imagem: Jia Lu, Illuminated

"EM CADA CORAÇÃO HÁ UMA JANELA PARA OUTROS CORAÇÕES.ELES NÃO ESTÃO SEPARADOS,COMO DOIS CORPOS;MAS,ASSIM COMO DUAS LÂMPADAS QUE NÃO ESTÃO JUNTAS,SUA LUZ SE UNE NUM SÓ FEIXE."

(Jalaluddin Rumi)

A MULHER DESPERTADA PARA SUA DEUSA INTERIOR,CAMINHA SERENAMENTE ENTRE A DOR E AS VERDADES DA ALMA,CONSCIENTE DA META ESTABELECIDA E DA PLENITUDE A SER ALCANÇADA.

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terça-feira, 10 de julho de 2012

O UNIVERSO FEMININO





O universo feminino:


"Falamos de violência, discriminação, mudanças na pirâmide social brasileira. Mas também de beleza, bem-estar, autoestima"

(...) Do Congo, veio Maman Marie Nzoli. Forte, imponente, protetora das vítimas de estupros. Uma líder. Montou sozinha uma ONG, a Coperma, que abraça as mulheres vitimadas pela guerrilha. Nunca havia saído do próprio país. Encantou-se com nossa castanha-do-pará e com as peças feitas de capim dourado. Comprou pacotes e mais pacotes no Mercado Municipal de São Paulo. Disse ela, com honestidade perturbadora: “Que lugar mais limpinho…”


Marie descreveu, em sua palestra, cenas de horror que nossa tragédia local nem imagina. Deixou claríssimo que os estupros no Congo são hoje uma arma de guerra. E, no fim do dia, disse que voltava pra casa, no interior do Congo, sentindo-se bela, como qualquer mulher do mundo deveria se sentir quando está confortável consigo mesma.

A iraniana Mina Ahadi não quis sair do hotel. Nem o carro blindado e a escolta armada a convenceram. Mina fugiu do Irã depois que o marido foi preso e assassinado pelo regime. Reconstruiu a vida na Alemanha. Luta para que mulheres deixem de ser apedrejadas. Mina é um mistério. Há um poder em sua voz que foi capaz de fazer chorar as centenas de pessoas na plateia. Mas preserva em si uma doçura que nem combina com a própria biografia. Passei a amar aquela mulher que disse, com firmeza e simplicidade: “No apedrejamento das mulheres no Irã, as pedras são escolhidas pelo tamanho. Por lei, não podem ser muito grandes para não causar a morte da vítima logo no começo.”

Fawzia Koofi chegou do Afeganistão com a credencial de pré-candidata à Presidência. Empunha uma imensa bandeira pelos direitos das mulheres em seu país mas, ao mesmo tempo, deseja fazer isso em parceria com os homens. Apesar de já ter escapado de vários atentados planejados pelos talibãs, afirmou, altiva, enrolada em seu chador, que “o fortalecimento das mulheres não significa o enfraquecimento dos homens. O Afeganistão precisa aprender isso”. Ao final do encontro confessou-se tocada por outros problemas, de outras mulheres, tão distintos e tão importantes quanto os que vive em seu país.



No Fórum Mulheres Reais Que Inspiram, promovido na última semana pelo projeto Tempo de Mulher em parceria com a Cross Networking, falamos de violência contra a mulher, discriminação, políticas públicas de gênero, mudanças na pirâmide social brasileira. Mas também de beleza, bem-estar, autoestima. Temas tão diversos quanto o próprio universo feminino. Cantamos juntas e choramos juntas em seis horas intensas e inspiradoras. E foi um homem, amigo recente e querido, quem melhor definiu o encontro. “Foi uma montanha-russa”, me disse ele ao final, com olhos marejados.

Ainda estou embarcada no meu carrinho, sentindo o frio na barriga das subidas e o medo das descidas em velocidade. Adoro essa sensação. A de ser uma mulher real, com medos, fraquezas e coragem para olhar bem de frente pra esses sentimentos.

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