser um mundo em que a mulheres fossem conscientes do seu potencial e da seu poder interno! (se as mulheres se unissem de coração e sem hesitação, o mundo mudaria num instante estou certa...)


Eu sei e pela minha própria experiência em vários encontros no Feminino que embora não sendo ainda nada conclusivo, e sejam meritórios todos esses esforços, não posso deixar de constatar quão poucas são as mulheres que vivenciam as suas experiências de forma integrada e consciente, e como são ainda incapazes de vencer os obstáculos para aparecer ou formar um grupo e se darem de corpo e alma…ou simplesmente dar a sua presença! Fazem-no, como costumo dizer, sempre que o empenho é no corpo de sedução ou na sexualidade, quando de algum modo podem lucrar para seduzir o macho...ou recuperar a sua imagem de consumo mercantil.


Dizem-me muitas vezes que sou extrema, mas é a minha Lilth que vos fala e de nada adianta contemporizar neste caso, pelo menos no meu caso, ela não me permite tal. No entanto, eu também sei, que entre as poucas mulheres que se mantêm fiéis pela sua presença e empenho onde quer que estejam a experiência da Deusa foi e é inequívoca…mas neste momento já esperava um maior avanço confesso. Vejo interesses pessoais acima de tudo, vejo procura de lucro pessoal, de desconfiança nas outras e falta de entrega verdadeira...vejo a teoria e a brincadeira, o jogo de interesses e o tráfico de influências ainda, vejo a superficialidade e a falta de seriedade...vejo tudo e bem sei que é chato a Idade de Hecate...


- Penso que era tão simples se houvesse vontade....e se em vez de 5 ou 6 ou dez mulheres dispersas por aí e cada uma por seu lado mesmo que cheias de boa vontade, formássemos um grupo ou vários grupos de mulheres que se unissem e trabalhassem nesse sentido mas com total empenho, como sugerem os Círculos das Mulheres de Shinoda Bolen em o MILIONÉSIMO CÍRCULO, tudo podia acontecer muito mais depressa desde que cada uma de nós dedicasse tudo de si a si mesma…de alma e coração!


"Estar num círculo é uma experiência de aprendizagem e crescimento que incorpora a sabedoria e a experiência, o compromisso e a coragem de cada mulher que o compõe. (...)


Porque este si mesma, apesar de nos dizerem que é egoista e imoral, significa dádiva e empenhamento e não fechamento egoísta e vazio, em causas perdidas de vaidade e sucesso pessoal.


Bem sei que eu nada posso fazer mas para mim é irreversível o Caminho da Deusa, porque esse caminho sou EU própria.


"A versão atual deste movimento pode se autodenominar grupo de discussão, ou pode ser um círculo de oração ou de meditação, um grupo de estudo, de apoio ou pode, ainda, ser um grupo com um projeto ou uma causa. Qualquer que seja o nome, qualquer que seja a agenda, se for um círculo com um centro, os seus membros são testemunhas, modelos, e possuem conexões de alma entre si. Eles tornam-se agentes de manifestações de apoio psicológico e espiritual não palpáveis, tornando-se fiadores de uma realidade e de uma possibilidade. Grupos de apoio mútuo e aprendizado. Agentes de mudança.”*


*in o MILIONÉSIMO CÍRCULO – de Shinoda Bolen
 

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sábado, 2 de julho de 2011

CARTA DE UMA MULHER INDÍGENA




Eu sou uma mulher indígena, filha da terra e do sol, pertenço a uma raça milenária  que hoje conservo como um tesouro ... convivo com aquilo que me rodeia, chuva, vento, montanhas, céu ... Eu estou feliz nesta solidão ... Eu tenho tempo para contar as estrelas, tempo para conseguir meus sonhos, para dançar com os pássaros sentindo o ar fresco da amanhecer e em silêncio falar com animais,com as plantas, com os espíritos ...



Semear com a Lua  os frutos do alimento, tingir a lã para fazer os tecidos, estudar medicina como minha avó me ensinou, cantando o novo dia.


Sei amar simplesmente com fidelidade e ternura ... Sou mulher indígena, mulher como a Mãe Terra, fértil, calma, protetora e forte.


Eu não sei de economia ou bancos, política ou subvenção.Mas eu sei quando meu mundo está em perigo e sei quando as coisas são boas ou não.


Eu não entendo muitas coisas, as pessoas do governo que vêm com muitas promessas, palavras ao ar quando há eleições e depois nada, quem vem  querer mudar o meu mundo, minhas roupas, minha espiritualidade ... aqueles que roubam, os que experimentam com os meus filhos, ou  retiram seus órgãos para os ricos, os que mentem, os que tomam as minhas terras, os que me exploram, eles trocam a minha arte e meus tecidos por alimentos ou bebidas alcoólicas e pagam uma ninharia pelo  trabalho de meses para vender em cidades distantes da Europa.


