Nu Kua - UMA MÃE CÓSMICA
"Deusa na mitologia da China que criou a humanidade.
Muito poderosa, metade humana e metade serpente. Ela é associada à chuva, poças
de àgua, lagoas, lagos e outros lugares onde as àguas param e são populadas por
criaturas Anfíbio e peixes.
Há cerca de seis ou sete mil anos havia um mito
universal de que todos os seres eram provenientes do Útero de uma Mãe Cósmica;
tal mito da criação universal teve lugar durante uma fase informe do mundo,
aonde nada podia ainda ser identificado.
Inicialmente cultuada na Índia, como
Kali, a Mãe Informe, recebeu depois o nome de Tiamat (Babilônia), Nu Kua
(China), Temut (Egito), Têmis (Grécia pré-helênica) e Tehom (Síria e Canaã)
--este último foi o termo usado mais tarde pelos escritores bíblicos para
Abismo." (...)
Assim era nos
primórdios..
"Há igualmente grandes evidências de que a espiritualidade, e
em particular a visão espiritual característica de sábios videntes, já foi
associada à mulher.
Nos registros arqueológicos mesopotâmicos
soubemos que Ishtar da Babilônia, sucessora de Innana, ainda era conhecida como
a Senhora da Visão, Aquela que Orienta os Oráculos, e a Profetisa de Kua.
As
tábuas babilônicas contêm numerosas referências a sacerdotisas que oferecem
conselhos proféticos nos santuários de Ishtar, algumas das quais são importantes
nos registros de eventos políticos.
Sabemos, através dos registros egípcios, que
a representação de uma naja era o sinal hieroglífico para a palavra Deusa e que
a naja era conhecida como o Olho, uzait, símbolo de compreensão e sabedoria
místicas.
A Deusa naja conhecida como Ua Zit era a deidade feminina do
baixo Egito (norte) em tempos pré-dinásticos. Posteriormente, tanto a Deusa
Hathor quanto Maat ainda eram conhecidas como o Olho.
O uraeus, uma serpente
empinada, é encontrada com freqüência sobre as frontes da realeza egípcia. Além
disso, um santuário profético, possivelmente sítio de um antigo santuário à
Deusa Ua Zit, elevava-se na cidade egípcia Per Uto, que os gregos chamavam Buto,
nome grego para a própria Deusa naja.
O famoso santuário
oracular de Delfos também se elevava em um sítio originalmente identificado com
o culto da Deusa.
E mesmo em épocas gregas clássicas, após ter
sido dominado pelo culto a Apolo, o oráculo ainda falava através dos lábios de
uma mulher.
Ela era uma sacerdotisa chamada Pítia, a qual se sentava sobre um
mocho trípode em tomo do qual havia uma serpente chamada Píton enroscada.
Lemos
ainda em Ésquilo que nesse templo, que era o mais sagrado, a Deusa era venerada
como a profetisa primeva.
Outra vez sugere-se
que mesmo na idade clássica grega a tradição de uma sociedade de parceria em
busca da revelação divina e da sabedoria profética através das mulheres ainda
não fora esquecida."
IN O Cálice e a Espade - Riane Eisler