Eu não entendo aqueles que vêm como meus amigos para me tirar conhecimento, que vêm com grandes máquinas para cortar a floresta, que cortam a terra para obter seu sangue, que escondem lixo nas latas para nos contaminar, o que nos coloca vacinas, experimentando com o meu sangue, aqueles vêm com boa fé e crêem que vêm para ajudár-me  a  me integrar para me confundir, que me colocam sapatos,  querem mudar meus costumes ancestrais, que me olham como um bicho raro e tiram fotos,  querem que eu dançe por dinheiro, que vêm com muitas palavras bonitas para construir igrejas em nossos lugares sagrados, aqueles que procuram me escravizar com coisas fora da minha cultura, que vêm armados para nos expulsar de nossas terras, aos estrangeiros que vêm de férias enfrentando os militares e voltam  protegidos a suas terras distantes ... às vezes as coisas pioram para o nosso povo, prende-nos, matam-nos ...


Eu não entendo aqueles que me desprezam, que me ignoram, eles não se importam comigo e roubam tudo, até minha dignidade ...


Sou mulher indígena e  sei que quero mudar as coisas,essas coisas que dóem por dentro e vão se agravando com a impotência; falta de moradia, destruição, palavras quebradas, a indiferença, o desamor e  o sentimento de estar sendo constantemente violada.


Eu quero gritar: Deixe-me em paz ... Eu quero viver de forma simples, com a terra e com o meu povo, rindo, que cria,  e que vibra com a vida assim como ela é, sem mudar as coisas, que compartilha, que acaricia, que não tem pressa e ama sem esperar nada, que não se aborrece ...


Eu quero me respeitem, eu sou uma mulher da terra, forte como a árvore que resiste ao vento, como um junco na correnteza, como a montanha mais alta, colibrí frágil e doce como os entardeceres.


Eu sou mulher indígena, filha da terra e do sol e mesmo que eu não entenda muitas coisas, se eu quero, eu tenho esperança e sei que as coisas podem mudar.



TEXTO ORIGINAL:

Soy una mujer indígena, hija de la tierra y el sol, pertenezco a una raza con una cultura milenaria que hoy conservo como un tesoro…Convivo con lo que me rodea, con la lluvia, el viento, la montaña, el cielo…Soy feliz en estas soledades…tengo tiempo para contar las estrellas, tiempo para poner mis sueños al día, para danzar con los pájaros sintiendo el aire fresco del amanecer y hablar en silencio con los animales, con las plantas, con los espíritus…



Sé sembrar con la Luna los frutos del alimento, teñir la lana para hacer el tejido, hacer medicina como me enseñó mi abuela, cantar al nuevo día.


Sé amar sencillamente con fidelidad y con ternura…Soy mujer indígena, mujer como la Madre tierra,fértil, callada, protectora y fuerte.


Yo no sé de economía, ni de bancos, ni de política ni subvenciones.Pero si sé cuando mi mundo está en peligro y sé cuándo las cosas son buenas o no.


No entiendo de muchas cosas, a la gente del gobierno que vienen con muchas promesas,palabras de aire cuando hay elecciones y después nada, a los que vienen a querer cambiar mi mundo, mis vestidos, mi espiritualidad…los que roban, los que experimentan con mis hijos,o les sacan sus órganos para los winkas ricos,los que mienten, los que me sacan las tierras, los que me explotan, los que intercambian mi arte y mis tejidos por comida o alcohol y me pagan una miseria por el trabajo de meses para venderlos en las ciudades lejanas de Europa.


No entiendo a los que se hacen mis amigos para sacarme conocimientos, los que vienen con grandes máquinas para talar el bosque,los que agujerean la tierra para sacarle su sangre, los que esconden en la comunidad basura en bidones para contaminarnos, los que nos ponen vacunas, los que experimentan con mi sangre, los que tienen buena fe y creen que vienen a ayudarme a integrar-me para confundirme, los que me ponen zapatos, los que quieren cambiar mis costumbres ancestrales, los que me miran como un bicho raro y me sacan fotos, los que quieren que baile por dinero, los que vienen con muchas palabras bonitas a hacer iglesias en nuestros lugares sagrados, los que intentan esclavizarme con dependencias ajenas a mi cultura, los que entran armados en nuestras tierras para echarnos, a los extranjeros que vienen de vacaciones de guerrilla a enfrentarme con los militares y luegos e van protegidos a sus lejanas tierras…a veces las cosas se ponen peor para nuestra gente, nos apresan, nos matan…


Tampoco entiendo a los que me desprecian, los que me ignoran, los que no les importo nada y me roban todo, hasta mi dignidad…


Soy mujer indígena y sé lo que quiero cambiar cosas, esas cosas que duelen dentro y se van agrandando como la impotencia, el desamparo, la destrucción, las palabras incumplidas, el desamor y ese sentimiento de estar siendo violada constantemente.


Quiero gritar¡ Déjen-me en paz!… Quiero seguir viviendo así simplemente, con la tierra y mi gente, la que ríe, la que crea, la que vibra la vida así como es, sin alterar las cosas, la que comparte, la que acaricia, la que no tiene prisa y ama sin esperar nada, la que no se aburre…


Quiero que me respeten, soy mujer de la tierra, fuerte como el árbol que resiste al viento, como el junco en la corriente, firme como la montaña más alta, frágil como el colibríy, dulce como los atardeceres.


Soy mujer indígena, hija de la tierra y el sol y aunque no entienda muchas cosas,se lo que quiero, tengo esperanza y sé que las cosas van a cambiar.

Encontrado no facebook, no mural de Raul Rivera